A ressurreição de Cristo deve ser anunciada por todo cristão

Homilia de domingo, reflexão para semana. Padre Márcio Prado faz um breve comentário sobre a ressurreição de Cristo

Queridos filhos e filhas do Pai das Misericórdias, Jesus ressuscitou! Ele vive! É vencedor e n’Ele somos vencedores e fomos ressuscitados. Vamos fazer festa, Jesus Cristo, após uma jornada difícil, sofrida, marcada por alegrias e tristezas, por acolhimento e rejeição, por seguimento e abandono dos discípulos e do povo, viveu o ápice do amor por Sua Paixão.

A Paixão do Senhor, expressa por palavras e atos, pela doação total na cruz, não se encerrou ali, mas Ele ressuscitou. “A Ressurreição de Jesus é a verdade culminante da nossa fé em Cristo, crida e vivida como verdade central pela primeira comunidade cristã, transmitida pela Tradição, estabelecida pelos documentos do Novo Testamento, juntamente com a cruz pregada como parte essencial do Mistério Pascal” (CIC § 638).

A primeira comunidade cristã prezava, cuidava, anunciava a Boa Notícia da Morte e Ressurreição do Senhor Jesus. A Ressurreição é essencial no Cristianismo, senão nada teria sentido, por tudo o que se faz, por todas as festas, toda liturgia, por todos os documentos e as obras de caridade. Enfim, a vida só tem sentido por causa do dom da Ressurreição.

Nesse sentido, São Paulo testemunhava uma tradição da Ressurreição (cf. CIC § 639) “Eu vos transmiti o que eu recebi do Senhor: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia. Ele apareceu a Cefas e, depois, ao doze apóstolos (1Cor 15,3-4). Na primeira leitura deste Domingo da Páscoa, o livro dos Atos dos Apóstolos (10,34a.37-43) mostrou-nos isso pela pregação de Pedro, o apóstolo deixou isso claro. Primeiro, ouvimos alguém (Pedro, o pescador), cheio de altos e baixos, tornar-se um pregador, tendo como mensagem essencial a Ressurreição de Jesus. “Essa é a nossa fé, que da Igreja recebemos e professamos” (ritual do batismo).

A Igreja não por méritos, mas por graça divina, recebeu essa grande responsabilidade e missão de testemunhar a ressurreição. De tempos em tempos, de hora em hora, o ser humano passa por crises, por desafios e, hoje em dia, por uma crise de sentido ou sem sentido na vida. O remédio para o “sem sentido” é Deus, é o dom da Ressurreição de Jesus, pois quem está em Cristo “é uma nova criatura” (2Cor 5,17), se ressuscitou com Cristo, a vida tem sentido e a meta é buscar as coisas do Alto (Cl 3,1 – 2ª leitura deste domingo).

Buscar as coisas do alto significa não ficar parado. Por mais complicada que seja a situação, deve-se recordar e reviver a Ressurreição do Senhor e, na força do Ressuscitado, prosseguir. Está doente fisicamente e não melhora? Vá ao médico. Doente espiritualmente? Busque ajuda com um sacerdote, uma religiosa ou um agente de pastoral. Está desempregado? Vá distribuir currículo, vá ter contatos com as pessoas. A bebida e a droga estão atrapalhando sua convivência? Pare de beber, pare de se drogar, tenha coragem de romper, de buscar a pureza do corpo e da alma.

Deu para entender que ser cristão e viver a Ressurreição significa caminhar e não desistir, significa ser uma pessoa melhor e romper com aquilo que não constrói? Hoje, no Evangelho (Jo 20,1-9), uma mulher, Maria Madalena, foi em busca do sentido de sua vida, Jesus no sepulcro. Mas ela viu que o lugar estava vazio e, às pressas, anunciou aos discípulos, os quais viram e acreditaram. Acreditaram no sepulcro vazio? Não, os discípulos viram e acreditaram na Ressurreição de Jesus, relembraram as palavras do Cristo: “Ao terceiro dia ressuscitarei”. Os seguidores de Jesus, que se tornaram apóstolos, tinham motivos para parar e voltar à vida velha. Porém, o dom da Ressurreição os impulsionava.

Portanto, neste dia feliz, na festa do Ressuscitado, da minha e da sua ressurreição, acolhamos o testemunho daqueles que nos antecederam, os apóstolos, santos e santas que guardaram e nos transmitiram a fé pascal, essência do Cristianismo. E assim vivamos na esperança de também termos uma morada eterna e um corpo glorioso. Não é a morte que tem a última palavra, não é a derrota que vai nos fazer desistir, pois o nosso olhar está n’Aquele que morreu e ressuscitou. Há um ditado que diz: “Só não tem jeito para morte”. Na verdade, não tinha, pois Jesus deu um jeito também nela e ressuscitou.

Padre Márcio Prado
Vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias

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