Cristo, a sabedoria eterna
Há um ensinamento de São Paulo nas Sagradas Escrituras que chama a atenção pela força de seu significado. Está lá em I Coríntios 1,22-25 e diz assim: “Os judeus pedem milagres, os gregos reclamam a sabedoria, mas nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos. Mas para os eleitos – quer judeus, quer gregos –, força de Deus e sabedoria de Deus. Pois a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens”.
Paulo está afirmando categoricamente que o conhecimento de Deus é o mais importante neste mundo e que, inclusive, é o verdadeiro conhecimento de onde tudo o mais deriva. Obviamente, se essa afirmação já causava espanto naquele tempo, hoje muito mais. O conhecimento científico avançou significativa e maravilhosamente, não há dúvidas, mas, ainda assim, o que Paulo diz continua sendo verdadeiro. E Jesus também já havia dito algo que também condiz com esse ensinamento. Ele disse: “Pois que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua vida?” (Mc 8,36) Parafraseando a Jesus: Que vale todo o conhecimento do mundo, do universo, da ciência, se vier a perder a vida eterna?
A espantosa grandeza do Universo
A intelectualidade humana foi capaz de desenvolver ciência e tecnologia com o passar do tempo, e chegou a descobertas incríveis do que é o próprio Universo, seja ele no nível microscópico: células, enzimas, microrganismos; seja no nível cosmológico: estrelas, planetas e galáxias. E tudo é admiravelmente espantoso, maravilhoso. Inclusive, vale ressaltar que a Igreja Católica sempre esteve na vanguarda das descobertas científicas. Grandes cientistas e teóricos físicos foram sacerdotes e leigos católicos. Por exemplo, o Padre Jesuíta Belga Georges Lemaître, criador da teoria do Big Bang, que é, até hoje, a teoria mais aceita na comunidade científica sobre a origem do Universo. Mas, voltando às descobertas científicas, calcula-se que o Universo tenha a idade de 13,8 bilhões aproximadamente. É muito tempo, não é? A idade da Terra é de cerca de 4,5 bilhões de anos, e a humanidade está aqui só há cerca de 200 mil anos. Se considerarmos o tempo do Universo, somos só um piscar de olhos. E se colocarmos o tempo de vida de uma pessoa, então, só podemos dizer: somos muito breves. E o que isso tem a ver com a sabedoria e com o ensinamento de São Paulo?
Não somos deste mundo, nosso lugar é o céu
Toda essa grandiosidade da criação deveria nos lembrar que nossa vida neste mundo é passageira. Todas as alegrias, conquistas, realizações, sucessos e riquezas deste mundo passam ligeiramente. Assim também as dores, as tristezas, o sofrimento. Tudo passa.
Hoje, a Igreja celebra um santo e doutor que, dotado de capacidade intelectual ímpar, parafraseou São Paulo ao dizer: “Eis a fonte de meus conhecimentos. Estudo Jesus, e Jesus crucificado!” São Boaventura. Ele entendeu que a sabedoria que importa é o conhecimento de Cristo, e dedicou sua vida a isso. Pela meditação, pela oração, pelos estudos teológicos, entendeu que só Cristo é a verdadeira riqueza, o verdadeiro tesouro que vale a pena ser descoberto.
Feitos para a eternidade
A eternidade é também o nosso lugar. Demore o tempo que demorar, séculos, milênios ou bilhões de anos, tudo passará e, um dia, estaremos diante de Deus, o eterno, que nos julgará não pelo conhecimento que adquirimos ou produzimos, nos julgará pelo amor, pela misericórdia que praticamos, pelo bem que fizemos por amor a Cristo e aos que estiveram ao nosso lado no breve tempo que estivemos neste mundo.
Que São Boaventura interceda por nós para que busquemos o essencial, o eterno.
Seu irmão,