“O Senhor, nos últimos tempos, dá-nos uma grande arma: sua própria mãe, Maria” – (Padre Jonas Abib)
Batalha espiritual
Desde a criação do mundo, revelada no livro do Gênesis, os filhos de Deus são assaltados pelo demônio. Seu intuito é levar a humanidade à perdição, para assim ferir o coração de Deus. Esse ser astuto como a serpente é autor das grandes batalhas espirituais que perpassam a vida dos cristãos. Muitas das batalhas da vida, sofridas por inúmeras pessoas, têm como pano de fundo os embustes do Maligno.
A batalha espiritual é consequência da desobediência dos anjos caídos quando se recusaram a aderir ao plano salvífico de Deus, recusando-se a servi-Lo; seduziram nossos primeiros pais levando-os ao pecado: “Pelo pecado dos nossos primeiros pais, o Diabo adquiriu certa dominação sobre o homem. […] Uma luta árdua contra o poder das trevas perpassa a história universal da humanidade. Iniciada desde a origem do mundo, vai durar até o último dia, segundo as palavras do Senhor. Inserido nesta batalha, o homem deve lutar sempre para aderir ao bem; não consegue alcançar a unidade interior senão com grandes labutas e o auxílio da graça de Deus” (CIC 407 – 409).
Os livros do Gênesis e do Apocalipse retratam essa verdade: “Houve então uma batalha no céu: Miguel e seus anjos guerrearam contra o Dragão. O Dragão lutou juntamente com os seus anjos, mas foi derrotado; e eles perderam seu lugar no céu […]. É chamado Diabo e Satanás, o sedutor do mundo inteiro” (Ap 12,7-8.9b). Ele foi expulso para a terra e, cheio de raiva, pôs-se a perseguir a Mulher “e a combater o resto dos filhos dela, os que observam os mandamentos de Deus e guardam o testemunho de Jesus” (Ap 12,17). Essa luta se concentra contra o povo de Deus (a Igreja) e o Messias, entre a descendência de Maria e a descendência da serpente: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela” (Gn 3, 15).
O Natural e o sobrenatural
Muitos têm sido seduzidos a pensar que as batalhas da vida ocorrem apenas no campo natural, e por não terem consciência do verdadeiro inimigo, concentram suas forças para combater as pessoas. Percebe-se, por exemplo, que o demônio pode instaurar o caos e provocar desordens de todo tipo em muitos ambientes: na família, no trabalho, nas comunidades etc.
Em sua carta aos Efésios, São Paulo revela o verdadeiro inimigo: “Enfim, fortalecei-vos no Senhor, no poder de sua força, revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do diabo, pois a nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra os principados, as potestades, os dominadores deste mundo tenebroso, os espíritos malignos espalhados pelos espaço” (Ef. 6,10-12). A seguir, apresenta a armadura de Deus como proteção nas grandes batalhas, como grande arma de combate para resistir nos dias maus.
Essa armadura é composta pelo cinturão da verdade, a couraça da justiça, o calçado do zelo para anunciar a Boa-nova da paz, o escudo da fé para apagar as flechas incendiadas do Maligno, o capacete da salvação e a espada do Espírito que é a palavra de Deus (cf. Ef 6,13-18).
A vitória é certa
Como ensina a Doutrina da Igreja, “depois da queda de nossos primeiros pais, o homem não foi abandonado por Deus. Ao contrário, Deus o chama e lhe anuncia de modo misterioso a vitória sobre o mal e o soerguimento da queda”. Segundo o Catecismo, o livro do Gênesis narra o combate entre a serpente e a Mulher. Numerosos padres e Doutores da Igreja veem na Mulher a Mãe de Cristo. Preservada de toda mancha do pecado original, por graça especial de Deus, Maria não cometeu nenhuma espécie de pecado (cf. CIC 410-411).
Além de todas as armas espirituais descritas por São Paulo para combater as astúcias do demônio, Jesus nos deu uma arma ainda mais poderosa: Sua Mãe. Se não fosse assim, essa guerra seria desigual e estaríamos fadados à derrota. A pedido do Seu Filho, com muita humildade, Maria nos acolhe em seus braços todas as vezes que nos encontramos acabrunhados, oprimidos, desanimados, sob o peso da batalha. Ela nos acolhe como a verdadeiros filhos seus.
Muitas das batalhas enfrentadas no dia a dia ocorrem quando muitos dos seus filhos são acometidos por enfermidades físicas. Neste caso, Maria “intercede em favor da saúde dos homens”. O Magistério da Igreja a aponta como “saúde dos enfermos”, portanto, podemos invocá-la com fé confiando-lhe também as nossas enfermidades. Creiamos, ela roga por nós, seus filhos! Podemos confiar-lhe todos os nossos pedidos, todas as necessidades, na certeza de que ela reza por nós.
Uma Mãe Auxiliadora
Verdadeiramente, Maria nos auxilia em todas as batalhas espirituais e em todas as adversidades da vida. Nada do que vivemos passa despercebido aos seus olhos. Seu auxílio materno tem sido marcante em toda a história da Igreja e na vida dos cristãos. Por isso ela é invocada pela Igreja como Nossa Senhora Auxiliadora. Um grande santo da Igreja católica – Dom Bosco – adotou essa invocação para sua Congregação Salesiana. Nossa Senhora foi colocada à frente da sua obra para defendê-la em todas as dificuldades. A Oração a Nossa Senhora Auxiliadora, composta por São João Bosco, é muito significativa. Com essa oração, invoquemos a Mãe de Deus pedindo seu auxílio em todas as batalhas:
“Ó Virgem poderosa, Tu, grande e ilustre defensora da Igreja. Tu, auxílio maravilhoso dos cristãos. Tu, terrível como um exército em ordem de batalha. Tu, que só destruíste todas as heresias em todo o mundo. Ó Senhora, nas nossas angústias, nas nossas lutas, nas nossas aflições e tentações, defende-nos do inimigo; e na hora da nossa morte, acolhe a nossa alma no paraíso. Amém!”
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Referências bibliográficas:
Bíblia CNBB
Catecismo da Igreja Católica
Dicionário de Mariologia