NOVIDADE

Um novo tempo para a Canção Nova e o Mundo

O Grande Santuário da Divina Misericórdia

Pandemia. Mortes. Desemprego. Fome. Discórdias. As realidades que nos circundam, nos últimos tempos, são perigosas por muitos motivos, porém parece que, além dos males que carregam por si mesmas, possuem um outro perigo mais sutil e ardiloso: o poder de nos roubar a esperança na misericórdia divina. Se Deus é bom e misericordioso, como permite que tantas situações ruins se abatam sobre a humanidade? Ou quando o sofrimento bate à nossa porta, como Deus permite que isso aconteça conosco? Uma possível resposta é caminhar dentro de uma lógica aparentemente paradoxal: entramos no tempo da misericórdia.

“Comunicar Jesus e a Boa Nova de misericórdia que Ele trouxe e é para o mundo.” | Foto: Arquivo CN

Em seu livro ‘Cartas do diabo a seu aprendiz’, C.S.Lewis, famoso autor cristão, comentando sobre a alegria que um jovem demônio tinha com o início da Segunda Guerra Mundial escreve algo curioso. O mentor fictício daquele ser do mal o alertava que era preciso cuidado, porque na guerra, embora nascessem grandes atrocidades, muitos seres humanos se voltavam para Deus apresentando seus sofrimentos; outros, ainda que não se voltassem para Ele diretamente, saíam do egoísmo e doavam a própria vida em nome de causas e valores humanitários, sendo elevados ao grau de mártires aos olhos de Deus.

A essa altura do texto, você pode estar se perguntando o que estou querendo falar com tudo isso. Não vamos entrar aqui na questão dos motivos de Deus permitir ou imprimir o sofrimento humano, isso está no coração d’Ele e em sua insondável sabedoria. Porém, podemos caminhar na forma como Ele, em sua infinita misericórdia, sabe se aproveitar dos nossos maiores equívocos e de nossas maiores calamidades para expressar sua bondade.

Certa vez, Padre Manoel Augusto Santos disse: “Deus sabe perfeitamente o bem que faz e o mal que permite. Se permite o mal é para dar bens ainda maiores e melhores. Deus tem mais a nos dar do que o diabo a tirar. Há algo de santo e divino escondido em todas as realidades vividas.” A cada resposta dolorosa que a existência humana apresenta, Deus revela o renovado poder de seu amor sem limites por aqueles que criou, redimiu e quer em sua presença por toda eternidade. E é aqui que o carisma Canção Nova, enquanto obra, iniciativa, resposta de Deus às necessidades espirituais específicas de um povo, de um determinado ponto da história, encaixa-se.

Em Nossos Documentos, monsenhor Jonas Abib escreveu um texto chamado “Entramos no tempo da Divina Misericórdia”. Escrito em 2002, ano jubilar da comunidade, o documento atualiza a forma de atuação missionária da Canção Nova: comunicar Jesus e a Boa Nova de misericórdia que Ele trouxe e é para o mundo. 

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:: A misericórdia trinitária

Durante uma festa da Divina Misericórdia, Deus concedeu ao Monsenhor a Palavra de 2 Crônicas 7,15-16: “Meus olhos estarão abertos e os ouvidos atentos à oração feita neste lugar. Pois agora escolhi e santifiquei esta casa dedicada ao meu nome para sempre. Meus olhos e meu coração estarão nela todo tempo”. Monsenhor Jonas intuía que precisava consagrar a Canção Nova como lugar da Divina Misericórdia, onde fosse construído um grande santuário acolhedor e que toda a comunidade fosse esse Grande Santuário da Divina Misericórdia.

Doze anos depois, a primeira parte da profecia se cumpria: acontecia a dedicação do Santuário do Pai das Misericórdias em Cachoeira Paulista (SP). A segunda intuição está em processo: toda Comunidade, cada missionário, cada vocacionado, cada membro dessa grande família chamada Canção Nova se tornar um Grande Santuário da Misericórdia. Mas de que forma? 

Como bom salesiano, Monsenhor Jonas sempre é pedagógico e claro: “Seremos os braços abertos e estendidos de Jesus. […] Seremos o coração, a face, o olhar, o sorriso de Jesus”. Uma verdadeira, árdua e desafiadora configuração a Cristo na oferta dos sofrimentos pela salvação das almas. Sim! É uma linda missão confiada a Deus, por misericórdia, à Canção Nova! 

Daí você pode me perguntar: “George, mas e eu? O que tenho a ver com isso? Não sou missionário! Não sinto esse chamado a entrar na Canção Nova! Como isso muda minha vida?”. Em primeiro lugar, espero que a ação evangelizadora da Canção Nova chegue até você, proporcionando um encontro com a misericórdia de Deus. Em segundo lugar, espero que nossas ofertas de sofrimentos, como nos ensina nosso fundador, contribuam espiritualmente para aquelas realidades que só o coração de Deus perscruta. Mas existe um terceiro ponto que cabe a você.

Monsenhor Jonas durante Santa Missa no Santuário do Pai das Misericórdias | Foto: Arquivo CN

Dentro desse mesmo documento, monsenhor Jonas cita a encíclica do Papa Pio XII sobre o Corpo Místico de Cristo, lembrando que a salvação de muitos depende dos sofrimentos, orações e sacrifícios, voluntariamente aceitos, pelos outros membros do corpo de Cristo. Você, nos sofrimentos e lutas próprias que vive, pode experimentar a misericórdia de Deus em sua vida, mas também pode se tornar canal dessa mesma misericórdia para outros. Muitas vezes, de forma silenciosa, sem que ninguém saiba, a não ser o Pai, que vê tudo que é feito em segredo.

Enfim, não há como escapar dos sofrimentos, das dores, dos pequenos e grandes martírios que nossa existência terrena nos oferece, mas quando compreendemos que Deus se aproveita de cada uma dessas realidades para demonstrar seu poder salvador, entramos, nós Canção Nova e você, em um tempo novo, o tempo da Divina Misericórdia.

George Lima
Missionário da Comunidade Canção Nova

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