Amemos o próximo como Deus nos amou

Amemos o próximo como Deus nos amou

Mons. Jonas Abib
Foto: Bruno Marques/cancaonova.com

Na primeira leitura, vemos o que aconteceu com Matias. Pedro explica que era preciso ocupar o lugar de Judas, e traz para isso uma profecia de Davi, propondo aos demais apóstolos a escolha.

Eles apontaram entre todos os que podiam ocupar aquele lugar, José, chamado Justo, e Matias. E é muito interessante que, após fazer uma forte oração, pedindo que Deus mesmo escolhesse aquele que Ele tinha em seu coração, os apóstolos tiraram a sorte.

Deus nos escolheu, e pede que amemos o próximo como Ele nos amou, para que possamos colher frutos

Embora houvesse José, chamado Justo, o coração de Deus escolheu Matias. Os Atos dos Apóstolos só dizem isso a respeito de Matias, mas Dom Odilo Scherer, disse, ao final da Assembleia Geral da CNBB, que foi a Alemanha, a pedido do bispo de lá, para uma grande festa. Dom Odilo nos contava que, lá na Catedral da Alemanha, está o crânio de Matias, e que foi Santa Helena que o levou para a Igreja. Deus quis que a cabeça dele se conservasse, pois a cabeça de Matias não era dele, mas era a cabeça de Deus.

Sejamos a cabeça de Deus

Assim devemos ser nós, a nossa cabeça não pode ser apenas nossa, mas precisa ser a de Deus. Só assim nós vamos, realmente, realizar o que Deus quer, caminhar para a santidade, e vamos ser aqueles que Deus escolheu como Matias foi escolhido.

Foi em um sorteio que Deus escolheu Matias, não foram os apóstolos que o escolheram, mas o Senhor. E assim o Senhor também nos escolheu, e isso é muito precioso, não é uma coisa qualquer.

Não somos nós que escolhemos Deus, mas Ele que nos escolheu para produzirmos frutos e para que seus frutos permaneçam. Nós somos escolhidos de Deus e precisamos fazer jus a essa escolha.

O Evangelho de hoje é uma coisa linda. Deus nos diz: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.”

Aceitemos o desafio de amar os outros como Jesus nos ama

Veja a medida que Deus dá para que amemos o próximo. É uma luta, pois nós, de primeira, não somos capazes de amar o outro como Jesus nos amou, pois esta é a luta pela santidade.

Quanto mais nos esforçamos para amar, mais aperfeiçoados vamos sendo. E aperfeiçoados quer dizer ser perfeito, e ser perfeito é ser santo. Então, nós temos de amar, e amar como as mães amam, e como nossa mãe nos amou.

É uma coisa impressionante, porque uma mãe não vive para si, mas para os filhos, para nós, e assim chega perto do amor de Deus. Essa é a maneira que o Senhor quer que nos amemos.

Deus ainda nos fala que ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos. E assim o Papa Francisco vem nos dizer sempre que precisamos dar a vida, gastar a vida pelos outros e, principalmente, por aqueles que são mais necessitados.

Isso também é santidade! Quanto mais vamos nos desgastando por amar os outros, mais vamos chegando perto do que Deus quer para nós. Mas ainda muitos de nós precisamos de cura interior para curar o não perdão que nos consome.

Ainda o ressentimento, as mágoas e as desavenças permanecem dentro de nós, e por isso precisamos da cura para que sejamos desgastados e consigamos amar e amar de todo o nosso coração.

Por fim, Jesus nos diz que se fizermos isso, poderemos ser chamados seus amigos. O Senhor nos diz que seremos amigos d’Ele se nos esforçarmos por amar, e amar é uma luta, uma busca.

Não deixemos nossas feridas tirar nossa capacidade de amar

No livro ‘O Pequeno Príncipe’, havia uma planta que rachava o seu planeta, então, todos os dias, ele ia lá e já arrancava as mudinhas que nasciam, porque, do contrário, o planeta ia se perder. Assim nós precisamos acabar com essas plantas em nós, que são os ressentimentos, as mágoas, para que não percamos a nossa vida por isso.

“Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça.”.

O Senhor nos escolheu para a vida, para a felicidade, para a santidade. O santo é feliz embora passe pelos sofrimento, e tudo isso para produzirmos frutos, pois Deus quer colher frutos a partir de nós. Essa é a grande graça que Deus tem para nós.

Enfim, o Evangelho termina com Jesus nos dizendo que, após tudo isso, se continuarmos nessa luta, “O que então pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá. Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros.”

Transcrição da homilia de Monsenhor Jonas Abib. 

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