Futuros padres da Canção Nova: Quando a esperança se torna real

Renné Santos de Sena Viana, 28 anos, é natural de Cabedelo na Paraíba. Desde a infância, sentiu forte o chamado ao sacerdócio que foi crescendo de maneira constante ao longo do tempo, uma vocação que soube esperar e confiar na Divina Providência. Nesse ano Jubilar, ele irá concretizar a esperança de toda uma vida.

A infância e o apostolado da oração

Quando criança, ele morava com seus pais, seu irmão e avós paternos. Foi neste momento que os traços da vocação começaram a surgir. Renné lembra: “Desde criança, comecei a ir para as missas com a minha avó, sem uma obrigação. Era algo que eu gostava. Nos primeiros momentos, isso foi crescendo dentro do meu coração de criança, e a vocação foi sendo formada. Ia para a missa e gostava de observar o padre em tudo que fazia. Em casa, gostava de brincar de celebrar a missa. Pegava as toalhas da minha avó, montava o altar, pegava o livro da Bíblia para ser o missal, tinha uma taça que fazia de cálice e brincava muito de celebrar missa vestindo as roupas do meu avô.

Renné com o irmão e seus pais – Foto: Arquivo pessoal

As coisas da Igreja sempre me chamaram muito a atenção. Minha avó participava do Apostolado da Oração e, em todas as reuniões, eu ia com ela. Via na missa as pessoas usarem a fita do Sagrado Coração de Jesus (a fita do apostolado) e, desde criança, brincava em casa usando a da minha avó, até que alguns membros do apostolado pegaram e fizeram uma fita para mim. Minha alegria era receber a fita do apostolado e usá-la em todas as missas que ia. Essa devoção faz parte da minha história.”

Renné criança com a roupa do Apostolado da Oração – Foto: Arquivo pessoal

O sapato do padre: cresce o desejo de ser sacerdote

Neste período da infância, quando as pessoas perguntavam o que queria ser quando crescesse, rapidamente ele respondia: “Padre!” Sobre esse tempo, Renné relembra:

“Essa resposta era muito sincera. Lembro-me de ter que responder essa pergunta muitas vezes, principalmente na Igreja, quando as pessoas me viam e já sabiam disso, mas faziam questão de perguntar para ouvir de mim. Percebo que, neste período, essas experiências nunca foram forçadas. Hoje, percebo a condução da Providência que já estava lá, guiando tudo.

Renné com outros seminaristas na Comunidade Canção Nova – Foto: Arquivo pessoal

Um fato marcante neste período foi a história do sapato do padre. Lembro que o meu pároco, na época padre Norberto, usava um sapato de veludo marrom com cadarço. Isso sempre me chamava a atenção na missa, e eu queria ter um sapato igual ao do padre. Quando chegou a oportunidade de ganhar um presente, eu queria um sapato igual ao do padre. Os meus pais me deram esse presente, e eu sempre ia para a missa com esse sapato, porque era igual ao do padre.

Em 2008, fiz a minha primeira comunhão e, a partir daquele dia, começou um engajamento maior no serviço da liturgia. Comecei a ser coroinha e praticamente todas as missas queria servir. A beleza da liturgia me chamava a atenção, e percebo, hoje, que a celebração da Santa Missa foi o grande lugar da minha descoberta vocacional. O amor pelo sacerdócio e o amor pela liturgia foram os primeiros momentos de despertar vocacional. Nesta época, o desejo de ser padre estava dentro de mim, mas não falava tanto como antes.”

Canção Nova e Batismo no Espírito Santo

Em 2010, Renné veio à Canção Nova pela primeira vez com uma excursão para o Hosana Brasil. Neste período, com apenas 14 anos, ele não imaginava que aquela viagem mudaria sua vida. Ele conta:

“Quando cheguei na Canção Nova, ouvi o Senhor falando ao meu coração: “Aqui é o seu lugar!”. Isso era algo muito estranho para mim. Não tinha experiência de Renovação Carismática; e eu só tinha ouvido falar que a Canção Nova existia porque tinha uma TV, mas eu nem imaginava o que era a Comunidade. Mas guardei essas palavras no coração, sem imaginar que eram palavras de Deus.

Na missa de encerramento daquele Hosana Brasil, padre Fabrício Andrade estava pregando e, depois da homilia, conduziu um momento de Batismo no Espírito. Naquele momento, fui batizado no Espírito e tudo mudou. Comecei a orar em línguas sem entender nada, mas, na verdade, naquele dia, eu estava conhecendo a vontade de Deus para mim. Enquanto muitos queriam ir embora, porque estavam na Canção Nova já há muitos dias, eu queria ficar.

Foto: Arquivo pessoal

Espera vocacional e crescimento na vida carismática

Em 2011, após a experiência do Batismo no Espírito, Renné decide escrever para o Vocacional da Canção Nova, mas como tinha somente 14 anos, não podia começar o caminho. Neste período, ele viu a necessidade de crescer na vida carismática e foi participar do Grupo de Oração Ponte da Luz.

“Era um grupo de oração que havia na minha paróquia. Eles se reuniam no salão paroquial na rua da minha casa, mas eu nunca tinha ido. Ali, cresci na vida carismática. Entrei no ministério de intercessão e, depois, de pregação. Fui formado naqueles anos. Só saí do grupo quando entrei para a Canção Nova.

Grupo de Oração Ponte de Luz – Foto: Arquivo pessoal

Caminho vocacional e ingresso na comunidade

Em 2012, com 16 anos, Renné escreve novamente para o Vocacional da Canção Nova. Embora ele soubesse que não poderia entrar para o vocacional porque não tinha 18 anos, escreve pedindo um acompanhamento por parte da comunidade, para que a sua vocação não se perdesse.

“Para minha surpresa, abriram uma exceção, e eu comecei o caminho vocacional no ano seguinte na casa de missão da Canção Nova em Natal (RN), com apenas 16 anos.

No início de 2013, fiz o meu redão (primeiro encontro vocacional da CN). Quando me perguntaram o que eu estava fazendo ali, como aconteceu o meu chamado, respondi sem medo: “Vim para o caminho vocacional porque Deus me chamou para ser padre na Canção Nova!”. Isso sempre foi muito claro para mim.

Renné com a sua turma de discipulado – Foto: arquivo pessoal

No dia 15 de janeiro de 2016, entrei para a Canção Nova. Fui morar no pré-discipulado em Lavrinhas. Em 24 de janeiro de 2017, cheguei em Queluz para viver o meu discipulado. Esse ano de discipulado mudou a minha vida. Foi aí que, de fato, descobri a beleza do Carisma Canção Nova e entendi o porquê de Deus ter me chamado para ser padre nessa comunidade.”

Ingresso no Seminário Canção Nova

Em 2018, Renné ingressa no seminário da Canção Nova, em Cachoeira Paulista, para cursar Filosofia na Faculdade Canção Nova. Em 2021, após ter acabado os estudos filosóficos, foi remanejado para Queluz novamente, para ajudar na equipe de formação nos novos discípulos daquele ano.

“Foi um dos melhores anos da minha vida de Canção Nova. Vi, naquela experiência missionária, o Carisma Canção Nova acontecendo na minha vida e na dos meus irmãos. Em 2022, voltei para Cachoeira Paulista para cursar Teologia.

Renné no período de Seminário na Canção Nova – Foto: Arquivo pessoal

Ordenação e lema presbiteral

Durante a Solenidade de São Pedro e São Paulo, no dia 29 de Junho de 2025,  Renné foi ordenado diácono temporário.

O lema dedicado para a ordenação presbiteral foi:

“E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, pois irás à frente do Senhor, preparando os seus caminhos” (Lc 1,76).

Sobre o discernimento dessa palavra, Renné conta: “A escolha deste lema se deu a partir de uma escuta ao Senhor na oração. Ao se aproximar o término dos estudos no seminário, comecei a perguntar ao Senhor sobre o lema da minha ordenação. Ao rezar as laudes, todos os dias, esse versículo me chamou a atenção. Rezamos esse trecho na liturgia das horas, mas, por um tempo, começou a se destacar esse pequeno versículo. Partilhando com o meu Diretor Espiritual, ele me falou: ‘Só o Senhor é capaz de tirar coisas novas de coisas com as quais temos contato todos os dias’. Naquele momento, entendi que era uma confirmação. Consegui ver toda a minha vida nesse simples versículo. Acredito que há muito a se descobrir disso ainda.”

Sacerdotes da Esperança! Os diáconos Renné Vianna, Junio Moreira e Ângelo Germano na véspera de sua Ordenação Presbiterial 2025. Acompanhe ao vivo, domingo, 07/12, às 09h30, direto do Santuário.

Comunicação Santuário do Pai das Misericórdias
Magda Ishikawa Florêncio