Participe da Missa para os Jovens no Santuário do Pai das Misericórdias no 1º domingo do mês.
Posso começar esse texto levando a você uma recordação da minha infância? É que tenho para mim que a realidade divina torna-se mais próxima quando ela é trazida para a realidade humana. Foi assim que o maior mistério espiritual foi revelado, não é? Deus se fez homem.
O Espírito se fez carne e ficou, ao menos, um pouco mais visível, o que até então era somente esperado.
Enfim, recordo-me de que, quando eu era pequena, morava em um apartamento no qual eu dividia o quarto com minha irmã, em uma cidade que é extremamente quente. O quarto dos meus pais era ao lado, e toda a noite era assim: papai fazia uma vistoria no quarto, matava todos os pernilongos que tinham e éramos colocadas para dormir. No meio da noite – eu tenho alguns flashes na mente –, ele voltava, acendia a luz e, mais uma vez, livrava-nos dessas picadas. E eu sei que, algumas vezes, isso levava a noite toda.
Velar diz de cuidar, de proteger, de guardar…
De estar de vigia…
De cobrir com véu…
Convenhamos que, desde que o mundo foi criado, o homem, em sua inteligência – dom gratuito de Deus –, sabia que se vela aquilo que é sagrado, que é tesouro, que é especial. Recordemos, por exemplo, qual foi a primeira coisa guardada por Adão e Eva quando descobriram o mal: os seus corpos, obra perfeita do Pai, feita à Sua semelhança. Ou a esmerada proteção sobre o Santo dos Santos. E ainda, a Virgem Maria, em toda sua vida cuidada por Deus, por José, pelo Cristo, por João. E, por fim e não menos importante, eu e minha irmã, agraciadas com a vigilância do meu pai por nós.
Então, eu convido você a pensar: se nós humanos somos capazes de reconhecer os verdadeiros tesouros dignos de serem guardados e protegidos, quanto mais o Pai que está nos céus. Nós somos o Seu povo (Jr 30,22). Nós somos os Seus filhos (Rm 8,14-16). Nós somos a Sua obra “muito boa”
(Gn 1,31). E basta lermos a Palavra para encontrarmos as tantas evidências que Deus nos dá de que pertencemos a Ele, como em Mateus 23, quando se lamenta por não querermos ser cobertos como os pintinhos por debaixo das asas da galinha.
Tem noção disso? O Senhor se compara a uma galinha para tentar provar a mim e a você que Ele, constantemente, coloca-nos sob Sua vigilância.
E nada se compara a saber-se protegido por Aquele que é o único capaz de nos assegurar verdadeiramente. Eu não sei se você crê, mas eu quero lhe dizer como quem acredita nisso: nada nem ninguém, neste mundo, pode guardar um tesouro tão grande como você senão o Deus que o criou. Confie n’Ele e permita-se ser velado.
Eu amava que meu pai me protegia dos pernilongos! E, de verdade, que grande mal poderia me fazer uma picada? Mas não era sobre isso. Era sobre reconhecer-me como preciosidade para aquele que me formou junto de minha mãe. Hoje, eu amo ser cuidada pelo Pai, sei que sou tesouro em Seu coração. Ele me protege dos maiores males – do maior, que seria viver longe de Sua presença.
Antes de finalizar este texto, eu quero deixar aqui um convite: reze com o Salmo 120 (121) e creia: “O guarda de Israel não dorme. De dia, o sol não te fará mal; nem a lua durante a noite. Não, não há de dormir, nem adormecer, o guarda de Israel”.
.:Veja aqui Missa para os jovens no Santuário do Pai das Misericórdias
Catarina Xavier Santos
Comunidade Canção Nova