Partilha da Palavra: Ex 24,15-24; Mt 19,16-22;
O profeta parece ter privilégios. Às vezes, é bem visto, recebe elogios, tem pessoas a sua volta, mas ele também passa por momentos difíceis de incompreensão, de abandono e descaso.
O profeta Ezequiel não foi diferente dos outros profetas. Na passagem de hoje, vemos ainda o sofrimento de ter perdido a esposa e não poder vivenciar o luto conforme o Senhor lhe havia dito. E Ezequiel transmitiu isso ao povo, o que ele viveu o povo viveria.
Há um ensinamento que diz: “O pastor reflete seu povo, e o povo reflete o seu pastor”, assim Ezequiel foi espelho para o povo de Deus; e quando eles viram o sofrimento do profeta, deveriam se preparar para as dores. Enquanto viram o profeta perseverar, deveriam também perseverar.
Que tal rezarmos para termos bons sacerdotes, bons agentes de pastoral, homens e mulheres santos, que sejam bons reflexos em nossa vida? Que nossos irmãos que estão à frente não recebam apenas nosso carinho, admiração e nossas cobranças, mas recebam, sobretudo, nossa oração e nosso exemplo para que eles se santifiquem com nosso testemunho.
No Evangelho, um jovem rico se sentiu atraído pelo exemplo de Jesus e quis saber d’Ele o que deveria fazer para herdar a vida eterna. Jesus, o exemplo do Pai, o rosto do Pai, disse que deveria praticar os mandamentos. O jovem, ousadamente, disse que já os vivia. Que ousadia, não é? Dizer que já vive os mandamentos. Não sei quanto a você, mas eu estou na luta.
Bom, aquele jovem queria “algo a mais”. Que bom! O jovem tem sede de “algo a mais”, de aventura, de descobertas. Então, Jesus disse ele que deveria vender seus bens e segui-Lo. E você sabe o que aconteceu? O jovem foi embora triste, porque possuía muitos bens.
Jesus era um modelo, um exemplo, talvez até um ídolo para aquele jovem, mas Jesus não queria ser bajulado, não queria admiradores, Jesus não queria e não quer um fã-clube. Jesus quis e quer seguidores, discípulos missionários, o Senhor quis e quer pessoas comprometidas com o Evangelho, pessoas comprometidas em fazer a vontade do Pai.
Por fim, a liturgia nos ensina a rezar para aqueles que estão à frente de nossa comunidade, para que sejam bons reflexos de Deus para nós. Devemos ainda santificar estes com nossa oração e testemunho, devemos deixar os apegos às coisas materiais para nos apegarmos somente ao Senhor e servir-Lhe na Igreja. Precisamos também deixar de sermos admiradores do Senhor para sermos discípulos, pois não é a admiração por Ele que nos torna melhores, mas a adesão aos mandamentos e a imitação de Cristo em tudo, na dor e na glória.
Pai das Misericórdias e Deus de toda consolação, ouvi-nos!
Padre Márcio Prado
Sacerdote da Comunidade Canção Nova