O ciclo cordimariano da Mensagem de Fátima

Mensagem de Fátima: “(…) Eu prometo assistir-lhes, na hora da morte, com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas(…)”

Por recomendação do Bispo de Leiria, em 1921, Lúcia deixa Fátima e vai para o colégio das irmãs Doroteias, no Porto. Sentindo vocação à vida religiosa, foi para Espanha, onde fez o noviciado e pronunciou os votos. Em Pontevedra e Tuy, nos anos de 1925, 1926 e 1929, teve novas aparições.

O Coração Imaculado de Maria, que já se tinha mostrado como “refúgio e caminho que conduz até Deus”, dá-se, uma vez mais, como regaço materno disposto a acolher os dramas da história dos homens, confiando-os ao Coração misericordioso de Deus. Em relação às anteriores, estas aparições têm um “caráter conclusivo, complementar e interpretativo” (A. Marto).

Lúcia acolhe a aparição de Nossa Senhora e do Menino Jesus, quando se prepara para a vida religiosa nas Irmãs Doroteias, em Pontevedra, onde dera entrada em 25 de outubro desse ano. Nesta aparição, recebe como convite específico a devoção dos cinco primeiros sábados.

Vejamos o relato destas aparições narradas pela irmã Lúcia que, ao falar na terceira pessoa, refere-se à si própria:

“Dia 10-12-1925, apareceu-lhe a Santíssima Virgem e, ao lado, suspenso em uma nuvem, um Menino. A Santíssima Virgem, pondo-lhe no ombro a mão e mostrando, ao mesmo tempo, um coração que tinha na outra mão, cercado de espinhos. Ao mesmo tempo, disse o Menino: ‘– Tem pena do Coração da tua Santíssima Mãe que está coberto de espinhos, que os homens ingratos a todos os momentos Lhe cravam sem haver quem faça um ato de reparação para os tirar’.

Em seguida disse a Santíssima Virgem: ‘– Olha, minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos, que os homens ingratos a todos os momentos Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que todos aqueles que durante cinco meses, ao primeiro sábado, se confessarem, receberem a Sagrada Comunhão, rezarem o Terço e me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário, com fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes, na hora da morte, com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas’ (Memórias da Irmã Lúcia, 2015, p.192).

“Tens pedido o Menino Jesus à Mãe do Céu?”

Dois meses depois, em 15 de fevereiro de 1926, tem lugar uma nova aparição do Menino Jesus que lhe “perguntou se já tinha espalhado a devoção a Sua Santíssima Mãe”.

“No dia 15-2-1926, voltando lá, a deitar um apanhador de lixo fora do quintal, como é costume, encontrei ali uma criança que me parecia ser a mesma que já encontrara uma vez antes, e perguntei-lhe então: ‘– Tens pedido o Menino Jesus à Mãe do Céu?’. A Criança volta-se para mim e diz: ‘– E tu tens espalhado, pelo mundo, aquilo que a Mãe do Céu te pediu?’. E, nisto, transforma-se num Menino resplandecente. Conhecendo, então, que era Jesus, disse: ‘– Meu Jesus! Vós bem sabeis o que o meu confessor me disse na carta que Vos li’.

Dizia que era preciso que aquela visão se repetisse, que houvesse fatos para que fosse acreditada e só a Madre Superiora a espalhar este facto, nada podia.

‘– É verdade que só a Madre Superiora, nada pode; mas, com a Minha graça, pode tudo. E basta que o teu Confessor te dê licença, e a tua Superiora o diga, para que seja acreditado, até sem se saber a quem foi revelado’. ‘– Mas o meu Confessor dizia, na carta, que esta devoção não fazia falta no mundo, porque já havia muitas almas que Vos recebiam, aos primeiros sábados, em honra de Nossa Senhora e dos 15 Mistérios do Rosário’.

‘– É verdade, minha filha, que muitas almas os começam, mas poucas os acabam; e as que os terminam, é com o fim de, receberem as graças que aí estão prometidas; e Me agradam mais as que fizerem os cinco com fervor e com o fim de desagravar o Coração da tua Mãe do Céu, que os que fizerem os 15, tíbios e indiferentes…’

‘– Meu Jesus! Muitas almas têm dificuldade em se confessar ao sábado. Se Vós permitísseis que a confissão de oito dias fosse válida?’. ‘– Sim. Pode ser de muito mais dias ainda, contanto que, quando me receberem, estejam em graça e que tenham a intenção de desagravar o Imaculado Coração de Maria’.

‘– Meu Jesus! E as que se esquecerem de formar essa intenção?’. – Podem-na formar logo na outra confissão seguinte, aproveitando a primeira ocasião que tiverem de se confessar'” (Memórias da Irmã Lúcia, 2015, p.192-193).

Deus manifestado na Cruz de Cristo

Este ciclo cordimariano (do Coração de Maria) das aparições termina com a grandiosa visão oferecida à Lúcia em Tuy. O mistério da comunhão trinitária – luz que atravessa todo o acontecimento de Fátima – revela-se, uma vez mais, para recordar o Coração misericordioso e compassivo de Deus, manifestado na Cruz de Cristo e presente na Eucaristia.

A figura de Nossa Senhora está presente, também, como participante do mistério da Misericórdia. A visão termina com estas palavras em letra grande “Graça e Misericórdia” que são a síntese de toda a Mensagem de Nossa Senhora. De seguida, Lúcia recebe um pedido do Coração Imaculado de Sua Mãe: o da Consagração da Rússia. A consagração a esse Coração cheio de graça, afirma a certeza de que a vocação do homem é a vida plena em Deus.

Vejamos o seu relato:

“13-06-1929 – Eu tinha pedido e obtido licença das minhas Superioras e Confessor para fazer a Hora-Santa das 11 à meia-noite, de quintas para sextas-feiras. Estando uma noite só, ajoelhei-me entre a balaustrada, no meio da capela, a rezar, prostrada, as Orações do Anjo. Sentindo-me cansada, ergui-me e continuei a rezá-las com os braços em cruz. A única luz era a da lâmpada.
De repente, iluminou-se toda a capela com uma luz sobrenatural e, sobre o Altar, apareceu uma Cruz de luz que chegava até ao tecto. Em uma luz mais clara via-se, na parte superior da Cruz, uma face de homem com corpo até à cinta, sobre o peito uma pomba também de luz e, pregado na Cruz, o corpo de outro homem.

Um pouco abaixo da cinta, suspenso no ar, via-se um cálice e uma hóstia grande, sobre a qual caíam algumas gotas de sangue que corriam pelas faces do Crucificado e de uma ferida do peito. Escorregando pela hóstia, essas gotas caíam dentro do cálice.
Sob o braço direito da Cruz estava Nossa Senhora.

Era Nossa Senhora de Fátima com seu Imaculado Coração na mão esquerda, com uma coroa de espinhos e chamas… Sob o braço esquerdo, umas letras grandes, como se fossem de água cristalina que corressem para cima do altar, formavam estas palavras: “Graça e Misericórdia”. Compreendi que me era mostrado o mistério da Santíssima Trindade, e recebi luzes sobre este mistério que me não é permitido revelar. Depois Nossa Senhora disse-me:
‘– É chegado o momento em que Deus pede para o Santo Padre fazer, em união com todos os Bispos do mundo, a consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração, prometendo salvá-la por este meio. São tantas as almas que a Justiça de Deus condena por pecados contra Mim cometidos, que venho pedir reparação: sacrifica-te por esta intenção e ora’. Dei conta disto ao meu confessor, que me mandou escrever o que Nosso Senhor queria se fizesse.
Mais tarde, por meio duma comunicação íntima, Nossa Senhora disse-me, queixando-Se: ‘– Não quiseram atender ao Meu pedido!… Como o rei de França, arrepender-se-ão e fá-la-ão, mas será tarde. A Rússia terá já espalhado os seus erros pelo Mundo, provocando guerras, perseguições à Igreja: o Santo Padre terá muito que sofrer’” (Memórias da Irmã Lúcia, 2015, p.195).

O essencial não é simplesmente a prática dos atos requeridos

A presença de Maria, com o seu Imaculado Coração, liga essa visão às precedentes aparições de Pontevedra. Nelas, se revela como corresponder às graças e promessas oferecidas pela Virgem Maria: a devoção ao seu Imaculado Coração. Nomeado assim, pela prática dos cinco primeiros sábados do mês, nos quais somos convidados a receber o sacramento da Confissão; comungar; rezar o Rosário e fazer meditação dos mistérios na companhia de Maria.

O essencial não é simplesmente a prática dos atos requeridos, mas, sobretudo, diz Jesus, na visão de Lúcia: “Estejam em graça e que tenham a intenção de desagravar o Imaculado Coração de Maria”. É nesta abertura ao essencial que se dá o encontro com a Misericórdia e o perdão de Deus.

Para corresponder aos apelos da Santíssima Virgem, em cada primeiro sábado do mês, o Santuário do Pai das Misericórdias oferece aos peregrinos essa espiritualidade reparadora. A Devoção Reparadora tem o seu início às 10h, iniciando com a oração do Santo Terço, seguido de uma catequese sobre a Mensagem de Fátima e, depois, os quinze minutos de meditação da Palavra. Neste mês de Novembro, o primeiro sábado se dará no dia 03. O momento reparador encerra-se com a Santa Missa, às 12h. Coloca-se, em cada ato reparador, a intenção de reparar o Coração Imaculado de Maria que, certamente, acolhe-a e oferece ao Deus Amor (Jo 4,8).

Áurea Maria
Comunidade Canção Nova

*Artigo baseado no opúsculo com as narrativas das aparições de Fátima e a vida dos pastorinhos de 20 de fevereiro de 2017, do Padre Jorge Guarda Vigário Geral da diocese de Leiria-Fátima.

 

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