NOVA SÉRIE

Santa Teresa: "Com determinada determinação"

Santa Teresa de Jesus, doutora da Igreja, mais conhecida entre nós por Teresa D’Ávila (sua cidade natal), é a grande mestra da vida de oração.

Mas antes de falarmos sobre as maravilhas da vida interior, de adentrarmos em suas “moradas”, de avançarmos pelos diversos graus de perfeição da oração, a Santa nos faz um alerta muito apropriado:

Para aqueles que querem ir por este caminho [da oração e da intimidade com Deus], que o levará a beber desta água da vida, digo que é muito importante prestar atenção em como irão começar: em tudo, com uma imensa e muito determinada determinação! E não parar até chegar a ela [a união com Deus], venha o que vier, suceda o que suceder, dando o trabalho que der, murmurando seja quem for, até chegar lá, mesmo que se morra pelo caminho…” (Caminho de Perfeição XXI, 2).

Um alerta mais que apropriado, extremamente necessário! O grande teólogo dominicano Antonio Royo-Marin sintetizou como sendo três os motivos da falta de avanço na vida espiritual: ou não se conhece o caminho de santidade ou não se tem os meios para se santificar ou não se tem energia pessoal para persistir rumo à santificação pessoal.

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No livro “Santidade para todos: descobrindo as moradas interiores”, eu explico, com detalhes, qual é o caminho de santificação e os meios que a Santa Igreja nos oferece para crescer na vida interior. Olhemos, agora, com Santa Teresa, o terceiro ponto: a falta de vontade de se santificar.

Sim, é duro, mas em resumo, é exatamente o que Teresa nos diz: se você não se dispõe a ser santo, a viver a vida de oração pagando o preço que for para isso, sem desistir (mesmo desanimando), sem recuar (mesmo combatido), você nunca alcançará a água viva da eternidade.

Na prática, fazemos propósitos da “boca para fora”, mas não executamos para valer, ou desistimos logo depois de começar. Pense bem: aquele propósito de dieta, de mudança de alimentação, de atividade física, de dormir mais cedo ou acordar mais cedo, onde foram parar?

Mas não se confunda… estou usando exemplo de coisas que passam para focarmos naquilo que não passa. Ninguém vai para o céu ou deixará de ir por causa do seu peso, da sua forma física ou saúde. Como São Paulo, peço que olhemos os atletas que praticamente se matam para conseguir uma medalha olímpica, um pedaço de metal perecível, e nos questionemos se não vale a pena perder a vida, se for necessário, para conquistar a vida eterna.

É isso que nos diz Santa Teresa: vamos ser íntimos de Deus? Vamos construir uma vida de santidade? Vamos ser santos ou nada? Para isso, preciso começar e manter uma determinação, uma força de vontade, uma decisão inquebrantável. Uma determinada determinação.

Nos próximos artigos, vamos construir e refletir, junto com Santa Teresa, sobre esse caminho de santidade que, para ela, é necessariamente um caminho de oração pessoal e intimidade com Deus. Mas, não se engane, todo o conhecimento do mundo, todas as “dicas”, não são nada, não constroem nada, se você não se decidiu e se aplica todo dia a ser santo custe o que custar. Doa onde doer, mutile o que for necessário mutilar (Mt 5,30).

Como lembra Santa Teresa e Royo-Marin diagnosticou: tudo só começa e só pode sobreviver com uma determinada determinação de estar com Deus.

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