Os três ciclos da mensagem de Nossa Senhora de Fátima
Neste mês de maio, iniciam-se as festividades oficiais do Centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima, Portugal. Contudo, o conjunto das aparições de Fátima, como hoje se conhece, comportam três ciclos: as aparições do anjo, em 1916; as de Nossa Senhora aos três Pastorinhos, em 1917; e as aparições posteriores somente a Lúcia, na Espanha (Pontevedra e Tuy), em 1925, 1926 e 1929. Em cada um dos três ciclos foi comunicada ou explicitada uma parte da mensagem.
Em três artigos, apresentaremos para você as três narrativas desses ciclos de aparições. O primeiro ciclo é considerado Ciclo Angélico, o qual aconteceu em três momentos: quando o anjo se apresentou como o Anjo da Paz, depois como o Anjo de Portugal e, por fim, o Anjo da Eucaristia.
As aparições do “Anjo da Paz”, na primavera, verão e outono de 1916, abrem o acontecimento maravilhoso de Fátima. O mensageiro divino visita os pastorinhos, por três vezes, “com uma mensagem de paz e oração”. Assim os introduziu “no clima sobrenatural de fé, esperança e amor”, como escreveu Irmã Lúcia.
O acontecimento de Fátima tem início com um convite à confiança: “Não temais. Sou o Anjo da Paz. Orai comigo”. No primeiro encontro, os três videntes prostram-se com o anjo em adoração e aprendem a oração que este lhes ensina. Essa oração exprime a confiança da fé, a esperança de quem se sabe acompanhado, e o amor como resposta ao amor de Deus bem como a compaixão pelos outros: “Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-vos. Peço-vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não vos amam”.
Narrativa da aparição
“Alguns momentos havia que jogávamos, e eis que um vento forte sacode as árvores e faz-nos levantar a vista para ver o que se passava, pois o dia estava sereno. Vemos, então, que sobre o olival se encaminha para nós uma figura. À maneira que se aproximava, íamos divisando as feições: um jovem dos seus 14 a 15 anos, mais branco que se fora de neve, que o sol tornava transparente como se fora de cristal e duma grande beleza. Ao chegar junto de nós, disse:
– Não temais! Sou o Anjo da Paz. Orai comigo.
E ajoelhando em terra, curvou a fronte até ao chão. Levados por um movimento sobrenatural, imitamo-lo e repetimos as palavras que lhe ouvimos pronunciar:
– Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-vos. Peço-vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam, e não vos amam.
Depois de repetir isso três vezes, ergueu-se e disse: – Orai assim. Os corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas.”
Segunda aparição
A segunda aparição ressalta aos Pastorinhos: “os Corações de Jesus e Maria têm sobre eles desígnios de misericórdia”. As palavras do Anjo gravaram-se no espírito das crianças “como uma luz que os fazia compreender quem era Deus, como os amava e queria ser amado” (M 170), falam do coração de Deus e dos “desígnios de misericórdia” sobre elas. Com o anjo, aprendem o valor que tem a oferta de si mesmos, experimentam como, por amor, não se perde a mais pequena coisa.
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Narrativa da aparição
“Um dia de verão, em que havíamos ido passar a sesta em casa, brincávamos em cima dum poço que tinham meus pais no quintal a que chamávamos o Arneiro. De repente, vemos junto de nós a mesma figura ou anjo, como me parece que era, e diz: – Que fazeis? Orai! Orai muito! Os Corações de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios.
– Como nos havemos de sacrificar? – perguntei.
– De tudo que puderdes, oferecei um sacrifício em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores. Atraí, assim, sobre a vossa pátria a paz. Eu sou o anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar.”
Terceira Aparição
Nessa aparição, os pastorinhos recebem do anjo o dom da Eucaristia e veem confirmado o sentido das suas vidas. São chamados a uma vida entregue a Deus pelos outros. Numa relação de amizade com Deus, comprometem-se com a oferta total das suas vidas por todos os “homens ingratos”.
Narrativa da aparição
“Rezávamos aí o terço e a oração que, na primeira aparição, o anjo nos havia ensinado. Estando, pois, aí, apareceu-nos, pela terceira vez, trazendo na mão um cálice e, sobre ele, uma hóstia, da qual caíam algumas gotas de sangue. Deixando o cálice e a hóstia suspensos no ar, prostrou-se em terra e repetiu três vezes a oração:
– Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o Preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os Sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-vos a conversão dos pobres pecadores.
Depois, levantando-se, tomou de novo na mão o cálice e a Hóstia e deu-me a Hóstia a mim e o que continha o cálice deu-o a beber a Jacinta e Francisco, dizendo ao mesmo tempo:
– Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus.
De novo, prostrou-se em terra e repetiu conosco mais três vezes a mesma oração.
– Santíssima Trindade… etc.”
Fonte: Diocese de Leiria-Fátima
Pai das Misericórdias e Deus de toda consolação, ouvi-nos!