Interessante a colocação de Francisco, o homem de Assis: “Pregue o Evangelho em todo tempo.” Nos momentos em que foi necessário usar palavras, ele as utilizou. Mas, ao longo de sua vida, foi muito mais gesto do que discurso. Mais testemunho do que fala.
São Francisco de Assis foi reconhecido pela Igreja como o Filho da Pobreza, não por pregações persuasivas ou discursos eloquentes, mas pela riqueza de sua pobreza vivida. Sua vida gritou no silêncio e esse grito continua ecoando séculos depois, conquistando corações não pela teoria, mas pela prática do Evangelho.
Recordo também as palavras do saudoso Papa Francisco: “A Igreja não cresce por proselitismo, mas por atração.” Ou seja: não é a força do argumento que conquista, mas a beleza de um testemunho autêntico. Palavras podem ser questionadas; o testemunho, não. Ele é claro, visível, palpável.
Mahatma Gandhi, que não era cristão, chegou a afirmar: “Eu seria cristão, sem dúvida, se os cristãos o fossem vinte e quatro horas por dia.” Uma provocação dura, mas verdadeira, que nos chama à coerência de vida.
Não digo isso para diminuir a importância da palavra. Pelo contrário, é essencial proclamar o nome de Jesus a todas as nações, especialmente para aqueles que têm a missão de anunciar às multidões. Mas a vitalidade do cristianismo se sustenta no testemunho de vida.
Quem de nós nunca foi marcado pelo exemplo de alguém? Quantas vezes vimos irmãos e irmãs que, mesmo em meio à dor, permaneceram firmes, professando Jesus não só com palavras, mas com atitudes que falam mais alto do que qualquer sermão?
O mundo de hoje tem sede de testemunhos. A Igreja precisa de pregadores, sim, mas, acima de tudo, de homens e mulheres que preguem com a vida. O testemunho é a voz que ressoa em um mundo tantas vezes surdo à verdade. Pessoas estão cansadas de discursos e de debates vazios. O que realmente toca os corações é uma vida que transpira Cristo em cada gesto, em cada atitude, em cada detalhe do cotidiano.
E talvez esse seja exatamente o desafio que está diante de você. No seu ambiente de trabalho, na sua casa, nos lugares por onde passa, pode haver muita palavra e pouco testemunho. E permita-me ser direto: esse chamado começa em você.
Que os nossos limites não sejam justificativa para não viver o Evangelho. A vida de uma pessoa pode transformar a vida de muitas outras.
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Termino com uma pequena parábola, simples, mas profunda:
Um pai disse ao seu filho:
— Tenha cuidado por onde caminha.
E o filho respondeu:
— Tenha cuidado o senhor, pois eu sigo os seus passos.
As palavras podem se perder com o tempo, mas os gestos permanecem. O caminho que você escolher trilhar será seguido por outros não pelo que disser, mas pelo que viver.