"Quem perde a sua vida por Mim, a encontrará"

Estamos no mês vocacional! Segundo São João Paulo II, “a vocação é o olhar carinhoso de Deus sobre a pessoa humana”. Neste mês, cada domingo é dedicado a uma vocação. No primeiro, celebra-se o sacerdócio e os ministérios ordenados; no segundo, o matrimônio junto à Semana da Família; no terceiro, a vida consagrada; e, por fim, no quarto, a vocação dos leigos.

A Comunidade Canção Nova, com um carisma específico dentro da Igreja Católica, é constituída de pessoas que doam a sua vida a Deus, assumindo essa consagração. Cada um no seu estado de vida, sendo sacerdotes, casais, jovens solteiros e celibatários.

A  portuguesa e missionária Maria Margarida relata-nos a descoberta de sua vocação e fala sobre sua vinda para a Canção Nova:

“Quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la” (Mt 16,25)

Eu sou Margarida, leiga consagrada na Comunidade Canção Nova, e quero partilhar com você um pouco da minha história vocacional.

Nasci, em Vila do Conde, perto da cidade do Porto, em Portugal, numa família numerosa e católica de tradição. Tive uma infância feliz e uma adolescência e juventude dentro das realidades próprias da idade. Porém, aos 15 anos, meu irmão mais velho, Rui Filipe, veio a falecer num acidente. Isso me fez refletir muito sobre o sentido da vida e qual a melhor forma de “gastá-la”. Um pouco antes de esse fato acontecer, eu havia recebido o sacramento do crisma, e meu irmão foi meu padrinho. Desde, então, sentia uma inquietude que não era saciada pelas várias atividades na minha paróquia: coral, catequese, grupo de jovens etc.

Aos meus 16 anos, Padre Marcelo, missionário comboniano, veio visitar minha comunidade. Ao testemunhar com as palavras e o seu “jeito” despojado de ser, despertou em mim o desejo de entregar a minha vida para Deus na missão.

Fonte: Arquivo pessoal

Como? Quando? Onde? Com quem?

Depois de muita oração e coragem, conversei com meus pais sobre o desejo de me tornar leiga comboniana, mas eles acharam que eu era jovem demais para isso. Fui estudar Turismo e conheci várias pessoas. Ambicionei realizações profissionais. No entanto, o desejo de consagrar minha vida a Deus sempre esteve no meu coração, mesmo que “abafado” por desejos e projetos.

Em 2009, aos 20 anos, vivi uma crise profunda devido a um conflito familiar, o qual me deixou incapaz de desempenhar a profissão tão sonhada e idealizada num hotel de qualidade. Foi um ano muito difícil e de muitas lágrimas. Foi precisamente, nesse deserto – sem seguranças humanas e vazia de mim mesma –, que o Senhor, rico em misericórdia, encheu-me ainda mais do Seu amor e misericórdia. Nesse período, fui, mais uma vez, para o Santuário de Fátima exercer o meu voluntariado no acolhimento que tanto amava! Lá, de forma providencial e inesperada, um sacerdote da República Dominicana rezou por mim. Recebi meu batismo no Espírito Santo, conheci a Comunidade Canção Nova e passei a acompanhá-la pela TV.

Aproximei-me da Renovação Carismática Católica (RCC), e, apesar de questionar essa espiritualidade tão nova e diferente (em Portugal, a Igreja é tradicional), intuía que era divina e muito proveitosa. Pouco a pouco, fui me aprofundando e discernindo como bem vivê-la.

Nessa mesma época, aproximei-me também da Congregação Salesiana, onde fiz trabalho voluntário, num orfanato de crianças e jovens, durante nove meses. Durante essa experiência, fiquei sabendo que a Canção Nova pertence à Família Salesiana. Fiquei muito feliz e comecei a olhar para a comunidade com outros olhos, com um olhar de quem se apaixona.

Dom Bosco levou-me para sua casa, para mostrar meu lugar na Igreja.

Mais tarde, voltei para casa, trabalhei no Santuário da Beata Alexandrina de Balasar (também da Família Salesiana), enquanto iniciei meu caminho vocacional para a Comunidade Canção Nova.

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Precisamos nos abandonar no Senhor

Esse não foi um caminho fácil. Quando entramos num caminho para fazer a vontade de Deus, parece que somos muito pequenos e que as nossas misérias vão nos afundar. Preocupamo-nos em “como se dará” deixar casa e família, deixar o trabalho, corresponder às expectativas da Comunidade e outros “fantasmas”.

Preciso testemunhar para você que quer se consagrar a Deus de forma integral (ou qualquer que seja a sua vocação): se nos abandonarmos ao Senhor, Ele nos dará muito mais do que alguma vez sonhamos, e aquilo que parecia impossível de resolver, a seu tempo se desvanecerá.

Não posso deixar de falar da Virgem Maria, minha Mãe. Tenho a certeza de que Ela me amparou, guiou-me e continua mostrando a direção e o seguimento ao Seu Filho Jesus. Na verdade, Ela é a grande protagonista da minha vocação, pois foi na casa dela, em Fátima, que tomei as decisões mais importantes.

É feliz quem realiza sua vocação!

Maria Margarida Loureiro da Costa
Missionária da Comunidade Canção Nova

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