Igreja

Liturgia das Horas: por que rezar?

A importância da Liturgia das Horas

O mistério de Cristo celebrado na Eucaristia é transpassado por todo o dia, por meio da oração da Liturgia das Horas, como também é conhecido “o Ofício Divino”. O Catecismo da Igreja faz algumas referências sobre essa oração, como quando especifica sobre o destino da recitação da Liturgia: “A Liturgia das Horas é destinada a tornar-se a oração de todo o povo de Deus. Nela, o próprio Cristo ‘continua a exercer sua função sacerdotal por meio de sua Igreja’. […] Recomenda-se que os próprios leigos recitem o Ofício divino, ou juntamente com os presbíteros, ou reunidos entre si, e até cada um individualmente” (CIC 1175).

A Liturgia das Horas tem como finalidade a santificação de todo o dia. Dividida em momentos específicos em todo o dia, ela perpassa os vários momentos que constituem o dia, por isso, também a importância de fazer as orações nos seus devidos tempos. Como ato Litúrgico, essa oração une aquele, que no momento está recitando a oração, com toda a Igreja. União essa que acontece por meio dos Salmos e textos bíblicos, realizando uma simbiose entre a voz e coração daquele que reza.

A composição da Liturgia das Horas

A Liturgia da Horas é composta por hinos; ladainhas são inseridas à oração dos salmos, exprimem o simbolismo do momento do dia, do tempo litúrgico ou da festa celebrada. Acompanha, ainda, a leitura dos Padres da Igreja, dos mestres espirituais e de trechos de documentos do Magistérios da Igreja. Só por causa desses aspectos encontrados no Ofício divino já seria de grande valia essa oração.

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O Catecismo ainda orienta: “A Liturgia das Horas, que é como que um prolongamento da celebração eucarística, não exclui, mas requer de maneira complementar as diversas devoções do Povo de Deus, particularmente a adoração e o culto do Santíssimo Sacramento” (CIC 1178). Como um prolongamento do culto eucarístico, a Liturgia das Horas também é culto de louvor, de ação de graças. Quando se reza a Liturgia, oferece-se um louvor a Deus, com isso, presta-se um culto ao Deus verdadeiro. Por meio da santificação das horas do dia, somos transformados e reconhecemos o nosso lugar de criaturas, de filhos de Deus e de Deus como Senhor da nossa vida e das nossas horas.

O Papa Paulo VI promulgou no ano de 1970 a Reforma litúrgica da Liturgia das Horas, por meio de uma Constituição Apostólica chamada Laudis Canticum. Nas primeiras linhas da Constituição, o Papa Paulo VI escreveu a seguinte frase que é orientadora: “O cântico de louvor que ressoa eternamente nas moradas celestes, e que Jesus Cristo, Sumo Sacerdote, introduziu nesta terra de exílio, foi sempre repetido pela Igreja, durante tantos séculos, constante e fielmente, na maravilhosa variedade de suas formas”.

Orientações e Critérios

Na Constituição Apostólica Laudis Canticum, o Papa ainda fez algumas orientações sobre a Reforma Litúrgica, são elas:

1 – É importante considerar a situação das comunidades pastorais e de cada clérigo. A oração do Ofício divino, não se restringe apenas para padres ou religiosos, mas para todo o povo de Deus. Fornecendo um instrumento de oração.

2- As horas canônicas correspondem às horas do dia. Tornando mais adequado às diversas circunstâncias, é suprimida a hora de Prima e é dada a oportunidade de escolher o momento oportuno do dia para a Hora Intermédia e o Ofício das Leituras. Assim, o Ofício divino torna-se próximo de todos quantos santificam a vida nos seus diversos momentos.

3- O privilégio harmônico entre mente, boca e palavra. Realizando-se assim, uma redução dos textos e aumentando a variedade dos mesmo, prezando também pelo silêncio litúrgico.

4- O Saltério é distribuído por quatro semanas. Neste itinerário, reflete-se o mistério salvífico de Cristo, a fim de um crescimento espiritual.

5- As leituras da Sagrada Escritura na Liturgia das Horas, são ordenadas de modo que não tenha repetição e se percorra, significativamente, toda a História da Salvação.

6- Houve um aumento na variedade de textos da patrística.

7- Retirou-se tudo o que não era condizente com a história. Com isso, as leituras hagiográfica, ou seja, dos santos, sejam apresentadas os aspectos espirituais que contribuem para o crescimento espiritual e a santificação.

8- Aparecem as preces, consagrando o dia. Já nas vésperas surgem como súplicas de intercessão no término do dia.

9- É colocado em destaque a “oração cristã” que é, antes de tudo, oração de toda a família humana, associada a Cristo. Que eleva ao Pai a oração de toda a humanidade.

Fábio Nunes
Seminarista da Canção Nova

Fontes:
CATECISMO da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2000.
PAPA PAULO VI. Constituição Apostólica Laudis Canticum.

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