Padre Márcio Prado

Tenha "Deus como Deus"

Partilha de palavra: Jr 31,1-7; Mt 15,21-28;

Na Primeira Leitura, o Senhor fala através do profeta Jeremias que Ele será o Deus de todas as tribos de Israel, ou seja, quando dizemos que tal objeto é nosso, então, ele nos pertence. Assim Israel pertencia ao Senhor, pois Deus viu o Seu povo no deserto, amou-os com amor eterno, dilatou-se em misericórdia, iria reconstruí-los, orná-los, suas plantações dariam bons frutos. E, por fim, Israel poderia gritar de alegria porque o Senhor iria salvar o seu povo.

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Várias promessas Deus fez ao Seu povo e elas se cumpriram. O Senhor é o mesmo ontem, hoje e sempre; também hoje, embora nos sintamos um resto, tomemos posse de que “Deus é Deus”. Deus é fiel e de nossa parte sejamos o povo do Senhor; afinal, nós já pertencemos a Ele. Será que temos o Senhor como nosso Deus?

Será que temos o Senhor como nosso Deus? | Foto: cancaonova.com

É muito fácil e cômodo ter “Deus como Deus” para reivindicar graças; é fácil ter “Deus como Deus” quando tudo está bem. No entanto, tê-Lo como nosso Deus significa compromisso com a Sua Palavra, união com Ele, vivência cristã que transborda não somente em prodígios, e sim em obras de misericórdia para com os irmãos.

Ter “Deus como Deus” significa rezar com sinceridade, praticar ritos que nos elevam a Deus, mas também tratar melhor o irmão, é ser honesto em tudo que faz, ter “Deus como Deus” é sofrer sem desistir e, mesmo que venha um desânimo, não se entregar a ele e se entregar ao Senhor.

No Evangelho vemos uma mulher que se entregou ao Senhor, confiou n’Ele. Ela não tinha bons requisitos, segundo os critérios daquela época, era mulher, pagã e queria um favor do Senhor. Esta mulher teve a ousadia de gritar por Jesus e pedir a ele expulsasse um demônio de sua filha. Mas Jesus parece não ligar, na verdade os discípulos se sentem incomodados e pedem a Jesus para mandá-la embora.

Bom, a mulher tinha tantos “requisitos negativos”, apareceu mais, era insistente e “chata”. Mas ela só insistiu porque queria muito um favor do Senhor, ela só insistiu porque amava muito a sua filha. Quando amamos para valer não desistimos facilmente e chegamos até a ser chatos, mas o amor supera a vergonha e o possível mal estar com o outro.

Sim, a mulher ganhou pela insistência e perseverança, Jesus acrescentou mais um requisito, chamou ela de “cadela”, mas ela queria aos menos as migalhas. Ah, o coração de Jesus não se aguentou, o Senhor concedeu a graça a ela, ou melhor, à sua filha.

Que nenhum de nós se sinta excluído, somos todos amados do Senhor. Claro, somos errantes, pecadores, nossos “requisitos” ou nosso “currículo” não é tão bom assim, e precisamos reconhecer isso. Porém, somos amados; e Jesus deseja apenas que tenhamos a Ele como nosso Deus. Ora, se Ele é o nosso Deus, vivamos os seus mandamentos; ora, se Ele é o nosso Deus, amemos a Ele, se Ele é o nosso Deus e o amamos, sejamos perseverantes e, mesmo que sejamos tratados como “cachorros”, busquemos sempre o carinho do nosso Dono.

Pai das Misericórdias e Deus de toda consolação, ouvi-nos!

Padre Márcio Prado
Vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias

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