SÉRIE JUÍZO FINAL

O que a Igreja ensina sobre o juízo final?

A vida de todo ser humano tem um fim. Pensar na morte é algo que está em extinção no mundo contemporâneo. Temos medo do que não conhecemos e não vemos. Somos uma sociedade presa aos sentidos e, com isso, colocamos a nossa confiança no que vemos e ouvimos, mas esquecemos que a vida é como um sopro e a morte para o cristão católico é o encontro com o Senhor da nossa vida. Diz São Paulo: “o que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração algum jamais pressentiu” (1Cor 2,9).

Introduzidos por essa realidade, podemos entender o que a Igreja ensina sobre o Juízo Final. Diz o Catecismo da Igreja Católica(CIC): “O Juízo final terá lugar quando acontecer a vinda gloriosa de Cristo. Só o Pai sabe o dia e a hora, só Ele decide sobre a sua vinda. Pelo seu Filho Jesus Cristo. Ele pronunciará então a sua palavra definitiva sobre toda a história. Nós ficaremos a saber o sentido último de toda a obra da criação e de toda a economia da salvação, e compreenderemos os caminhos admiráveis pelos quais a sua providência tudo terá conduzido para o seu fim último. O Juízo final revelará como a justiça de Deus triunfa de todas as injustiças cometidas pelas suas criaturas e como o seu amor é mais forte do que a morte” (CIC 1040). 

Todos os homens e mulheres comparecerão perante o tribunal do Senhor no dia do Juízo. Diante d’Ele, serão revelados todos os caminhos da Providência de Deus e as intenções mais íntimas do coração de cada homem. Será o momento do encontro com a Verdade. “É perante Cristo, que é a Verdade, que será definitivamente posta descoberto a verdade da relação de cada homem com Deus. O Juízo final revelará, até às suas últimas consequências, o que cada um tiver feito ou deixado de fazer de bem durante a sua vida terrena” (CIC 1039). 

A certeza de que todos, os vivos e os mortos, nos encontraremos perante o Senhor não pode ser para nós fonte de medo ou de desespero. “A mensagem do Juízo final é um apelo à conversão, enquanto Deus dá ainda aos homens «o tempo favorável, o tempo da salvação» (2 Cor 6, 2). Ela inspira o santo temor de Deus, empenha na justiça do Reino de Deus e anuncia a «feliz esperança» (Tt 2, 13) do regresso do Senhor, que virá «para ser glorificado nos seus santos, e admirado em todos os que tiverem acreditado» (2 Ts 1, 10) (CIC 1041). 

Saber que o Senhor virá e julgará a todos nós não nos leva a uma vida fora de órbita, longe do mundo, mas nos implica a busca de uma vida santa aqui na terra. O Senhor que encontraremos no dia do Juízo Final precisa ser o amigo que conhecemos aqui na terra e que não nos é estranho. Afirma o Joseph Ratzinger: “Não será um estranho que nos julgará, e sim aquele que conhecemos pela fé. Assim, o juiz não surgirá diante de nós como um ser totalmente desconhecido, será um de nós, que conhece e sofreu a existência humana em seu íntimo. Dessa maneira brilha sobre o juízo final a aurora da esperança; não será apenas o dia da ira, será o dia da volta do Senhor… Naquele dia do temor, o cristão perceberá surpreso que aquele a quem ‘foi dado todo o poder no céu e sobre a terra’ (Mt 28,18) foi, na fé, o companheiro de seus dias na terra, e é como lhe impusesse as mãos já agora, nas palavras do Símbolo, para dizer: Não tenhas medo, sou eu” (Introdução ao Cristianismo, pág. 240).

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“O desfecho do mundo não depende de nós, está nas mãos de Deus. Mas, ao mesmo tempo, o cristão sabe também que essa libertação não é incondicional, que Deus não o deixa simplesmente brincar, sem levar a sério o que ele faz. Ele sabe que precisa corresponder, que terá de prestar contas dos dons que lhe foram confiados. Só existe responsabilidade quando há alguém que pergunta e cobra. E é o artigo do julgamento que coloca infalivelmente diante de nós esse questionamento de nossa vida” (Joseph Ratzinger, Introdução ao Cristianismo, pág. 239).

Não tenhamos medo. As injustiças deste mundo não imperará sobre o juízo definitivo das nossas vidas. Quem nos julgará é o Senhor, e nos julgará com o amor. Assim como um Pai que corrige os filhos porque ama, o Senhor nos julgará porque nos ama. A igreja não nos amedronta com o ensinamento sobre o Juízo Final, mas nos educa, mostrando-nos que a nossa vida exige responsabilidade e que é o que vivemos no hoje que será a matéria a ser julgada pelo Senhor, a fim de definir o destino de nossas almas. 

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