Diz São Paulo: “de fato, assim como o corpo é um, embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo, assim também acontece com Cristo. De fato, todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados num só Espírito, para formarmos um só corpo, e todos nós bebemos de um único Espírito” (I Cor 12, 12-13). Com essa maravilhosa doutrina São Paulo quer apresentar o que é a Igreja e porque ela é indispensável para a vivência da fé.
Primeiramente, é preciso entender que Adão foi criado na graça que seria passada a seus descendentes. Entretanto, com seu pecado, manchou a todos com o pecado original fazendo com que os homens perdessem aquele divino tesouro e a vida eterna. Diante disso, o Verbo Divino, isto é, Jesus Cristo se encarnou e conquistou para a humanidade, como consanguíneos seus, a justificação e uma infinidade de graças. Essas graças, Jesus poderia repartir por si mesmo de forma direta para a humanidade, mas Ele quis fazer isso através da Igreja.
A Igreja é o Corpo Místico de Cristo que possui os sacramentos para suprir as necessidades individuais e sociais, cujo membros são não só os íderes, mas todos os batizados que professam a fé e que não se afastaram da Igreja. Todos estes membros organizados hierarquicamente no corpo, cuja cabeça é Cristo, possuem a mesma dignidade cristã e por isso tem acesso à salvação.
A Igreja, portanto, é um corpo não físico, nascido na cruz do lado aberto de Cristo, que possui Maria por mãe, que foi promulgada no dia de Pentecostes e que assim tem o Espírito Santo como a alma deste corpo 1.
Diante disso, é possível compreender o que São Paulo apresenta com a alegoria do corpo com seus muitos membros.
Se por um grave acidente alguém tivesse sua mão amputada, certamente esta mão não poderá continuar tendo vida separada do corpo. Em pouco tempo ela iria se atrofiar, decompor, até deixar de existir porque está separada do corpo que a nutria e a mantinha em suas necessidades.
Em relação à salvação, o próprio Jesus fundou a Igreja e quis que a humanidade, unida a este corpo, recebesse a vida eterna novamente. Assim, nós recebemos a vida ligados ao Corpo Místico de Cristo, ou seja, a Igreja. Caso algum membro se separe deste corpo, perderá os nutrientes necessários para alcançar a salvação, isto é, os sacramentos e a infinidade de graças que a Igreja (o corpo) comunica aos seus membros.
Assim sendo, é possível concluir que não há como viver a fé sozinho, sem a Igreja. Somente ligados a este corpo será possível receber de volta a vida que foi perdida por Adão no paraíso. Somente estaremos ligados a Cristo cabeça se estivermos unidos ao seu Corpo Místico que é a Igreja. Disse Jesus: “tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela.”2. Deste modo, foi Ele que edificou a Igreja ao pregar o Evangelho, a consumou na cruz e a promulgou no dia de Pentecostes. Foi o próprio Jesus que quis operar o seu plano salvífico através da sua Igreja, una, apostólica e romana.
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Quanto a nós, não podemos querer nos separar do corpo que nos dá a vida. Ao contrário, devemos buscar a nossa santificação através da vivência da fé. Quando a mão está sadia faz bem a todo o corpo. Igualmente quando nos santificamos fazemos bem a todo corpo. De igual modo, quando pecamos fazemos mal a todo o corpo. É necessário ter coragem e unidos ao corpo, viver a fé. Assim, alimentados pela graça, teremos parte na salvação, na vida conquistada por Cristo na sua morte e ressureição.
1 MARÍN, Antonio Royo. Teologia da perfeição cristã. Anápolis: Magnificat, 2020.
2 Mateus 16, 18.