A liturgia deste 2º domingo ilumina e guia a nossa semana, as leituras (primeira Gn 22, 1-2.9-13.15-18; e o Evangelho Mc 9,2-10) falam a respeito do monte, da montanha. O monte é o lugar do sacrifício, lugar do encontro com Deus, lugar onde Deus falou e se revelou à homens dóceis e humildes.
Na narrativa do Gn, no tempo de Abraão, não se concebia o sacrifício de humanos e Deus o provou pedindo o sacrifício de seu filho único, Isaac. E qual foi a atitude de Abraão? Obediência, ele já havia obedecido o Senhor aceitando-O e rompido com outros deuses, e naquela hora Deus pedia o oferecimento do filho, daquele que lhe daria a descendência prometida. Que confusão! O que teria passado na cabeça de Abraão? Não dá para dizer o que ele sentiu, o que pensou, mas percebe-se que ele agiu, obedeceu.
No Evangelho foi também num monte alto que três discípulos fizeram um espetacular encontro com Jesus na sua Transfiguração. Aqueles discípulos tiveram a oportunidade de fazer uma experiência de céu “é bom estarmos aqui”, dizia Pedro. Graças ao bom Deus, aqui na terra muitos fazem essa experiência de céu, na liturgia, na Palavra, com um canto, na oração, numa graça alcançada, enfim o Senhor é criativo, o Espírito Santo é dinâmico e são inúmeras as experiências de pessoas simples com o Todo-poderoso.
Todo encontro com Deus, com Jesus Cristo, não deve parar na emoção do momento, já que o encontro é dinâmico-criativo da parte do Senhor, que essa experiência esse leve a cada um a um dinâmico e criativo encontro com os irmãos, ou seja é uma graça e uma responsabilidade, é dom e tarefa. E por mais que haja dificuldade em cumprir tal responsabilidade e tarefa é sempre bom olhar para a história, Deus estava com Abraão e por mais absurdo que parecesse o pedido do Senhor, ele deu o passo de obedecer, era um homem de fé, até se poderia parafrasear são Paulo “se Deus era por ele, quem seria contra ele” (2 leitura Rm 8,31b-34). Essa audácia estava por excelência no Filho de Deus, Jesus Cristo, ousou em obedecer o Senhor, ousou em dar a vida, morreu e ressuscitou para salvação da humanidade.
Enfim, todos podem ter acesso ao Cristo, basta se abrir a Ele, basta obedecer, basta se humilhar, basta ter fé. Esses passos muitos homens e mulheres puderam dar e não foram desamparados. É hora de dar o passo, de responder a Deus, isso é ter fé, é hora de ir e se abrir ao Cristo “escutai o que ele diz”, é tempo de fazer a experiência de céu e transmitir o Céu/Jesus aos irmãos, a este mundo carente de amor e o Amor que se transfigurou somente aos três discípulos? Não só aos três, mas o Amor se transfigurou a todos escancaradamente na cruz.
Padre Márcio José do Prado
Vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias