RECONCILIATIO ET PAENITENTIA
O Papa João Paulo II lançou, no dia 2 de dezembro de 1984, a Exortação Apostólica pós-sinodal RECONCILIATIO ET PAENITENTIA, ao episcopado, ao clero e aos fiéis sobre a Reconciliação e a Penitência na missão da Igreja.
O site do Santuário do Pai das Misericórdias disponibiliza este documento do Papa, que fala sobre a reconciliação. Para ler na íntegra, clique aqui.
Reconciliação X Divisão
“Falar de Reconciliação e Penitência, para os homens e mulheres do nosso tempo, é convidá-los a reencontrar, traduzidas na sua linguagem, as próprias palavras com que nosso Salvador e Mestre Jesus Cristo quis iniciar a Sua pregação: “Convertei-vos e acreditai no Evangelho”, ou seja, acolhei o anúncio jubiloso do amor, da adoção como filhos de Deus e, consequentemente, da fraternidade.
[…]”O olhar do pastor descobre, infelizmente, entre diversas características do mundo e da humanidade do nosso tempo, a existência de numerosas, profundas e dolorosas divisões. Estas divisões manifestam-se nas relações entre as pessoas e entre os grupos, como também ao nível das coletividades mais amplas: Nações contra Nações, e blocos de países contrapostos, numa árdua busca de hegemonia. Na raiz das rupturas não é difícil identificar conflitos que, em vez de serem resolvidos mediante o diálogo, se agudizam no confronto e na oposição.
Por outro lado, uma vez que a Igreja, sem se identificar com o mundo nem ser do mesmo, está inserida e em diálogo com ele, não é para admirar que se notem na sua própria estrutura repercussões e sinais da divisão que dilacera a sociedade humana. Para além das cisões entre as comunidades cristãs que há séculos a contristam, a Igreja experimenta hoje no seu seio, aqui e além, divisões entre as suas próprias componentes, causadas pela diversidade de pontos de vista e de escolhas, no campo doutrinal e pastoral. Também estas divisões podem, por vezes, parecer irremediáveis.
Desta reconciliação nos fala a Sagrada Escritura, convidando-nos a fazer todos os esforços para alcançá-la; mas diz-nos por outro lado, que ela é, primeiro que tudo, um dom misericordioso de Deus ao homem. A história da Salvação — a salvação de toda a humanidade, como a de cada homem, em qualquer momento — é a história admirável de uma reconciliação: aquela reconciliação pela qual Deus, que é Pai, no Sangue e na Cruz do Seu Filho feito homem, reconciliou consigo o mundo, fazendo nascer assim una nova família de reconciliados.”
A reconciliação, todavia, não poderá ser menos profunda do que se apresenta a divisão. A nostalgia da reconciliação e a própria reconciliação serão plenas e eficazes, na medida em que atingirem — para a cura— aquela dilaceração primordial, que é a raiz de todas as outras, ou seja, o pecado.[…]
Pai das Misericórdias e Deus de toda consolação, ouvi-nos!