XXXI Domingo do Tempo Comum
Sb 11,22-12,2 ; Sl144; 2Ts1,11-2,2; Lc 19,1-10
No livro da Sabedoria o autor sagrado apresenta de maneira bela a misericórdia de Deus. O Senhor é aquele que tem compaixão, que perdoa e que ama, pois Ele não poderia criar algo e querer destruir o que criou. Mas é preciso também chamar atenção para um detalhe, Deus ama e é compaixão, mas espera uma resposta nova do pecador, uma resposta de arrependimento (Sb 11,23).
Pois, pode-se cair na tentação de se pensar que Deus ama e é conivente com o pecado, de maneira alguma! Deus acolhe, Deus ama, Deus acredita e Deus chama a conversão. O Senhor espera do ser humano uma resposta de arrependimento, de mudança de vida, de abandono do pecado.
No canto do salmo 144 a experiência do homem, é uma experiência de misericórdia e por isso se canta, se bendiz o Senhor, se louva o Senhor pelos seus benefícios. O homem que faz a experiência de Deus deve cantar a misericórdia e ele mesmo deve ser uma obra que narra as maravilhas do Senhor. Através da natureza, da criação é possível verificar a mão divina, montanhas, florestas, animais… a criação é um livro onde se pode perceber o Senhor, tanta perfeição nas criaturas. Nas coisas criadas é possível perceber um belo hino de louvor a Deus, o canto dos pássaros, as águas que correm, a dança das árvores… as criaturas narram a glória de Deus (11). E o homem, sim, que o homem possa reconhecer o Criador e com mais propriedade, que cada pessoa possa se reconhecer obra do Senhor e assim glorificar o Criador, louvar e bendizer o Pai que olhou com misericórdia para os seus.
Deus, o Pai, olhou com misericórdia para a humanidade, e na plenitude dos tempos (Gl 4,4) enviou seu Filho, Jesus. Jesus através de toda sua vida revelou a misericórdia do Pai. No Evangelho o Senhor mostrou para quê veio.
Jesus em seu caminho para Jerusalém, cidade onde completaria a missão de dar a vida pelos homens, passou por Jericó. Como Jesus não perde tempo, nesse caminho onde evangelizava uma multidão estava a sua volta. Mas, Jesus percebeu alguém numa árvore, era Zaqueu. O Senhor disse que precisava estar em sua casa. Como assim? Jesus o Santo na casa de um pecador de “mão cheia”? Zaqueu era cobrador de impostos, era comum cobrar a mais, era comum lesar alguém, era comum ser injusto. Porém, Zaqueu com aquele gesto de subir numa árvore, por causa de sua baixa estatura, demonstrou seu interesse pelo Senhor e de alguma maneira precisou se humilhar para poder ver e ouvir Jesus.
Jesus que conhece o coração e viu um homem corajoso, um “gigante” porque Zaqueu se fez pequeno, talvez pela primeira vez de muitas outras, Zaqueu se humilhou. Cristo se adiantou e quis estar na casa daquele pecador público, Deus não resiste a um coração que se humilha, porque na verdade Deus foi o primeiro a se humilhar ao descer para salvar a humanidade em Jesus Cristo. Interessante que parece que Jesus não precisou dar um grande sermão a Zaqueu, o encontro com a Verdade/Jesus fez logo o pecador dizer “Senhor, eu dou a metade dos meus bens aos pobres, e se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais”(Lc 19,8). Onde a luz chega as trevas vão embora, a Luz chegou na vida de um pecador e a reposta só poderia ser de conversão. O coração de Zaqueu se abriu e também suas mãos, ajudar os pobres e devolver àqueles que ele prejudicou foi um grande gesto de conversão.
Portanto, hoje é um dia de nos alegrarmos com a misericórdia de Deus, Ele veio para os pecadores, então veio para mim e para você. Assim como Zaqueu aproximemo-nos de Jesus, não importa se somos baixos ou altos, jovens ou idosos, belos ou feios, ricos ou pobres, seja qual for a nossa condição se cada um se aproximar do Senhor vai logo perceber quais são os pecados. Quem se aproxima do Senhor, que é luz, terá a vida iluminada poderá identificar os erros, as falhas e mudar de vida. Por fim, assim como Zaqueu, que nosso encontro com Jesus possa concretamente mudar nosso agir, abrir o coração e as mãos para outros irmãos que estão em situação semelhante ou igual a nossa e precisam descobrir: Jesus não ama o pecado, mas ama o pecador.