O padre Márcio nos leva a uma reflexão para o terceiro domingo da quaresma
Queridos filhos e filhas do Pai das Misericórdias estamos na terceira semana da quaresma, uma caminhada já foi percorrida, é importante que possamos constatar quais foram os avanços, onde é preciso melhorar, e nada melhor do que a liturgia do domingo para iluminar nossa semana.
A primeira leitura (Êx 20,1-3.7-8.12-17) Moisés recebeu e pronunciou em nome de Deus os dez mandamentos, são regras básicas que perpassam o tempo e a história da humanidade, essas leis são tão significativas e preciosas que a maioria, para não dizer todas, das nações adotaram e implantaram essas leis ou parte delas em suas respectivas realidades.
São mandamentos, regras, leis que servem para bem organizar a vida de uma de uma família, de uma cidade, de um país e do mundo. Os mandamentos são regras que bem executadas geram vida, as regras devem ser encaradas para boa organização do dia-a-dia, como dos trabalhos, dos grupos. Os mandamentos não devem ser encarados como um peso, um fardo, onde até mesmo Deus poderia castigar se faltasse com a obediência, a lei é para vida.
E Jesus no Evangelho (Jo 2,13-25) relembrou e alertou para uma regra muito simples a ser vivida, a oração na casa de Deus. Jesus foi à Jerusalém, cidade onde daria a grande, a maior e escandalosa prova de que ama a humanidade na morte de cruz, ali o Senhor alertou de maneira enérgica que o templo de Deus é lugar de oração, mas que haviam muitos que a transformaram num lugar de comércio, de negócios.
Jesus foi e é manso e humilde de coração, contudo sua mansidão não deve ser entendida como desinteressada, “tudo bem, sem problema, as coisas não são bem assim”, o Cristo teve coragem de “refrescar” a memória daqueles vendilhões “minha casa é casa de oração”, com isso o senhor mostrou a seriedade com que se deveria encarar o templo de Deus. O templo de Jerusalém, a casa de Deus, é lugar onde se entra em contato com Ele, onde se faz orações e sacrifícios, e alguns haviam perdido essa noção do sagrado e se Jesus falasse mansamente talvez não teriam “acordado”, e por ter sido um tanto “violento” nas reações não significa que ele não foi misericordioso.
Nesse sentido vale a pena chamar a atenção para três realidades, a primeira como me comporto na casa de Deus/Igreja? A segunda, como vivo minha em minha casa? E a terceira, como está meu interior?
A primeira questão diz respeito ao meu comportamento no espaço/ igreja vou para lá para negociar com Deus, fazer troca, “eu lhe dou isso e o Senhor tem que me dar”, isso não é confiança ou intimidade com Deus, isso é falta de respeito de temor a Deus, isso é pecado. Como estão minhas vestes, vou para igreja para me exibir, exibir roupas, perfumes, vou para conquistar alguém? Na verdade devo para Igreja para ser conquistado e alimentar a minha fé n’Ele.
E a minha casa, segundo questionamento, é casa de oração? As vezes nossas casas tem espaços dedicados a tantas coisas, cantinho das fotos, cantinho do clube de futebol, “cantão” para brincadeira, e o espaço para Deus? Deus tem espaço em casa? Um oratório, alguns quadros com frases bíblicas, uma Bíblia aberta, que é lida e não apenas um enfeite? Talvez você diga “Mas em casa eles não rezam, não vão à igreja”, bom você pode fazer uma breve prece agradecendo a Deus por aquele café da manhã, aquele almoço? Por favor não vai me rezar um rosário eles não vão aguentar mesmo, tem que ir devagar e aos poucos eles vão perceber que é preciso agradecer pelas coisas simples da vida.
No último ponto, o meu interior, como está a casa do meu coração? Eu sou templo onde Deus habita. Do que tenho me alimentado, do que o meu coração está cheio? De rancor, ódio, no meu coração acolho as desgraças que são noticiadas? Arrumar a casa do coração é alimentar a fé, a esperança, é romper com o pecado, com o negativismo, que tal permitir que o Senhor mais uma vez passe no seu interior e expulse aquilo que não condiz com um ser cristão?
Por fim, Deus que é rico em misericórdia e nos ama mesmo com nossas faltas (2ª leitura, Ef 2,4-10), nos dá uma nova oportunidade, as vezes Ele é duro conosco e precisa ser para nos levantar, pois poderíamos ser tentados em pensar que merecemos algo, quando na verdade “é pela graça que somos salvos, mediante a fé. E isso não vem de vós; é dom de Deus! Não vem das obras, para que ninguém se orgulhe” (2,8-9).