O mês de maio se encerra com a celebração da visita de Nossa Senhora a Santa Isabel; mais que uma visita apenas, a Virgem Maria, foi prestar seus serviços à sua prima idosa que estava grávida, como o Anjo Gabriel lhe havia comunicado.
Esta festa litúrgica foi estendida a toda a Igreja Latina pelo papa Urbano VI (1378-1389) para propiciar com a intercessão de Maria a paz e a unidade dos cristãos divididos pelo grande cisma do Ocidente. O sínodo de Basiléia, na sessão do 1º de julho de 1441, confirmou a festividade da Visitação.
Nos chama a atenção o que disse São Lucas, Maria foi “apressadamente” prestar-lhe serviços. Ela teve que realizar uma longa viagem percorrendo cerca de 150 km de Nazaré até a Judeia, passando pela Samaria, por Jerusalém, até Ain-Karin, onde morava a família de Zacarias.
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Certamente nesta longa caminhada de muitos dias a pé, a jovem Maria foi meditando o mistério anunciado pelo Anjo a ela. Certamente o canto do Magnificat, que ela entoa diante de Santa Isabel, foi meditado durante a longa caminhada. Ai certamente estão seus sentimentos de humilde gratidão para com a grandeza e bondade de Deus: “A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador porque Ele olhou para a humildade de sua serva…”. Ela foi a eleita de Deus por ser a mais humilde de todas as mulheres, o oposto da Eva soberba.
O Verbo de Deus encarnado em seu seio pelo Espírito Santo foi causa de graça a Santa Isabel que, inspirada pelo Espírito Santo, percebe os grandes mistérios que se operam na jovem prima, a sua dignidade de Mãe de Deus, a sua fé na palavra divina e a santificação de João Batista que exulta de alegria no ventre da mãe.
No episódio da Visitação, São Lucas mostra como a graça da Encarnação, depois de ter inundado Maria, leva graça e alegria à casa de Isabel. O Salvador dos homens, encerrado no seio da sua Mãe, derrama o Espírito Santo, manifestando-se desde o início da sua vinda ao mundo.
Disse o Papa São João Paulo II que: “São Lucas parece convidar a ver em Maria a primeira “evangelista”, que difunde a “boa nova”, dando início às viagens missionárias do divino Filho. O encontro com Isabel reveste os caracteres dum jubiloso evento salvífico… Maria irrompe com a alegria da sua fé pronta e disponível: “Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel” (Lc. 1,40).
São Lucas relata que “ao ouvir Isabel a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio” (Lc. 1,41). A saudação de Maria suscita no filho de Isabel um salto de alegria: o ingresso de Jesus na casa de Isabel, por obra da Mãe, traz ao menino João Batista aquela alegria que o Antigo Testamento anuncia como sinal da presença do Messias.
À saudação de Maria, a alegria messiânica toca Isabel, que “ficou cheia do Espírito Santo. Erguendo a voz, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” (Lc 1,41-42). Em virtude de uma iluminação do Espírito Santo, ela compreende a grandeza de Maria que, mais do que Ester e de Judite, suas prefigurações no Antigo Testamento, é bendita entre as mulheres, por causa do fruto do seu seio, Jesus, o Messias.
A exclamação de Isabel, feita “em voz alta”, manifesta um verdadeiro entusiasmo religioso, que a oração da Ave Maria continua a fazer ressoar nos lábios dos que rezam. Proclamando-a “bendita entre as mulheres”, Isabel indica o motivo da bem-aventurança de Maria na sua fé: “Feliz daquela que acreditou que teriam cumprimento as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor” (Lc. 1,45). A grandeza e a alegria de Maria têm origem no fato de ela ser aquela que acredita.
Diante da grandeza de Maria, escolhida para ser “a Mãe do meu Senhor”, Isabel compreende a honra de receber Maria: “A que devo a honra de receber a visita da Mãe do meu Senhor”? (Lc. 1,43). Com a expressão “meu Senhor” Isabel é a primeira pessoa a revelar ao mundo que Maria é Mãe de Deus. A expressão “meu Senhor” era usada no Antigo Testamento para falar do Rei-Messias (Sl. 110,1). “Cheia do Espírito Santo”, Isabel tem a mesma intuição.
Com a sua exclamação e admiração Isabel convida-nos a apreciar tudo aquilo que a presença da Virgem traz como dom à vida de cada um de nós. Ela leva Cristo a Isabel, que efunde o Espírito Santo. É o papel de mediadora de Nossa Senhora, bem mostrado pelas próprias palavras de Isabel: “Pois logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio” (Lc 1,44). A intervenção de Maria produz o dom do Espírito Santo.
Eu gosto de meditar que Jesus, ainda apenas como um embrião pequenino no seio de Maria, mas com o Verbo nele presente, toca Isabel e João Batista. Deviam meditar nisso aqueles que, para aprovar o crime do aborto, dizem que o embriãozinho ainda não é um ser humano.
Que a Virgem Maria, assim como visitou Isabel, visite também a cada um de nós, trazendo Jesus e o Espírito Santo em nossa caminhada nesta vida.
Felipe Aquino
Autor de mais de 70 livros e apresentador dos programas “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na TV Canção Nova, e “No Coração da Igreja”, na Rádio Canção Nova.