Autopercepção

Por que sinto raiva?

 

Por que sinto raiva?

 Uma das realidades que caracteriza o homem é a capacidade de sentir emoções e expressá-las das mais diversas formas e intensidade. Dentre várias expressões da emoção, a psicologia indica que temos 5 emoções básicas, que são: o medo, a alegria, a raiva, o nojo e a tristeza. A partir das emoções básicas, temos várias intensidades entre elas e divisões para quais outros nomes vão sendo aplicados. 

Ao falar sobre a raiva, parece que temos um certo bloqueio ou até vergonha em assumir tal emoção, visto que seu desdobramento pode levar às perdas nos relacionamentos: mágoas, ressentimentos, falta de perdão, dificuldade para falar ou controlar impulsos, e tantas outras coisas podem surgir a partir desta emoção.

Mesmo sendo uma emoção básica e presente em todos nós, é importante compreendermos que, como seres humanos, somos dotados de mecanismos neurológicos capazes de realizar o controle dessa raiva.

O mecanismo da raiva funciona assim: frente a um evento que é capaz de desencadeá-la, ou seja, um pensamento que avalia uma situação e faz uma interpretação daquele fato, pode interpretá-lo como uma provocação, havendo então este comportamento. O corpo começa a sentir sensações desagradáveis (ansiedade, sufocamento, batimentos cardíacos acelerados e outros). Ao sentir raiva, todo nosso corpo reage: alguns sentem sinais em seu estômago, fígado, dores, tontura, sudorese, tremor. Outras pessoas partem para ação, ou seja, podem agredir de forma física ou verbal, dentre outras reações. 

Mas você deve estar pensando: é pecado sentir raiva? A raiva em si, como emoção que descrevi acima, não é pecado, porém, seus desdobramentos é que podem se encaminhar para isso. A ira, ao ser alimentada pelos vários sentimentos, poderá, então, desequilibrar-nos. Portanto, é o que fazemos com aquela cascata de sentimentos e ações advindas da raiva que nos prejudica nas dimensões física, espiritual e emocional.

Foto Ilustrativa/Wesley Almeida

 

O primeiro passo é entender como a raiva funciona em você, as situações que a geram, ou seja, reconhecer. Por exemplo, eu, Elaine, sinto muita raiva quando alguém conversando comigo diz “escuta aqui” com aquele ar soberbo e irônico. Imaginou a cena? Pois é? Essa e algumas outras coisas são capazes de me irar. Porém, para grande parte delas, eu digo que eu implodo e não explodo, mas a raiva está lá, agindo. 

Dar um outro entendimento para a situação ajuda muito, ou seja, procure perceber as situações de outra forma, com menos sentimentos de rancor. Se esta raiva já se manifestou em seu corpo e você precisa conversar com alguém, afaste-se naquele momento, pois o risco de algo não correr bem é grande. Dominá-la no começo é mais fácil do que permitir-se ser domado por ela.

Ao perceber todos sinais físicos e emocionais da raiva, pare, respire lentamente, e isso ajudará você a baixar seus batimentos cardíacos. Evite tomar decisões ou falar sobre o assunto, pois, certamente, as emoções falarão mais alto, e poderá até mesmo prejudicar seus relacionamentos e aumentar o desconforto emocional. 

Perceba também se “irritar-se” é um padrão de comportamento e emoção constante em sua vida. Será que sempre você tem reações irritadas, cheias de raiva? Muitas vezes, aprendemos a nos relacionar assim com a vida. Outras vezes, a irritabilidade unida à raiva pode ser um indicador de uma questão de saúde mais complexa, então, vale a pena fazer esse exercício de autopercepção.

Cultivar o veneno que a raiva traz e suas ervas daninhas não está no projeto de Deus para nós, porém, somos humanos e limitados; e a boa notícia é que podemos encarar as nossas dificuldades e atuar com elas de forma adulta e madura. “Não permita que a ira domine depressa o seu espírito, pois a ira se aloja no íntimo dos tolos (Eclesiastes 7,9).

Elaine Ribeiro
Psicóloga Clínica pela USP – Universidade de São Paulo, atuando nas cidade de São Paulo e Cachoeira Paulista. Neuropsicóloga e Psicóloga Organizacional, é colaboradora da Comunidade Canção Nova.
Site: www.elaineribeiropsicologia.com.br
Facebook: elaine.ribeiropsicologia
Instagram:  @elaineribeiro_psicologa

 

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