Da dor para o amor

Queridos irmãos e filhos do Pai das Misericórdias, estamos na 24ª semana do tempo comum, este domingo ilumina nossa semana em três pontos: confiança e ir adiante, professar a fé com palavras e obras e por fim aproveitar a cruz/sofrimento como oportunidade de crescimento.

Confiança e ir adiante é o que ensina a primeira leitura (Is 50,5-9a) Isaías reconhece que foi conquistado pelo Senhor, que não é possível voltar atrás, mesmo com os sofrimentos ele segue adiante. O texto mostrou bem o sofrimento porém a resposta do profeta foi de confiança em um Auxiliador. Ele passou por momentos terríveis, tal situação se viu também em Jesus e em tantos santos que deram esta resposta de fé, ainda que se sofrendo professavam a fé no Senhor e seguiam adiante. Constantemente todo cristão precisa ter esta atitude, todos passam por dificuldades, a vida tem momentos de dor, de tristeza e de incompreensão, mas para aquele que crer e que foi conquistado pelo Senhor, sofre mas confia e segue adiante.

Ter confiança, seguir adiante e praticar aquilo que se professa com a boca, é o que diz na segunda leitura (Tg 2,14-18,) uma tremenda exortação de Tiago. Não basta dizer que tem fé, ela precisa ser traduzia em obras; Tiago esclareceu que ter fé significa ajudar aquele que precisa de uma veste, é dar de comer aquele que em fome. Realmente seria contraditório dizer que tem fé e não se olha para o necessitado. Que fé é essa? Fé de “fachada”. Cristão não pode ter uma fé de “fachada”, aliás não conseguiria sustentá-la, não se vai longe assim, qualquer tribulação e sofrimento derruba a pessoa, porque é só aparência e o interior é falso. A pessoa que crê precisa ter conteúdo, base, consistência, isso se adquire com palavras (estudo) e ações (prática), ou seja, fé e obras.

O último ponto de reflexão encontra-se no Evangelho (Mc 8,27-35). A caminhada feita até agora foi de confiança e seguimento, fé e obras e por fim tomar a cruz como oportunidade de crescimento. No Evangelho Pedro responde a Jesus acertadamente, mas não passou muito tempo e o mesmo Jesus o repreendeu devido aos pensamentos errôneos do primeiro dos apóstolos, seus pensamentos eram humanos ao invés do divino. Pedro até inocentemente e querendo bem ao Mestre quis preservá-lo do sofrimento, mas Jesus lhe ensinou uma lição: “Ser meu discípulo é passar por sofrimentos”. Claro que o sofrimento não é algo exclusivo de cristão, todos passam por sofrimentos desde o ventre da mãe à morte, contudo aquele que sofre em Cristo tem a oportunidade de ressignificar tal acontecimento, não mais como maldição e sim como bênção, como oportunidade de crescimento. A morte, a doença, algo que deu errado e outras situações difíceis se apresentam quotidianamente, mas com fé em Deus é possível ter esperança e dar passos para superar e não se entregar, e encontrar forças e razões para não desistir, assim Jesus Cristo ensina. A Cruz aparentemente era maldição, condenação, derrota, no entanto Jesus transformou-a em vitória, em caminho para a vida eterna.

Assim tudo aquilo que acontece na vida deve ensinar algo, deve-se tirar uma lição, aprende-se. Hoje aprendemos a confiar no Senhor em nossas tribulações e seguir adiante, percorrer o caminho de fé com atitudes que se traduzem em obras, e por fim ainda à caminho tomar a cruz, levar a vida adiante e em frente com fé, pois a dor/mal é um desafio a ser superado. Jesus nos ama tanto que fez isso; confiou no Pai, tomou a Cruz e mesmo contrariado, O obedeceu para nos salvar, da aparente derrota à vitória, porque Ele ressuscitou. Que o Senhor também nos levante, nos ressuscite, nos dê um novo vigor e força para aproveitarmos e transformarmos a dor em amor.

Pe. Márcio Prado

Vice reitor do Santuário do Pai das Misericórdias

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