Especial ‘Tudo deixei por Ti’
Ordenação 2024
Parte 4
Nos episódios 7 e 8, José Márcio conta como foi a busca para encontrar o lugar onde Deus o queria, até a descoberta da Comunidade Canção Nova
07 – O Chamado
Depois de todo esse movimento do chamado ao sacerdócio de maneira mais forte, veio a dúvida: Onde? Onde será isso? Eu estava em Recife, e lá nós temos um grande seminário arquidiocesano, mas eu não me sentia atraído para essa vida diocesana.
Padre Marivaldo foi essa peça fundamental, pois foi me ajudando, dizendo de tal lugar e tal lugar. Num determinado momento, ele falou da Canção Nova. Foi como se tivesse desbloqueado uma coisa dentro de mim. Eu conheci a Canção Nova na minha adolescência; quando eu conheci a Renovação, eu conheci, ao mesmo tempo, a Canção Nova.
Eu vivi a experiência do batismo no Espírito com a Canção Nova, lendo os livros do padre Jonas. Eu ficava, na frente da televisão, esperando o momento da oração pós-pregação, quando se pedia o batismo e a oração carismática com o uso dos dons. Isso sempre me atraiu. A vida carismática sempre foi o que me atraiu para a Canção Nova. Quando o padre Marivaldo falou: “E a Canção Nova?”, aquilo desbloqueou dentro de mim: É isso, esse é o estilo de vida que eu sempre vivi!
O estilo da Canção Nova era o estilo que eu vivia na paróquia com o grupo de jovens. O nosso grupo de jovens, mesmo não sendo ligado à Renovação Carismática oficialmente, era carismático. Então, comecei a dar passos, a procurar saber como é entrar para Canção Nova.
Entrei em contato com a missão de Cachoeira Paulista, que é a Casa Mãe, a sede, e expliquei, falei para eles o que eu estava vivendo. Eles me pediram para procurar Gravatá, a casa de missão mais perto de Recife para que eles me direcionassem. Assim eu fiz.
Eu fui lá, participei de um acampamento de final de semana. Lembro que quem estava lá era o Padre Roger Luís e a Eliana Ribeiro. Lá, eu já fui me informando sobre o vocacional – isso era, mais ou menos, no mês de novembro, e eles me inscreveram para o Redão no ano seguinte, 2012. Fiz o Redão e já iniciei o Caminho Vocacional 2012 e 2013, e entrei para comunidade em janeiro de 2014.
08 – Canção Nova
O missionário José Márcio conta sobre seu caminho vocacional, o ingresso na Canção Nova e como foram seus primeiros anos vivendo em comunidade como consagrado.
Eu me lembro que cheguei em Gravatá e encontrei um casal de segundo elo. Falei para eles: eu quero ser padre aqui nessa comunidade”. Eles deram risada. Depois, eu entendi por que eles riram, porque há todo um processo, um caminho formativo até chegar no seminário.
Até entrar no seminário, eu vivi todo esse caminho e toda essa espera, esse tempo também de purificação da vocação, do chamado etc. Entrei para o caminho e fiz os dois anos. Em Lavrinhas, vivi o meu primeiro ano de pré-discipulado. Depois, no segundo ano, o discipulado em Queluz (SP), na Casa de Maria, o Santuário do Carisma. O próximo ano seria o primeiro ano de júnior, que, teoricamente, seria o primeiro ano do seminário. Teoricamente, porque não foi o que aconteceu.
No final do meu discipulado, meu mestre, padre Aluísio, falou para mim: “Olha, você não vai para o seminário. Você vai morar numa casa de solteiros. Você vai conviver com eles, com a comunidade, e você vai para um setor de trabalho, vai trabalhar nas obras sociais da Canção Nova”. E eu fui trabalhar no CAC, na Companhia de Artes e na Casa do Bom Samaritano. E o padre continuou: “Você vai como psicólogo, é a sua profissão. Você vai exercer isso lá e vai morar na casa de solteiros. No meio do ano, a gente vê, e você verifica essa questão do chamado ao sacerdócio, procura as pessoas que são responsáveis por isso”.
Foi um banho de água fria em mim, banho de água fria. Eu lembro que a minha avó, que é costureira, já havia feito a minha túnica, a túnica que eu iria usar no seminário. Ela já estava me esperando em casa quando eu fosse de férias. Mas eu recebi aquela notícia do padre Aluísio como uma facada, e fiquei muito irritado, revoltado, e falei coisas para o padre que eu acho que não deveria ter falado. Mas, depois, eu pensei que deveria mesmo ter falado, porque foi bom, eu vivi o princípio da partilha e transparência. Não escondi nada do que eu tinha para falar. E fui para o meu primeiro ano de júnior.
Hoje, eu digo para você que o meu primeiro ano de júnior foi um dos meus melhores anos na comunidade, porque foi a oportunidade que eu tive de mergulhar na comunidade. Lá em Queluz, eu conheci o carisma, experimentei algumas coisas do carisma, alguns princípios. Vivi algumas coisas com os irmãos, com a equipe. Mas, no meu primeiro ano de júnior, eu tomei um banho, de corpo e alma, do carisma Canção Nova.
Eu vim morar numa casa de solteiros que tinha de tudo! Irmãos que namoravam, irmãos que eram celibatários, um irmão que estava terminando o namoro porque queria ser celibatário, tinha irmão que ia casar e outro que era noivo. Eu cantei em noivado, eu trabalhei em casamento, eu vi irmãos terminarem o namoro, depois reativar um namoro, reconciliar-se e voltar a namorar.
Eu vi um irmão terminar o namoro porque queria abraçar o celibato. Então, eu saí totalmente de mim, nem passava em frente ao seminário da Canção Nova para não ficar “mexendo” nessas coisas que não eram tempo. Foi um tempo muito frutífero! Foi bem doloroso, mas eu senti que a comunidade me abraçou, os irmãos de todos os estados de vida me abraçaram. E eu pude viver, naquele ano, aquilo que Deus tinha para mim.
Fui trabalhar nas obras sociais como psicólogo. Conheci a cidade de Cachoeira Paulista (SP), os moradores de Cachoeira Paulista, fui em lugares que eu nunca imaginei que iria. Trabalhei com a assistente social, com os órgãos próprios de Cachoeira, o CAPS e o CRAS. Trabalhei como coordenador pedagógico. Era um trabalho que me completava, e eu estava exercendo a minha profissão, mas como missionário, com todo o tempero da vida missionária.
Comunicação Santuário do Pai das Misericórdias