VIRGEM DA ALEGRIA

Sê devoto de Maria Santíssima e serás certamente feliz

Essa frase de Dom Bosco, desperta-nos para uma correlação entre a devoção a Maria, Mãe de Jesus, e a felicidade.

Imagem: Santuário do pai das Misericórdias

Todavia, vejamos antes: O desejo de ser feliz é inerente ao ser humano, contudo, embora os benefícios terrenos possam nos proporcionar algum gozo, não são capazes de preencher o coração do homem. Por mais que uma pessoa realize seus sonhos e anseios, sempre será alguém parcialmente satisfeita e talvez, se refletir sobre isso, veja um sinal, um apontamento de que algo em sua origem, sua alma e essência está acima das realidades em que vivemos.

Ainda que o indivíduo não professe uma religião, mas se for afeito a busca real da verdade e não de justificativas a ideias que lhe convém e vieram prontas de outros, se quer respostas substanciais a questões da existência humana, acabará, uma hora ou outra, chegando a conclusão de que somente aquilo que é transcendente, elevará o ser para além das simples impressões do comum dos homens.

A filosofia grega já dizia que a maioria das pessoas vive para satisfazer a soma (carne). O homem moderno tem como objetivo conseguir o prazer: comida, carinho e sexo, reconhecimento e bens efêmeros. Fuja da dor e da fadiga, busque conforto e prazer! Poucos são aqueles que concluem que na transcendência de seus gestos e propósitos encontra-se uma felicidade superior. Esses valores transcendentes são aqueles em que a pessoa doa de si mesma sem esperar mérito, retribuição, reconhecimento, mas encontra sentido existencial apenas pela nobreza de fazer o bem ao outro.

E qualquer um pode experimentar a transcendência. Veja! Formar-se, profissionalizar-se, adquirir conhecimento, para ter uma profissão e sustento é justo e satisfatório. Porém, usar esse dom tendo como intenção principal o bem do outro e a satisfação de fazer bem feito, não só pelo benefício do pagamento, chega-se a um grau de realização, de contentamento consigo mesmo. Contudo, dispor-se a um bem maior, sem esperar recompensa seja financeira ou social, simplesmente porque se pode fazer o bem, é magnânimo, é nobre, é transcendente. Veja como os profissionais de saúde, que batalharam arduamente pela sua formação e que atuam nos países mais pobres, de forma voluntária, gratuita e incansável, em sua grande maioria não os veremos tendo questionamentos interiores sobre o sentido de suas próprias vidas ou crises existenciais. Quando a pessoa perdoa o outro, e quanto maior a injustiça sofrida, quanto maior for a exigência do nível desse perdão, mais o indivíduo que desculpou sente uma leveza e nobreza em seu coração, e isso traz também um certo contentamento consigo mesmo. Também que, a psicologia recomenda a quem traz a patologia da depressão que atue em algo voluntário e gratuito. Pois bem, até a ciência enxerga na generosidade um remédio para a alma!

Imagem: Cáritas Malásia

Tudo isso para dizer que qualquer pessoa, pela racionalidade, ou seja, ainda no nível da capacidade humana, pode perceber que a felicidade está na transcendência, portanto, nada tem a ver com a autossatisfação.

Ora, quanto mais o cristão deveria ter muito enraizada em si, essa concepção de que o alcance de sua felicidade virá pela transcendência, que é a doação de sua pessoa. Já dizia o Cristo: “Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir” (Lc 14,14). Perceba que este ensinamento de Jesus traz um tom de promessa e resulta como que um princípio, uma lei eterna, de que o bem feito sem retribuição tem como resultado a felicidade do benfeitor.

Aquilo que um não crente tem que se desdobrar para perceber na sua vida, para o cristão, Cristo já o designou, já deu um caminho referenciado. O modo de vida para o cristão é o da transcendência e está todo explicado, explicitado, demarcado e seus resultados, seus frutos são de felicidade já aqui neste mundo. Ainda, podemos dizer que a religião cristã dá sofisticação e refinamento a natureza humana, ao pensamento e a consciência da pessoa.

E onde a devoção a Maria entra nisto?

Para os cristãos, aqueles que buscam viver a própria vida ao modo de Cristo, Maria é a que atinge o mais alto grau de perfeição cristã. Maria é a Nossa Senhora, pois tem a realeza das virtudes, o mais alto grau de santidade, constituída por Deus e por dedicação dela própria. Maria foi transcendente em tudo e por isso foi feliz. Entre os vários títulos de Maria, temos Nossa Senhora da Alegria, foi ela quem atingiu também a mais alta perfeição do dom da alegria, não porque foi imune ao sofrimento, mas pelo motivo de ter compreendido o verdadeiro sentido de sua vida e assim poder gastar todas suas forças na realização de sua vocação.

A Palavra de Deus atesta como que o coração de Maria era preenchido de alegria. Na anunciação o anjo a felicita, convidando-a a alegria. “Alegra-te, Cheia de Graça” (Lc 1,28). Podemos identificar aqui, a alegria em primeiro lugar pelo chamado, nisso, aprendemos com Nossa Senhora que ter a coragem de atender ao chamado de Deus nos faz feliz, nos realiza.

Imagem: Comunidade Servas de Nossa senhora da Alegria

Contudo, uma maternidade no contexto em que ela vivia, seria arriscar sua reputação e até sua vida e a da criança, mas ela confia, uma confiança fácil e simples da parte dela. Maria nos ensina que a fé em Deus é motivo de alegria.

Ainda que tudo pareça impossível, improvável, difícil demais, tenha fé, confie! E seja mais simples, ou menos complicado, no sentido de simplesmente se entregar, não ficar a todo momento cobrando uma resposta do Senhor, apenas espere o resultado final, sem precisar se agarrar a seguranças no meio do caminho.

Mais à frente, no Evangelho, vemos Maria mesma, se declarando feliz, “meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isso, desde agora, me proclamarão feliz todas as gerações” (Lc 1,47-48). A alegria de Maria vem também do fato que Deus é seu único bem. Não importa perder todas as benesses terrenas, as materiais e as vindas do reconhecimento humano, a real alegria vem da união da alma com o Senhor, em se parecer cada dia mais com Deus. Nossa Mãe nos ensina exultar de alegria em Deus somente, “onde está o teu tesouro, lá também está teu coração” (Mt 6,21).

Imagem: Paula Dizaró

Outro ponto, intimamente ligado a este acima, foi, se fazer serva do Altíssimo. Ela já havia dito, “Eis aqui a serva do Senhor” (Lc 1,38). Os homens têm a impressão de que quanto mais importantes e mandatários se fazem, maiores serão, e para o mundo, esta é mesma a lógica vigente. Porém, no reino de Deus, maior é aquele que serve. “todo o que quiser tornar-se grande entre vós, seja o vosso servo; e todo o que entre vós quiser ser o primeiro, seja escravo de todos” (Mc 10,43-44). Enquanto para os homens, o que conta são as capacidades do indivíduo e o resultado que ele entrega, no Reino de Deus, não importa o potencial que a pessoa tem, nem o que humanamente pode produzir, importa é o amor com que esse indivíduo se doa para seus irmãos, ou seja, como Maria e Jesus se fazer servo dos outros, “não vim para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate de muitos” (Mt 20,28).

Mas a felicidade de Maria não se faz só de bons momentos. “Junto à cruz de Jesus estavam de pé, sua mãe…” (Jo 19, 25). Na hora mais cruenta e onde a força do mal parecia prevalecer, Nossa Senhora se mantém “de pé”. Quem encontra o sentido de sua existência em Deus, persevera até o fim.

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Os mais próximos de Jesus que debandaram, naquela hora, ficaram não somente tristes, mas perdidos e desconectados com o real significado e desígnio do Pai. Maria nos ensina que sofrer no Senhor e por Ele é o segredo dos fortes e alcançam a alegria ao fim, mas não somente, alcançam também a transcendência, a santidade.

Ser devoto é conhecer a vida do santo, para colocar seus exemplos de santidade, doação e transcendência em pratica também na nossa vida, é pedir sua intercessão e auxílio espiritual, para obtermos as graças de Deus.

Sê devoto de Maria e com certeza alcançarás na transcendência dos seus gestos a felicidade neste mundo e também a alegria da santidade e salvação.