Especial Tudo Deixei por Ti
Ordenação 2024
Parte 2
No episódio 3, José Dimas relembra seu caminho vocacional, a experiência com o Batismo no Espírito Santo e como conheceu padre Jonas Abib com cinco anos de idade. Saiba como essa passagem marcou sua história.
No episódio 4, Dimas já está na Comunidade Canção Nova. Ele partilha como as dúvidas e anseios pela missão invadiram seu coração. Confira como ele disse não ao seminário para corresponder, primeiro, ao apelo da missão. Experiências que o levaram de volta à sua terra natal e, depois, ao chamado para abrir a missão de Nazaré na Terra Santa. Um chamado marcado pela condução do Espírito Santo.
O Especial Ordenação 2024 tem como objetivo contar a história dos quatros missionários e futuros sacerdotes da Comunidade Canção Nova
No próximo dia 8 de dezembro, José Márcio Junior, Valdeir Bento, José Dimas da Silva e Rafael Vitto serão ordenados diáconos provisórios e, futuramente, ordenados sacerdotes. Neste mês de novembro, vamos conhecer a trajetória e história que levou a vida desses jovens a uma escolha definitiva e entrega total a Cristo por meio do Sacramento do Sacerdócio.
03 – Vocacional – Leia a transcrição do vídeo
No ano de 2008, participei do Redão, o primeiro encontro vocacional com a Comunidade Canção Nova. Lembro-me de que, naquele Redão, algo mudou dentro de mim. Fiz uma experiência tão profunda com Deus naquele encontro. Lembro-me de que, ao terminar o encontro vocacional, saí da missão de Gravatá. A missão fica na parte alta da cidade de Gravatá. E quando saía dali, olhando para a cidade, parecia que tudo tinha mudado, tudo estava diferente. A cidade mudou, e, olhando para o povo, algo também mudou. Na verdade, não era o externo que havia mudado; eu é que havia mudado.
Naquela experiência do Redão, após o momento de efusão do Espírito Santo, tive a graça de experimentar, digamos assim, o batismo no Espírito Santo. Já orava em línguas. Já vivia uma experiência de oração intensa. Já caminhava na Igreja — não fui alguém afastado da Igreja —, mas, na experiência daquele encontro vocacional, na oração de efusão que recebi, experimentei uma relação tão profunda com Deus que mudou minha vida. Ao mesmo tempo, senti a certeza de que Deus me queria na Canção Nova.
Minha forma de rezar tornou-se diferente. A partir daquele dia, minha forma de ver o mundo tornou-se diferente. Lembro-me de que chorei muito. Não conseguia entender o que havia acontecido em meu interior. Chorei muito; ao mesmo tempo, chorei porque me sentia tão amado por Deus, que ninguém me amava como Deus me amava. Então, foi uma experiência profunda com o amor de Deus e, ao mesmo tempo, ali surgiu a certeza de minha vocação para a Canção Nova.
Como muitos jovens que têm dúvidas em relação à vocação, sentia que Deus me chamava para ser d’Ele. Deus me chamava para ser padre. Agora, onde? Porque, em meu bairro, havia a comunidade Obra de Maria, havia a diocese, havia outros carismas que eu conhecia. Então, tinha essa dúvida: onde Deus me quer? A partir daquele encontro, a certeza ficou muito mais viva em mim de que Deus me chamava à Canção Nova. Deus me chamava a esse carisma. É muito bonito ver que, em minha história, ao longo desses anos, a Canção Nova esteve entrelaçada em minha história, entrelaçada em minha vida. Minha vocação de sacerdócio e minha vocação ao carisma Canção Nova são inseparáveis. Tudo foi crescendo comigo; tudo foi crescendo à medida que eu ia crescendo, minha vocação ia crescendo, meu carisma ia crescendo dentro de mim. Então, existe toda uma história para eu, Dimas, chegar aqui hoje.
Em 2008, realizei o Caminho Vocacional na missão de Gravatá. Em 2009, ingressei na Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista, no então pré-discipulado. Foi a primeira vez que me afastei de casa para um lugar tão distante, a fim de participar do pré-discipulado. Trilhei todo esse caminho no pré-discipulado e, posteriormente, realizei o discipulado em Lavrinhas, em 2010, experiência que aprofundou ainda mais meu enraizamento no carisma Canção Nova, em minha vocação e no amor a meu fundador.
Identifico em mim traços marcantes do carisma Canção Nova, com os quais sempre me reconheci. A devoção a Nossa Senhora da Canção Nova é algo muito forte em minha vida, assim como a dimensão eucarística da comunidade. O jeito de ser da Canção Nova sempre me encantou e define quem sou. O amor ao Padre Jonas também é significativo, pois lembro-me da primeira vez em que o vi, em 1995, em Gravatá, na inauguração da Rádio Canção Nova de Gravatá. Ainda criança, com cinco anos, fui com minha tia a um encontro com o Padre Jonas. Guardo até hoje a lembrança dele pregando no palco, na cidade de Gravatá, na inauguração da Rádio Canção Nova de Gravatá. A figura do Padre Jonas, em minha infância e em minha vida, é algo muito marcante.
Encantei-me com o Cristo que meu fundador me apresentou, e sigo esse Cristo nas pegadas de meu fundador. São coisas que marcaram minha infância, marcaram minha adolescência e marcam minha vida até hoje.
04 – Padre ou Missionário – Leia transcrição do vídeo
Em 2009, ingressei na Comunidade Canção Nova. Em 2010, mudei-me para Lavrinhas. Ali, durante o discipulado, vivi uma experiência muito interessante e marcante. Sempre me encantei e me comoveu profundamente a questão da missão, a dimensão missionária. Tanto que essa característica, a de homem missionário chamado a viver em comunidade, porém em uma comunidade missionária como a Canção Nova, tornou-se parte de mim.
Durante o discipulado, ao longo de 2010, comecei a rezar; Deus, em sentido positivo, foi incomodando meu coração, colocando-me à disposição para ir à missão. Então, logo após o discipulado, iríamos para o seminário para o primeiro ano de filosofia. Eu via os outros vibrarem com a perspectiva do ano seguinte, da filosofia, mas, dentro de mim, não havia a mesma vibração. Eu sabia que Deus me chamava para ser padre, mas sentia que não era a hora. Queria viver, primeiro, como missionário na comunidade. Queria experimentar a vida missionária na Canção Nova antes de ingressar no seminário.
Lembro-me de ter compartilhado isso com a equipe de formação de Lavrinhas. Na época, os formadores não compreenderam muito bem. “Mas você é o único que a gente vê que tem jeito, que tem cara, tem isso e aquilo. Não, você não vai dizer não.” E eu dizia: “Não vou, não, não. Vocês querem que eu vá estudar filosofia? Não, não vou. Prefiro ir para a missão. Quero ser missionário. E, depois da missão, venho para o seminário.” Vivi aquele ano em discernimento.
Naquele ano, li o livro “Venha, seja Minha Luz”, de Madre Teresa de Calcutá. Senti que, dentro do meu chamado sacerdotal, existia outro chamado, o chamado à missão, a ser missionário. Então, naquele ano de oração e discernimento, ao final, percebi que Deus queria que eu fosse, primeiramente, para a missão como missionário, e depois para o seminário.
Terminei o discipulado em 2010. Em 2011, vim para Cachoeira Paulista para o primeiro ano de juniorato. Depois, em 2012, fui para a missão de Aracaju. Lembro-me de que, quando morava em Aracaju, as pessoas me encontravam e diziam: “Olha o seminarista da Canção Nova!” Eu respondia: “Não, não sou seminarista, sou missionário”.
Era algo que as pessoas percebiam em mim: “Você é seminarista”. Mas eu, internamente, sentia: “Não, sou missionário”. Ao mesmo tempo, naquele período, fui descobrindo, fui orando.
Estando ainda em Aracaju, fui remanejado para a missão na Terra Santa, para abrir a Casa de Missão de Nazaré. Após dez meses em Aracaju, o Conselho me designou para a Terra Santa, a fim de abrir uma casa em Nazaré, na Galileia, e lá fui eu.
Em Nazaré, senti fortemente o chamado de Deus para me consagrar inteiramente a Ele. Contudo, em meu coração havia muitas dúvidas: será que Deus me quer como padre na Canção Nova? Será que Deus me quer como celibatário na Canção Nova? Porque o celibatário é, digamos, um homem mais livre.
Valdeir Bento | Ingresso no seminário, apostolado e estudos
Rafael Vitto | Frutos do seminário e Lema Diaconal
Ao imaginar-me preso à estrutura de um seminário, estudando por anos — sete anos, por exemplo —, sentia uma angústia profunda. Pensava: “Meu Deus, será que aguentarei sete anos na mesma rotina de estudos?”. Eu me via como missionário, no mundo.
Sou daqueles que, se a comunidade disser: “Dimas, vá para tal lugar”, eu irei. Vim para ser missionário. Queria sair em missão, partir em missão. Minha madrinha vocacional é Santa Teresinha, e, aos treze anos, fiz uma consagração a ela. Dizia a ela que seria o que ela não foi: um missionário que percorre a Terra. Ela foi monja de clausura, missionária sem sair do claustro, mas eu seria missionário, percorrendo a Terra.
Na Terra Santa, essa inquietação cresceu. Deus me chamava para ser padre ou celibatário? A questão dos estudos pesava. Via padres às vezes muito presos à rotina; o celibatário, mais livre. Comecei um caminho de discernimento para o celibato. Fiz o primeiro compromisso de celibato, como leigo, na Terra Santa. Porém, após esse primeiro compromisso, feito no Carmelo de Santa Miriam, em Belém, algo mudou em mim.
Um mês depois de ter feito o compromisso, percebi que não era aquilo. Senti que Deus me queria padre, não apenas como celibatário. Deus me queria por inteiro. Nas missas na Terra Santa, via padres pregando e pensava: “Meu Deus, eu me vejo no presbitério, no ambão pregando, celebrando a missa”.
Comunicação Santuário do Pai das Misericórdias