Entenda

A Semana Santa

Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor

A última semana do tempo quaresmal, chamada de Semana Santa ou Semana Maior, é o período mais importante do ano litúrgico, ou seja, é o centro da vida litúrgica da Igreja. Nessa sacratíssima semana, a Igreja celebra os divinos mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. Por meio de todos esses acontecimentos, a humanidade foi cumulada daquilo que somente Deus poderia conceder: a graça da salvação.

 

O Domingo de Ramos

A Semana Santa inicia-se com o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. Neste dia, os cristãos católicos de todo o mundo recordam a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém para cumprir, plenamente, o seu mistério pascal. Trata-se de uma das cenas mais emblemáticas da vida de Jesus. No momento em que Ele entra em Jerusalém, montado num jumentinho, a multidão exclama jubilosamente: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor”. Aquela multidão de judeus que aclama Jesus é a mesma que gritará logo em seguida: “Crucifica-o”.

“Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor” | Foto: (Arquivo CN)

:: Fotos: internautas participam de ação no instagram

Quinta-Feira Santa – Missa dos Santos Óleos

Quatro dias após o Domingo de Ramos, a Igreja celebra a Quinta-feira Santa. Neste dia, logo pela manhã, o bispo de cada diocese se reúne com todo o seu clero para celebrar e renovar o compromisso de fidelidade dos presbíteros à sua missão sacerdotal. 

Nela, o sacerdote é recordado que o seu sacerdócio ministerial possui uma natureza profética que o impele, a exemplo de Cristo Sacerdote, a evangelizar os pobres, restituir a liberdade aos cativos e a proclamar um ano de graça do Senhor. Tudo isso se dá pelo fato de que, neste dia, Jesus instituiu o sacerdócio católico e a sagrada Eucaristia. Nesta celebração da manhã de quinta-feira, é feita também a bênção dos sagrados óleos (Batismo, Crisma e Unção dos Enfermos), que serão usados nas paróquias durante todo o ano litúrgico. Esta celebração marca a conclusão da Quaresma.

Quinta-Feira Santa – Santa Missa Vespertina da Ceia do Senhor – Início do Tríduo Pascal

Ainda na Quinta-feira Santa, na parte da tarde ou à noite, celebra-se a Santa Missa da Ceia do Senhor. Com ela, dá-se início ao Tríduo Pascal, ou seja, marca o início de uma grande e única celebração que ainda se estenderá pelos próximos três dias. Neste período, a Igreja celebra o coração da sua fé: Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. 

No caso específico da noite da Quinta-Feira Santa, a liturgia aponta para o amor e para a humildade, especialmente por meio do conhecido rito do lava-pés. A liturgia também recorda instituição do sacerdócio ministerial e da Eucaristia, que são os maiores dons deixados por Cristo a Sua Igreja como testamento e legado do Seu coração.

É, justamente, no último ato dessa Solene Celebração que ocorre a Procissão do Translado do Santíssimo Sacramento para um lugar mais recluso. Em seguida, o altar mor da Igreja é desnudado, símbolo do aniquilamento e despojamento do Cristo, que se encaminha para sua entrega total em favor da humanidade.

:: O Santuário não está vazio

Sexta-Feira Santa

Chega-se, então, na Sexta-feira Santa, dia de jejum, silêncio oração. Dia em que Nosso Senhor expira. Às quinze horas deste dia, horário em que Jesus foi morto, é celebrada a Paixão do Senhor. É também o único dia do ano em que não se celebra a liturgia Eucarística. Em seu lugar, acontece o rito da adoração da Cruz. É importante frisar que, por mais que os nossos sentidos queiram contrapor, não se trata do “dia do luto” da Igreja, mas o dia em que cada fiel tem a graça de contemplar amorosamente, o sacrifício cruento de Jesus na Cruz, fonte de sua salvação.

:: Como viver a Semana Santa?

Sábado Santo

A solene celebração desta noite santa é chamada de Vigília Pascal ou Celebração da Luz. Trata-se de uma liturgia toda especial, que convida os fiéis a permanecerem em vigília e oração. É, nesta noite, que Jesus Cristo passa da morte e do sepulcro à vida nova. Dada sua importância, a Vigília pascal foi considerada por Santo Agostinho a mãe de todas as vigílias e o coração do Ano litúrgico. De fato, alguns ritos simbólicos dessa liturgia nos apontam para esta afirmação, por exemplo, a hora e o lugar em que se inicia a celebração, o círio, a iluminação progressiva e muitos outros elementos.

Todo o desenvolvimento do rito nos leva a contemplar a vitória de Cristo Ressuscitado: a festa da luz (bênção do fogo novo); a festa da Palavra (sete leituras do Antigo Testamento e uma do Novo, além do Evangelho); a festa da água (renovação das promessas batismais); culminando na festa do pão e do vinho: a Eucaristia, comunhão com o Corpo e Sangue de Cristo Ressuscitado.

É a Vigília mais importante do ano | Foto: (Arquivo CN)

Essa vigília, portanto, é a mais importante do ano e, por isso, celebrada com mais solenidade e expressividade. Tudo o que vivem os fiéis, nesses quarenta dias de Quaresma, foi preparando-os para esta noite santa. Esse momento não é apenas um ponto de chegada, mas um ponto de partida para os cinquenta dias de Páscoa, quer dizer, sete semanas festivas que conduzirão a todos à solenidade conclusiva: Pentecostes.

Domingo da Ressurreição

Finalmente, depois de trilharmos esse lindo percurso litúrgico, alcançamos o terceiro dia do Tríduo Pascal e o primeiro dos cinquenta dias de Páscoa que virão. “Cristo Ressuscitou, aleluia!”. É dia de festa e alegria, momento propício para celebrarmos a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte. Ele, que abriu para toda a humanidade as portas da eternidade. Trata-se do Domingo mais importante do ano, pois, a partir dele, recebem sentido todos os demais que virão durante o ano.

Círio Pascal ascendido pela primeira vez na noite do Sábado Santo | Foto: Arquivo CN

O Círio Pascal, que fora acendido pela primeira vez na noite anterior, vai acompanhar a Igreja santa de Deus ao longo destas sete próximas semanas, sendo a primeira delas, a “Oitava da Páscoa”. Os oito dias, a partir deste domingo até o próximo domingo, são como um único dia, cuja característica será permeada pela expressão: “Neste dia em que Cristo Nossa Páscoa…” recebendo a bênção solene ao fim da Celebração, como se cada dia fosse, realmente, solenidade na classificação dos dias litúrgicos.

Diante de tudo isso, pode-se afirmar que toda a vida de Cristo é Mistério de salvação, porque tudo o que Jesus fez, disse e sofreu, tinha como objetivo salvar o homem caído e restabelece-lo na sua vocação de filho de Deus (cf. CIC 512).

Gleidson Carvalho – @cngleidson 
Seminarista da Comunidade Canção Nova

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