VOCAÇÃO

Celibato, resposta generosa a um dom de Deus

“O Celibato é um dom. A iniciativa é de Deus que cria a pessoa para este estado de vida.”

Com esta afirmação do fundador da Comunidade Canção Nova, Monsenhor Jonas Abib, gostaria de partilhar com você um pouco desse estado de vida.

A pessoa que é chamada a ser celibatária na comunidade Canção Nova inicia seu percurso com o discernimento e amadurecimento na vocação. Os membros seguem fazendo o que chamamos de “caminho”, após o qual, mediante uma livre escolha, assumem o primeiro compromisso ao celibato por causa do Reino dos Céus.

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Mas, em um mundo marcado por realidades terrenas, podemos nos perguntar: ainda existem pessoas que se consagram ao celibato? E a resposta é simples: enquanto houver amor, existirão almas que se consagram ao “Deus Amor” por causa do Reino dos Céus. E foi por causa desse Amor que há 19 anos me consagrei a Deus no Celibato na Canção Nova, com o desejo de me unir a Cristo, de viver entregue à missão. O Senhor me escolheu para ser inteiramente dele.

“O diferencial está na opção desse estado de vida, vivendo uma vida sóbria, de sublimação, de entrega a Deus.” | Foto: Joyce Silveira/cancaonova.com

Nasci em uma família numerosa e minha mãe sempre rezava pedindo a Deus que, se fosse da sua vontade, um dos filhos fosse consagrado, mas não imaginava que Deus me chamaria. Foi neste berço que descobri minha vocação, tendo como lema: “Que poderei retribuir ao Senhor Deus por tudo aquilo que ele fez em meu favor?” (Sl 116,12).

De fato, o celibato é um dom, uma graça. Quando me deparei com esta palavra do salmo, percebi o quanto sou pequena diante da grandeza de Deus. Posso fazer da minha vida celibatária uma liturgia, um ato de contínuo louvor e ação de graças a Deus. O celibato é uma vocação profética que aponta o céu, e quanto mais nos entregamos, buscando imitar o Cristo que conhece o nosso coração, mais nós nos configuramos a Ele.

Acredito que o celibato é uma resposta aos planos de Deus nos tempos de hoje, pois na história da Igreja, Deus sempre suscita novos carismas justamente para atender a uma necessidade desse tempo.

“Que poderei retribuir ao Senhor Deus por tudo aquilo que ele fez em meu favor?” (Sl 116,12)

As pessoas que se consagram a Deus, devem viver em contínua vigilância e espera do “Senhor que Vem” através do seu testemunho de vida, como uma vocação escatológica. Essa vocação comporta uma vida de intimidade com Deus e tem como fruto o transbordamento de uma vida entregue na missão.

Talvez você esteja se perguntando: Mas como é a vida de um celibatário, são só flores? Usando uma linguagem poética, posso dizer que temos flores sim, mas essas portam em si também os espinhos, assim como o sofrimento é inerente ao homem.

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O celibatário, diante de Deus e de sua comunidade, faz seu compromisso para viver uma vida casta, pobre e obediente, tem os olhos voltados para a cruz de Cristo. É gente de carne, vive as alegrias, tristezas, frustrações e os desafios que a vida lhe oferece. O diferencial está na opção desse estado de vida, vivendo uma vida sóbria, de sublimação, de entrega a Deus.

Gosto da vida dos santos e santas da nossa Igreja, porque viveram nesta terra fazendo o bem. E muitos deles eram celibatários. Como Madre Tereza de Calcutá, que viveu sendo o rosto da caridade de Cristo, uma mulher de força e garra, orante e ousada na sua missão.

A missão de cada celibatario é saciar a sede que Deus tem da nossa alma, e, como consequência dessa experiência, somos chamados a ser vasos comunicantes da Verdade que é Jesus. Só assim contemplaremos a beleza que vem de Deus, a caridade, que é o dom maior. Porque Deus é amor.

Maria Cristina de Souza
Missionária Celibatária da Canção Nova

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