O tema escolhido para o 27º Domingo do Tempo Comum nesta reflexão do padre Márcio Prado é o amor, auxílio e admiração. O sacerdote se baseou nas seguintes leituras em Gn 2,18-24; Sl 127; Hb 2,9-11; Mc 10,2-16
Queridos filhos e filhas do Pai das Misericórdias,
A Igreja sempre teve um olhar de gratidão pelo matrimônio, pois é do matrimônio que surgem outras famílias, e da família que surge a vocação religiosa, por isso ainda mais nesse tempo, a família precisa de um cuidado especial.
Na primeira leitura, o livro do Gênesis relata sobre a criação. Deus bom, misericordioso e criador fez todas as coisas por amor, Deus não se “aguentou” de tanto amor n’Ele mesmo, o amor Trindade, e por isso fez o mundo e fez a mais bela de todas as suas obras o homem. Deus modelou o homem segundo sua imagem e semelhança (Gn 1,26), Deus contou com a ajuda do primeiro homem, Adão, para dar nome aos seres vivos, mas Adão ainda não havia encontrado alguém semelhante a ele. Então Deus, quando o homem caiu em sono profundo, tirou uma das costelas e fez a mulher, Adão se maravilhou com a mulher.
Desse trecho da leitura há ensinamentos importantíssimos, primeiro “criados por amor”, toda criação, principalmente o homem e a mulher, são frutos do amor de Deus. Ninguém é fruto do acaso, de um erro, ainda que a pessoa não tenha sido desejada, eu e você somos frutos do amor de Deus. Na visão espiritual nenhum ser humano é um acidente, todo ser humano foi querido e é querido por Deus.
Segundo ensinamento Deus fez o homem e lhe deu uma auxiliar, a mulher. Interessante que Deus fez a mulher a partir da costela de Adão, poderia ter sido da cabeça ou do pé, ou qualquer outro lugar, mas Deus tirou da costela, por quê? Bom, não foi da cabeça para que a mulher não se sentisse superior e não foi do pé para que não sentisse inferior, e sim da costela ou do lado. Por que do lado? Exatamente para ser companheira, auxiliar, amiga, para estar ao lado, isso é papel tanto da mulher quanto do marido.
Terceiro ensinamento Adão exultou ao ver a mulher, embora o relacionamento à dois por um dado momento possa cansar, possa parecer sem sentido, principalmente você que casou, alegre-se. Homem alegre-se por sua esposa e vice-versa! Por que tantas desavenças entre marido e mulher? Porque não se olham mais e não são capazes de se admirar, infelizmente se vê apenas os defeitos e qual o caminho? Ainda que o tempo passe, que hajam mudanças no corpo de cada um, o caminho é alegrar-se, admirar-se com o(a) outro(a), muito mais pela alma e pelo coração do(a) outro(a) do que pelo físico.
No Evangelho aparece o questionamento dos fariseus sobre o divórcio e o argumento foi o grande homem de Deus, Moisés, no entanto, Jesus respondeu com a Palavra e deixou claro sobre a indissolubilidade do matrimônio. Claro que hoje a Igreja acolhe aqueles que pedem uma revisão da união, trata-se do processo de nulidade, mas não significa anular a união. E de maneira muito misericordiosa a Igreja tem feito um esforço para acolher casais de segunda união, aqueles (o homem ou a mulher ou os dois) que legitimamente foram casados na Igreja. Esses devem participar da vida de Igreja, podem participam da missa sem comungar o Corpo e Sangue do Senhor, podem dar um bom testemunho para seus filhos e para sociedade. De qualquer forma Jesus de maneira clara diz que comete-se pecado quando se abandona o(a) cônjuge, por isso que os casais enquanto namorados e até noivos precisam discernir bem se realmente são chamados a essa vocação e se já se conhecem o suficiente para assumir tal responsabilidade, uma vez que se contraiu matrimônio, são marido e esposa até que a morte os separe.
O matrimônio é uma vocação no qual Jesus elevou ao grau de sacramento (Catecismo da Igreja Católica n.1601), o Catecismo ainda ensina que “A vocação para o matrimônio está inscrita na própria natureza do homem e da mulher, tais como saíram das mãos do Criador. O matrimônio não é uma instituição puramente humana, apesar das numerosas variações a que esteve sujeito no decorrer dos séculos, nas diferentes culturas, estruturas sociais e atitudes espirituais. Tais diversidades não devem fazer esquecer os traços comuns e permanentes. Muito embora a dignidade desta instituição nem sempre e nem por toda a parte transpareça com a mesma clareza, existe, no entanto, em todas as culturas, um certo sentido da grandeza da união matrimonial. Porque “a saúde da pessoa e da sociedade está estreitamente ligada a uma situação feliz da comunidade conjugal e familiar.” (CIC n.1603).
Por fim toda vocação é importante, nenhuma é melhor que a outra, e de maneira muito especial a vocação ao matrimônio deve ser vivida entre o homem e a mulher com oração, partilha e perdão. Logo na amizade o jovem e a jovem devem viver esses passos, depois disso pode vir um namoro, um noivado e depois o matrimônio. O bom matrimônio é resultado de um bom noivado, um bom namoro e uma boa amizade que foi construída. E no casamento assumir e nunca esquecer que foram criados por amor, que um auxilia o outro, e sempre cultivar a admiração.