Devoção

Mensagem de Fátima: O apelo à consideração da vida eterna

Mensagem que Deus enviou ao mundo por meio da Santíssima Virgem

De acordo com a sessão temática, com base na obra intitulada “Apelos da Mensagem de Fátima”, da serva de Deus Ir. Lúcia, que o Santuário do Pai das Misericórdias está oferecendo aos peregrinos, por ocasião da Devoção Reparadora dos Cinco Primeiros Sábados, “O apelo à consideração da vida eterna” (décimo segundo da sequência), será o próximo a ser meditado.

 

Para explicitá-lo, a Ir. Lúcia parte da seguinte afirmação: “Todos nós ambicionamos conservar a vida temporal que passa com os dias, os anos, os trabalhos, as alegrias, as penas e as dores. Mas quão pouco nos preocupamos com a vida eterna! E, no entanto, essa é a única, verdadeiramente e decisiva que perdura para sempre” (IRMÃ LÚCIA, 2007, p. 138). Assim sendo, fundamenta-se nas Sagradas Escrituras para afirmar que, a participação do homem na eternidade comporta duas realidades bem distintas, isto é, o céu e o inferno, de acordo as seguintes perícopes:

“Então o rei dirá aos da direita: Vinde, benditos de meu Pai, para herdar o reino preparado para vós desde a criação do mundo […]. Depois dirá aos da esquerda: Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno preparado para o Diabo e seus anjos” (Mt 25, 34.41); “E estando o rico nos tormentos do inferno, levantou os olhos e viu, ao longe, Abraão e Lázaro no seu seio. Gritou, então: Pai Abraão, compadece-te de mim […], pois sou cruelmente atormentado nestas chamas” (Lc 16, 23-24). A parábola da rede jogada ao mar pelos pescadores, que recolhem peixes de toda espécie e depois os selecionam, é destacada de maneira peculiar dado que, Jesus a conclui referindo-se à ressurreição final da seguinte maneira: “Assim será no fim do mundo: os anjos virão separar os maus do meio dos justos e os arrojarão na fornalha, onde haverá choro e ranger de dentes” (Mt 13, 49-50). Por meio da Palavra de Deus, a Ir. Lúcia recorda que, cada homem terá o destino eterno conforme merecerem suas obras. 

:: Por que são 5 primeiros sábados?

Logo, aduz à Mensagem que Deus enviou ao mundo por meio da Santíssima Virgem em Fátima que, já em Sua primeira aparição no dia 13 de maio de 1917, em Fátima, após ter sido interrogada pela própria Lúcia, afirma ser do Céu e que também para lá a levaria, assim como os primos, repetindo essa promessa na seguinte aparição de junho (1917). Contudo, é na aparição de julho (1917) que Nossa Senhora mostra o inferno às três crianças, com o fim de assegurar que é para lá que vão as almas dos pecadores: “Vistes o inferno para onde vão as almas dos pobres pecadores; para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção a Meu Imaculado Coração. Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz” (IRMÃ LÚCIA, 2015, p.177). 

Pode-se constatar que, como na aparição de junho, também na de julho Deus oferece a devoção ao Coração Imaculado de Maria, como via segura para alcançar a vida eterna e a paz. A considerável expressão da Virgem Maria – “Se fizerem o que Eu vos disser” – remete, sobretudo, à obediência à vontade de Deus como caminho seguro para a eternidade, conforme exprime a Mensagem de Fátima em sua completude. Entretanto, esta obediência traduz-se num convite à conversão por meio da oração, da penitência e da reparação, para que assim fortalecido, o gênero humano seja capaz de viver o Evangelho de Jesus Cristo. Na aparição de agosto (1917), também se pode verificar a preocupação da Santíssima Virgem com a salvação do homem que, com frequência faz opção pelo pecado, quando Ela diz: “Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios por os pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas” (IRMÃ LÚCIA, 2015, p.179).

Peregrinos em Fátima | Foto: Arquivo CN

Então, pode-se observar a profunda consonância da Mensagem de Fátima com o Evangelho que mostra o Senhor Jesus iniciando o Seu ministério convidando à penitência e à conversão (Mc 1,15). 

Considerando Nossa Senhora como modelo e auxílio para alcançar a santidade e para vencer o pecado enquanto se peregrina neste mundo rumo à pátria eterna, o Magistério eclesial por meio da Constituição dogmática sobre a Igreja do Concílio Vaticano II afirma:

“Ao passo que, na Santíssima Virgem, a Igreja alcançou já aquela perfeição sem mancha nem ruga que lhe é própria (Ef. 5,27), os fiéis ainda têm de trabalhar por vencer o pecado e crescer na santidade; e por isso levantam os olhos para Maria, que brilha como modelo de virtudes sobre toda a família dos eleitos” (LUMEN GENTIUM, 65).

Nessa perspectiva, destaca-se o Seu grande mandamento: “Fazei o que Ele vos disser” (Jo 2,5), visto que, no decurso dos séculos tem ajudado a humanidade a compreender que “na realidade, o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente” (GAUDIUM ET SPES, 22). Em suma, a Igreja ressalta o Seu sublime papel na história da salvação ao afirmar que “o Pai das misericórdias quis que a aceitação, por parte da que Ele predestinara para Mãe, precedesse a encarnação, para que, assim como uma mulher contribuiu para a morte, também outra mulher contribuísse para a vida” (LUMEN GENTIUM, 56). 

:: Como surgiu esta devoção?

Para um maior aprofundamento dessa relevante temática, no próximo dia 04 de janeiro de 2020, “O apelo à consideração da vida eterna” será o tema abordado na Devoção Reparadora dos Cinco Primeiros Sábados, no Santuário do Pai das Misericórdias, com início às 10h.

Tendo em conta que a Virgem Maria quer infundir em nós o desejo de Céu, neste tempo de Natal, peçamos a Ela que, sobretudo, plasme no nossos coração o Seu Cristo Jesus.

Áurea Maria,

Comunidade Canção Nova

REFERÊNCIAS

CONSTITUIÇÃO PASTORAL Gaudium et Spes sobre a Igreja no mundo atual. In: COMPÊNDIO DO VATICANO II: constituições, decretos, declarações. 31. ed. Petrópolis: Vozes, 2016. p.141-256.

CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA Lumen Gentium sobre a Igreja. In: COMPÊNDIO DO VATICANO II: constituições, decretos, declarações. 31. ed. Petrópolis: Vozes, 2016. p. 37-117.

IRMÃ LÚCIA. Apelos da Mensagem de Fátima. 4. ed. Fátima – Portugal: Secretariado dos Pastorinhos, 2007.

IRMÃ LÚCIA. Memórias da Irmã Lúcia. 17. ed. Fátima – Portugal: Fundação Francisco e Jacinta Marto, 2015.

SCHOKEL, Luís Alonso. Bíblia do Peregrino. Tradução de Ivo Storniolo, José Bortolini e José Raimundo Vidigal. São Paulo: Paulus, 2002.

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