Consagre seu ano a Deus, o Pai das Misericórdias!
Quando termina um ano, as empresas fecham uns dias para balanço, a fim de recomeçar o novo ano com tudo em ordem, contabilizado, contado e planejado. Sem isso não há progresso. Da mesma forma, a nossa vida material e espiritual; precisamos dar um balanço e, com clareza e sem medo, olhar o que foi feito de bom e de errado. Continuar o que foi bem e melhorar, eliminar ou corrigir o que não foi bem.
Há um provérbio que diz: “Um homem motivado vai à Lua; sem motivação, não atravessa a rua!”. Então, para que possamos ter um ano fecundo, precisamos ter motivação, saber onde se queremos chegar, ter uma meta, um ideal permanente. O cristão sabe que está nesta vida para amar e servir a Deus de todo coração e viver com Ele eternamente a vida bem-aventurada na comunhão dos anjos e dos santos. Ele não se engana, sabe que foi feito para o Infinito.
Jesus ensina como o cristão deve viver cada dia do ano: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo” (Mt 6,33). Isto quer dizer, “Deus em primeiro lugar” no Ano Novo. “Amar a Deus sobre todas as coisas” é o Mandamento mais importante.
É hora de agradecer a Deus as graças que recebemos no ano que termina, pedir perdão por nossos erros cometidos; e continuar a caminhada em busca da perfeição querida por Deus. E para isso não há “receitas novas”; é o mesmo que a Igreja sempre nos ensina. O “caminho da perfeição” é o da realização da vontade de Deus, expressa nos seus Mandamentos, nos Evangelhos e na voz da Igreja. Nada de novo. Não podemos ser felizes sem ouvir e obedecer à voz da Igreja, pois Jesus disse aos Apóstolos: “Quem vos ouve, a Mim ouve; quem os rejeita, a Mim rejeita…” (Lc 10,16)
Deus nos leva à perfeição que deseja nos acontecimentos da vida, guiando-nos para Ele. Muitas vezes, são caminhos de dores e lágrimas, mas conduzidos por Sua mão bondosa que corta e opera para curar. São Paulo diz que “o justo vive pela fé” (Rm 1,17); e “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11,6). E nos lembra que “o corpo vai desfalecendo, mas o espírito se renova. A nossa tribulação presente, momentânea e ligeira, nos prepara um peso eterno de glória sem medidas” (2 Cor 4,16).
Para viver bem é preciso uma luta permanente contra os pecados, pois eles fazem a nossa infelicidade. Santo Agostinho disse: “Teus pecados são tua tristeza, deixe que a santidade seja a tua alegria”.
E precisamos alimentar a alma com o sagrado Corpo de Cristo na Eucaristia, “remédio e sustento para a nossa vida”. Sem isso nossa alma não fica de pé.
Ela precisa também do alimento diário da Palavra de Deus, “viva e eficaz” (Hb 4,14), transformadora. “Vossa palavra é um facho que ilumina meus passos. E uma luz em meu caminho” (Sl 118, 105), canta o Salmista. “Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para persuadir, para corrigir e formar na justiça” (2Tm 3,16), ensinou o Apóstolo.
Não podemos viver bem o Ano novo sem uma vida de oração diária, com qualidade, com meditação e devoção, conversa íntima com Deus, com o coração, sem pressa. Não importa a quantidade, mas a qualidade.
E para tudo isso precisamos pedir a Deus a virtude da perseverança. Santa Teresa de Jesus aconselhava: “Importa muito, em tudo, uma grande e muito determinada força de não parar até chegar à meta, venha o que vier, suceda o que suceder, custe o que custar, murmure quem murmurar”.
Nossas metas para um Ano novo não podem ser apenas temporárias e materiais: ganhar dinheiro, comprar um carro, trocar os móveis, emagrecer, viajar mais, comer melhor e assim por diante. Essas aspirações, se forem tomadas como um fim, são insuficientes para satisfazer a nossa alma, pois ela tem sede do Infinito.
Não há como ser feliz também sem trabalhar, pois é da vontade de Deus, é por meio dele que acabamos a obra da Criação que Deus apenas começou e nos entregou para completar. O trabalho é redentor. É um antídoto ao pecado. É a sentinela da virtude. Trabalhando com honestidade e competência, hoje, você prepara o seu futuro e da sua família sem estresse. Uma orientação segura é esta que São Paulo nos deixou: “Tudo o que fizerdes, fazei de bom coração, não para os homens, mas para o Senhor, certos de que recebereis a recompensa das mãos do Senhor. Servi a Cristo Senhor!” (Col 3,23)
Faça tudo “para o Senhor”: a casa que você limpa, a roupa que você lava, a comida que prepara, o bebê que você alimenta, o marido que você consola, o filho que você educa, o doente que você opera… E terás um Ano Novo Feliz! Trabalhar faz bem, e fazer o bem faz bem. Servir com alegria e com um sorriso, é uma receita de felicidade. “Alegrai-vos sempre no Senhor, repito, alegrai-vos.” (Fl 4,4).
Santa Teresinha recomendava o caminho da “infância espiritual” para chegar à perfeição. “É o caminho da confiança e do completo abandono” em Deus; e “lançar a Jesus as flores dos pequenos sacrifícios” (Últimos colóquios). “Em todas as circunstâncias dai graças…” (1 Ts 5,17). Então, diga Adeus ao ano velho e “a Deus” o Ano Novo, abandonando-se ao Pai das Misericórdias.
O Ano Novo começa com a Solenidade de Maria, Mãe de Deus. Não podia começar melhor. A ela precisamos nos consagrar todos os dias do Ano novo. Como Mãe de Deus ela é a “onipotência suplicante”, disse o doutor da Igreja, São Bernardo. O que ela não pode? O que Deus pode por natureza, ela pode por graça. Jesus a deu a nós aos pés da cruz (Jo 19,25), para ser nossa mãe espiritual, nossa “formadora para o céu”.
Assim como ela formou Jesus no seu seio, pelo Espírito Santo, ela forma Jesus em nossa alma por seu Divino Esposo. Não podemos ter um ano feliz sem caminhar todos os dias com ela. Ela é Aquela que “avança como a aurora, brilhante como o Sol e temível como um exército em ordem de batalha…”
Feliz Ano Novo! Tudo conforme Jesus e a Igreja nos ensinam.