O Mosaico: principal peça artística do Santuário
A Parábola do Filho Pródigo
“Ninguém jamais viu a Deus; quem nos revelou Deus foi o Filho único, que está junto ao Pai”, disse São João em Jo 1,18a. Portanto, não há como representar o rosto do Pai, pois ninguém jamais o viu. Mas pode-se representá-Lo a partir da revelação que Cristo nos fez. Após um longo estudo, escolhemos a Parábola do Filho Pródigo ( Lucas 15,11-32), pois, além de ser uma parábola riquíssima de detalhes, expressa a misericórdia do Pai de uma forma muito profunda.
O Mosaico possui a arte elaborada pela artista Patrícia de Souza, que narra o momento do encontro entre o pai e o filho. O filho, ao cair em si mesmo, enfim retorna à casa do Pai. Ele ajoelha-se aos pés do Pai, arrependido, em posição de pedido de perdão. O pai, que o esperava todos os dias, cheio de amor e de misericórdia, abraça-o e o perdoa. Veja como Lucas descreve este encontro: “Então se levantou, e foi ao encontro do pai. Quando ainda estava longe, o pai o avistou, e teve compaixão. Saiu correndo, o abraçou, e o cobriu de beijos.” (Lc 15,20) É o momento que o Pai tanto esperou, como espera a cada um de nós.
O olhar entre o pai e o filho
O pai e o filho, antes mesmo de se abraçarem, se encontram com o olhar, um olhar que dizia tudo. O filho arrependido, e o pai, imensamente feliz pelo seu retorno, sorri para ele de forma afetuosa e discreta. O filho está descalço, com vestes sujas e rasgadas, que significam o pecado e as aflições da vida. A predominância da cor marrom de sua veste remete à miséria de seu interior, que também é a de cada um de nós. Ele traz à cintura um cordão com cores vermelhas, assim como o manto do pai, pois mesmo afastado em uma vida de pecado, ele não perdeu sua identidade de filho! Isso é belíssimo! Suas vestes estão tão rasgadas que, uma parte de seu ombro direito estava descoberto, o que significa que ele perdeu sua dignidade, mas encontrou-se consigo mesmo e aceitou seus próprios limites. O pai, imediatamente, ao abraçá-lo, inclina-se, cobre sua nudez com o seu manto e o ergue, tira-o do chão.
O pai possui vestes lindíssimas, com muitos detalhes dourados. Seu manto é vermelho e sua túnica azul. Essas cores remetem a Jesus em Sua união hipostática, ou seja, a forma como Deus e a humanidade estão unidos em Jesus. Foi em Jesus que o Pai revelou Seu amor, por meio de uma nova aliança, também simbolizada pela aliança na mão esquerda do pai.
O caminho e a Virgem Maria
O entorno da figura do pai e do filho é composto de formas, cada qual com o seu significado. O caminho, que se inicia próximo ao sacrário, a Videira que é Cristo, não simboliza apenas o caminho de retorno do Filho, como também o caminho de conversão que cada um de nós deve trilhar, um caminho ascendente, no qual, à medida que nos encontramos com o Pai, vai se transfigurando em céu. Nesse caminho, encontra-se uma estrela, que simboliza a Virgem Maria, porta do céu e estrela da nova evangelização.
A tenda
A tenda (as duas hastes brancas que seguem ao fundo) representa a passagem de Êxodo 33,7-11, no qual Moisés sai do acampamento para ir à tenda do encontro para conversar com Deus, além de fazer referência aos acampamentos de oração da Canção Nova. Em meio a esse movimento de formas e cores, alguns traços formam a mandorla, uma forma muito utilizada pela iconografia oriental.
O Espírito Santo
Para unir e permear este encontro, está o Espírito Santo, em forma de pomba, discreto, mas abrangente. É ele quem impele o filho à voltar ao pai, e que envolve o encontro.
Pai das Misericórdias e Deus de toda consolação, ouvi-nos!