Encontrei minha vocação com Teresinha, padroeira dos missionários

Tássio, seminarista e missionário da Comunidade Canção Nova, relata como Santa Teresinha o levou à realização de sua vocação

Hoje, festejamos a memória da padroeira dos missionários, Santa Terezinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, virgem e doutora da Igreja. Em seu leito de morte, com apenas 24 anos, Santa Teresinha do Menino Jesus disse suas últimas palavras: “Oh!…amo-O. Deus meu,…amo-Vos!”. Após a sua morte, aconteceu a publicação de seus escritos, os quais se tornaram mundialmente reconhecidos. Assim realizou a sua promessa de espalhar uma chuva de rosas, de milagres e de graças de todo o gênero. Sua beatificação aconteceu em 1923; e foi canonizada por Pio XI em 1925, que a chamava de “uma palavra de Deus”.

Crédito Leonardo Sasseron GettyImages

O missionário e seminarista da Comunidade Canção Nova Tássio Oliveira, natural de João Pessoa, Paraíba, descreve como Santa Teresinha conduziu sua vocação. Tássio relembra que já sentia, no seu coração, o chamado para a vida missionária e ao sacerdócio, também o chamado à Comunidade Canção Nova, porém, somente 10 anos depois, com o auxílio de Teresinha, é que ele consegue responder à voz de Deus que o chamava. Tássio fez a leitura do livro ‘História de uma alma’, que são os relatos de Teresinha, e foi nesse momento que as intuições que ele já trazia no coração são renovadas e iluminadas. 

“Começo dizendo que a primeira vez que eu tive um contato mais profundo com Santa Teresinha, foi uma experiência de encontro pessoal, e acredito que isso também pode ser utilizado para os nossos amigos. Grandes amigos marcam de tal forma a nossa vida, que a gente se lembra até quando se encontrou e teve uma experiência forte. Esse primeiro contato mais forte foi através do livro ‘História de uma Alma’. Eu o li quando tinha 18 anos, e eu estava na faculdade de Direito. Aquele livro representou – e até hoje eu o tenho como referência – um dos livros que mais marcou a minha vida e representou uma mudança completa no meu relacionamento com Deus.

À medida que eu lia, tudo foi me tocando: o modo como ela descreve de forma tão familiar o amor de Deus, o amor pela família com os pais, as irmãs, os irmãozinhos que ela perdeu; depois, já na vida religiosa, a vida comunitária, ela falava com simplicidade desse amor misericordioso de Deus; o seu processo de conversão, o sentido que tinha de missão, de sacrificar-se, colocar a vida dela pela salvação das almas, sobretudo dos padres, dos missionários. Era como se eu estivesse lendo uma carta de alguém muito próxima, ou até mesmo se eu tivesse frente a frente ouvindo ela falar aquilo tudo para mim. Teresinha me ajudou a relembrar as intuições e tornou ainda mais forte o meu chamado.”

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Uma parte que se destacou para Tássio foi quando Teresinha começou a narrar que assumiu os irmãos espirituais, os missionários e seminaristas. Tássio relembra: 

“Depois eu tive contato com as cartas que ela escreveu para esses irmãos seminaristas e, depois, missionários, era como se ela estivesse escrevendo realmente para mim. Sentia que era muito mais do que uma devoção distante, era algo muito próximo. Eu não sabia nem explicar. O meu relacionamento com Deus mudou completamente. Parece que tudo ficou mais simples, o próprio nome da misericórdia de Deus, ouvir falar da misericórdia d’Ele, ler sobre a Sua misericórdia.

No meu dia a dia, o relacionamento com os irmãos, na faculdade, mudou e simplificou. Foi como um processo de simplificação do meu relacionamento com Deus e com os irmãos. Teresinha trouxe isso para mim, a tal ponto que, terminando de ler o livro dela, principalmente naquele momento em que ela, já sendo carmelita, no seu desejo de ser tudo, de querer ser missionária, queria ser mártir, queria ser padre, evangelizar todos e de todos os tempos, ela inflamou de tal modo meu coração, que eu terminei a leitura do livro e pedi ao Senhor também que Ele falasse sobre a minha vocação. Pedi uma resposta do Senhor sobre a minha vocação.

Eu também queria, assim como Teresa, encontrar o meu lugar na Igreja. Era essa a minha oração: ‘Senhor, qual é o meu lugar na Igreja?’ No meu coração, como eu falei, já havia um chamado a ser sacerdote na Canção Nova, como missionário. Mas eu esperava, sentia que o Senhor queria me marcar de modo ainda mais íntimo e pessoal. Ele mesmo me provocou a fazer essa oração por meio de Santa Teresinha. Senhor, qual o meu lugar na Igreja? Qual é a minha vocação? Qual é a minha missão? 

Eu estava lendo no meu quarto, depois me direcionei para sala da minha casa e me coloquei diante do quadro de Jesus Misericordioso. Lá, eu fiz essa minha oração e eu pedi uma resposta. A resposta que o Senhor me deu foi através do Magnificat, a palavra da minha vocação, o Evangelho segundo Lucas. Ali, no Magnificat, por uma intuição, o Senhor realmente me fez entender a minha vocação na Canção Nova. Eu vi, ali, como que por um uma fração de segundos, o que seria o Carisma Canção Nova. O Senhor me fez entender, realmente, que a minha vocação era a Canção Nova.

Foto: Bruno Marques

Assim como Maria, que partiu apressadamente, com Jesus  já no seu ventre, para levar aquela experiência no Espírito Santo à prima Isabel e João Batista, tudo aquilo representa o Magnificat, o canto da misericórdia. A Virgem Maria que exalta as maravilhas de Deus, enfim, uma série de situações que, depois, já na Canção Nova, vim saber que falava do Carisma Canção Nova. Mas Deus, por intercessão de Santa Teresinha, indicou-me o meu lugar na Igreja. Indicou esse sair para evangelizar, como Nossa Senhora sai para levar a todos a experiência do encontro na pessoa com Jesus e no poder do Espírito. Logo depois de ler  ‘História de uma alma’, o Senhor quis falar comigo.

Eu levo isso para sempre comigo, porque ele se utilizou dessa grande amiga, dessa Doutora da Igreja, padroeira dos missionários, para me falar qual era o meu lugar na Igreja.

Uma curiosidade é que, dois anos depois de eu ter lido esse livro, eu ainda estava na faculdade de Direito. Eu entrei na Ordem Terceira do Carmo em João Pessoa. Fui Carmelita, fiz a profissão religiosa, fui Carmelita durante uns sete anos até eu entrar na Canção Nova. Nossa Senhora do Carmo me preparou também para essa vida missionária. Teresinha também esteve muito próxima até por esses vínculos espirituais de vida religiosa, preparou-me para o que eu sou hoje, para missão que o Senhor me confiou e está me confiando também no amanhã.

Outra curiosidade é que, na faculdade de Direito, há a prova da OAB. Eu nunca tive uma devoção de fazer novena – não que eu seja contra, mas é porque eu acabo esquecendo mesmo os dias de novena, então a minha intimidade com Santa Teresinha era de uma conversa mesmo. Era um detalhe ou outro que ela se fazia lembrar, ou que eu rezava e pedia algum conselho. Mas, naquele momento, veio-me como uma inspiração fazer uma novena a Santa Teresinha.

Lembro como hoje: ‘Está bem, eu vou fazer uma novena Santa Teresinha’. E a gente sabe que há o símbolo de ganhar uma rosa. Eu pensando: ‘É meio improvável para um homem ganhar uma rosa, não é tão comum. Mas tudo bem, vou fazer!’.

Foto: Larissa Ramos de Carvalho Ferreira

Fiz a novena e, bem no finalzinho dela, eu ganhei a rosa e fui fazer a prova da OAB. Passei na primeira fase. Na segunda fase, que é uma prova escrita – são cinco horas de prova –, fiz a experiência de começar a ler a peça processual. Ao lê-la, não conseguia encontrar nenhuma resposta, não conseguia identificar o que era; e se você não acertar qual o tema principal, você não passa na prova, porque já vale nota seis, a nota mínima para passar na prova. E eu não conseguia sair dali. Fiquei nisso umas três horas, num branco, tentando achar algum tipo de resposta.

Quatro horas e nada! Lembro que já tinha saído boa parte das pessoas da sala. E me veio uma luz, lembrei da rosa que tinha recebido, uma iluminação dizendo assim, você vai passar. Você vai passar, então, escreva. Eu preciso ter fé, preciso confiar. A partir daquele momento, aquilo que eu tinha estudado veio de modo tão ordenado, escrevi com tamanha clareza, e nem tive tempo para ler novamente. Em uma hora e pouco, fiz toda prova e nem deu tempo de reler. Por graça de Deus realmente, saiu o resultado, passei na prova da OAB e sou advogado. Para mostrar que até na minha profissão, em tudo que se toca de vocação, dos desígnios de Deus para encontrar a minha missão, Santa Teresinha é muito presente. 

Ano passado, eu partilhei um pouquinho com minha casa comunitária, no seminário, justamente sobre essa influência de Teresinha na minha vida e como o livro ‘História de uma alma’ me marcou. Isso antes de saber que as relíquias dela viriam para Canção Nova. E qual foi minha surpresa quando eu soube! Eu já estava na oração torcendo, quando soube que ela viria para o Santuário, e fiquei muito feliz. Coloquei-me nessa expectativa, mas recebi o remanejamento para Portugal.

De um modo surpreendente, depois de ter, ali, feito essa homenagem a Teresinha no ano passado, faltando poucos dias para as relíquias dela chegarem na Canção Nova, acabei não podendo estar presente. Mas, de modo concreto, estou sendo enviado em missão. Vejo como uma grande providência do Senhor ir preparando já o meu coração para essa abertura à missão a terras estrangeiras, a Europa. A Europa é onde Teresinha começou a espalhar o seu perfume, onde ela começou a espalhar a Pequena Via.

Fiz concretizar toda a vontade do bom Deus, estarei lá no continente de Teresinha e conto com a intercessão dela para essa nova etapa. Essa nova etapa de estar no lugar que o Senhor escolheu para mim, assumir a minha missão, o meu lugar na Igreja.”

 

Comunicação Santuário do Pai das Misericórdias
Magda Ishikawa Florêncio

 

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