Origem
Com origem hebraica, o Jubileu era uma solenidade pública celebrada a cada 50 anos, quando as dívidas e penas eram perdoadas e os escravos libertos. É o nome de um ano particular: que parece derivar do instrumento que se usava para indicar o seu início; trata-se do yobel, chirfre do carneiro, cujo o som anuncia o Dia da Expiação (Yom Kippur). Essa festa ocorre a cada ano, mas encontra um significado muito maior quando coincide com o ano jubilar, ou seja, 50 anos da festa precedente.
Já entre os católicos, é indulgência plenária concedida pelo Papa a intervalos regulares (atualmente a cada 25 anos) e, por vezes, em ocasiões de aniversários e fatos religiosos importantes. A indulgência plenária é concedida durante todo o ano Jubilar.
Indícios Bíblicos
Encontramos uma primeira ideia disso nas Sagradas Escrituras: o ano jubilar tinha que ser convocado a cada 50 anos, já que era o ano “extra”, a mais, que se vivia a cada sete semanas de anos (cf. Lv 25,8-13). Ainda que fosse difícil de realizar, foi proposto como ocasião para restabelecer uma correta relação com Deus, entre as pessoas e com a criação, e implicava o perdão de dívidas, a restituição de terrenos arrendados e o repouso da terra.
Em vez do pagamento de dívidas, restituição de terrenos e pausas para que ele descanse para a próxima semeadura, o “Ano Santo”, assim definido pelo próprio Jesus citando o livro de Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres. Enviou-me a proclamar a redenção aos cativos e a vista aos cegos, a restituir a liberdade aos oprimidos, a proclamar o ano da graça do Senhor” (Lc 4,18-19; cf. Is 61,1-2). É o ano da graça proclamado pelo Senhor. Estas palavras de Jesus revelam o caráter da sua missão confiada pelo pai, a Salvação do seu povo. A ocasião do Ano Santo para os Cristãos é, acima de tudo, a oportunidade de reconciliação com Deus através da remissão dos pecados. É viver um ano de misericórdia, reconciliação e conversão de vida.
O Jubileu na história da Igreja
Bonifácio VIII, em 1300, proclamou o primeiro Jubileu, também chamado de “Ano Santo”, porque é um tempo no qual se experimenta que a santidade de Deus nos transforma. A sua frequência mudou ao longo do tempo: no início, era a cada 100 anos; passou para 50 anos, em 1343 com Clemente VI; e para 25 anos, em 1470, com Paulo II.
Também há jubileus “extraordinários”: por exemplo, em 1933, Pio XI quis recordar o aniversário da Redenção, e, em 2015, o Papa Francisco proclamou o Ano da Misericórdia. A forma de celebrar esses anos também foi diferente: na sua origem, fazia-se a visita às Basílicas romanas de São Pedro e São Paulo, portanto, uma peregrinação; mais tarde, foram-se acrescentando outros sinais, como a Porta Santa.
Existe a tradição de que os cristãos católicos fazem uma peregrinação até Roma para passar pela Porta Santa na Basílica de São Pedro ou nas demais Basílicas papais, porém, o Papa Francisco, na Bula Apostólica que orienta como se deve proceder no Jubileu com o título “Spes non Confundit”(“a esperança não decepciona”), sobre os peregrinos que não poderão vir a cidade eterna, nos diz: “Penso em todos os peregrinos de esperança, que chegarão a Roma para viver o Ano Santo e em quantos, não podendo vir à Cidade dos apóstolos Pedro e Paulo, vão celebrá-lo nas Igrejas particulares. Possa ser, para todos, um momento de encontro vivo e pessoal com o Senhor Jesus, «porta» de salvação (cf. Jo 10, 7.9); com Ele, que a Igreja tem por missão anunciar sempre, em toda a parte e a todos, como sendo a «nossa esperança» (1 Tm 1, 1) .”
Sinais: Porta Santa
O Jubileu possui vários sinais que portam o peregrino à uma experiência com Jesus. São eles: a peregrinação, a oração, a reconciliação e a porta santa. Mas para que ter uma Porta Santa onde os peregrinos possam passar? Qual seu significado?
A meta da peregrinação Jubilar que iremos vivenciar no ano de 2025 é Jesus Cristo, Porta Santa, e do encontro com Deus ao encontro consigo mesmo e com os outros. Não é uma Porta a ser superada com a presunção humana de conquistar o mistério que esconde, mas uma porta escancarada pela misericórdia divina, diante da qual se pode ajoelhar-se com o coração para professar a conversão ao mistério que ela revela e receber a graça que liberta das amarras do pecado e faz florescer a ação de graças.
A Porta Santa aberta pelo Papa constitui o início oficial do ano santo; ao passar por ela, o peregrino se recorda do Evangelho que nos ensina: “Eu sou a porta; quem passar por mim será salvo. (Jo 10,9). O gesto expressa a decisão de seguir e deixar-se guiar por Jesus, o Bom Pastor; a vida velha fica do lado de fora ao passar por esta Santa Porta. Afinal, a porta é também uma passagem que leva para dentro de uma Igreja. Para nós cristãos católicos, não é apenas uma lugar sagrado, do qual devemos nos aproximar com respeito, com comportamento e vestuário adequados, mas é um sinal da comunhão que une cada crente a Cristo: é o lugar do encontro e do diálogo, da reconciliação e da paz que aguarda a visita de cada peregrino, o espaço da Igreja como uma comunidade dos fiéis.
A Porta Santa que o Papa abrirá, na noite de Natal, na Basílica do Vaticano, é, portanto, o sinal da passagem salvífica aberta por Cristo com a sua encarnação, morte e ressurreição, chamando todos a viver reconciliados com Deus e com os outros.
Por isso, passar por ela evoca a passagem que todo cristão é chamado a fazer do pecado à graça, há um único acesso que abre a entrada na vida de comunhão com Deus: este acesso é Jesus, único e absoluto caminho de salvação.
E aqueles que atravessam “a Porta do Senhor” sabem que não o fazem apenas pelos seus méritos, mas porque são justificados pelo sangue do Redentor que os purificou, alvejando as suas vestes. “Santa” é a Porta do Jubileu, porque chama à santidade da vida.
BIBLIOGRAFIA
Dicionário de Oxford www.iubilaeum2025.va
Bula Apostólica Spes non Confundit. Papa Francisco
Corrado Maggioni. Porta Santa: segno del varco salvifico aperto da Cristo per l’intera umanità, vatican.va.
The Holy See