RELACIONAMENTO

Uma carta para Deus

“Papai do Céu”

Deus, eu não sei por onde começar, só sei que desejo conhecer mais sobre Você. Quando eu era ainda criança, falaram para mim, por várias vezes, que Você castiga quem faz coisas erradas. E isso eu aprendi. Por isso, tudo de mau que faziam comigo, eu entendia que era “Papai do Céu” me castigando porque eu era uma criança má. Algumas vezes, eu tentei ser boazinha, mas parece que não funcionava; e mesmo quando eu queria acertar, eu errava. Assim, fui me convencendo de que eu nunca iria Lhe agradar e ser a filha que Você queria que eu fosse. Assim, convencida da “minha maldade”, afastei-me de Você e preferi viver como órfã, embora, em algumas situações, eu tivesse a impressão de que Você me olhava do céu com um olhar duro e severo.

“Eu me vejo como uma criança desconfiada e tímida” | Foto: Daniel Mafra (cancaonova.com)

Quando cheguei à adolescência, veio também a minha revolta com Você. Eu me sentia tão infeliz, tão ruim, tão indesejada, que lhe perguntava por que você tinha me trazido ao mundo só para sofrer. Lembra, Deus? E foi assim durante muito tempo…

Até que eu descobri que Você não era um Pai duro, severo, nem que ficava o tempo inteiro apontando para meus erros. Haviam me enganado! É o contrário: Você é um Pai cuidadoso e amoroso, que, com certeza, chorou junto comigo em todos os momentos difíceis que eu vivi na minha infância e adolescência; cuidou de mim com amor e discrição. Eu não te enxerguei, mas você estava lá.

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Obrigada, Papai, por me amar e cuidar de mim mesmo quando eu não enxerguei Seu cuidado. Obrigada por me amar incondicionalmente não pelo que faço, mas porque sou Sua filha, Sua filhinha, a “menina dos Seus olhos”.

Como sabes, ainda não sou aquela filha que tem muita intimidade com Você, mas eu estou tentando me aproximar aos poucos. Por hora, eu me vejo como uma criança desconfiada e tímida que admira o Pai de longe, mas não tem coragem de se aproximar e demonstrar o amor por Ele. Sei que o processo é lento, mas progressivo.

O desejo do meu coração é, um dia, poder chegar e, com a liberdade de filha, e Lhe dizer: “Papai, me dê colo?”. No meu jardim secreto, que é meu coração, há coisas fora do lugar. Por isso, Papai, eu Lhe peço ajuda. Embala-me no Seu colo até eu me acalmar. Cura a criança assustada e ferida que há em mim. Ela só precisa do Seu colo.

Edcleide Campos
Jornalista e Missionária da Comunidade Canção Nova

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