CONSAGRADO

As fraquezas de um evangelizador

Muitas vezes, o consagrado está mais exposto ao povo para o qual ele é chamado a evangelizar, e, mais cedo ou mais tarde, suas fraquezas e misérias virão para fora, afinal de contas, ele é um ser humano como qualquer outro. Na segunda carta aos Coríntios, Paulo se depara com pessoas que colocam em discussão a autenticidade da sua missão. Ele fala do “espinho na carne” que ele vive, mas não explica do que se trata exatamente. Ele pede a Deus que o liberte, mas a resposta que recebe é impactante:  “Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a força se realiza plenamente” (2Cor 12,9).

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É assim que o missionário Canção Nova autêntico vive. Você o vê quase sempre sorrindo, doando-se com alegria na missão. O que você não sabe é das inúmeras lutas que ele vive.

Há alguns anos, eu apresentava um programa na TV Canção Nova; era um dia de gravação, e esses dias eram mais agitados para mim. Já estava pronta para entrar no ar quando meu telefone tocou, era uma notícia familiar que machucou meu coração. Eu já tinha segurado minhas lágrimas a semana inteira (algumas vezes, nós não temos tempo nem de chorar, porque estamos envolvidos naquilo que é nosso foco, o “dai-me almas”), e, naquele momento, não consegui guardar minhas lágrimas. Pedi cinco minutos para ir à capela e lá derramei toda minha dor diante de Jesus. Eu disse para Ele tudo o que se passava na minha alma, e chorei muito! Mas eu precisava voltar para o estúdio de gravação. Respirei fundo, lavei meu rosto, refiz a maquiagem e disse para Jesus que, sozinha, não iria conseguir apresentar aquele programa, mas que eu iria oferecer esse sacrifício pelas almas que precisavam ser salvas naquele dia. Mas eu me perguntava: “Como passar alegria para o povo com meu coração tão doloroso? Nessas horas, contamos com a graça de Deus. E acredite, aquele foi um dos programas de que mais gostei! Quem assistiu ao programa, naquele dia, não podia imaginar o que eu estava vivendo no meu interior, o que vivemos “atrás das câmeras”. Mas nem sempre consigo dar essa resposta, há aqueles dias em que não sei administrar os meus processos interiores. Nesses momentos, o missionário toca na sua humanidade, muitas vezes sofredora e desnorteada. Sentimo-nos fracos e incapazes de resolver essas dificuldades, ou até mesmo enfrentá-las, limitando-nos, ao máximo, a não fazer nada de mau a ninguém. A experiência de Paulo nos ajuda a reconhecer e aceitar que é na fraqueza que a força se realiza plenamente” (2Cor 12,9). 

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É nessas horas, quando tocamos nossa fragilidade, que experimentamos a força do Cristo morto e ressuscitado. O que nos faz entender que Ele poderia ter escolhido alguém melhor, com mais qualidades e menos defeitos, mas a lógica d’Ele é diferente da nossa, Ele continua a chamar pessoas fracas e despreparadas, mas que tem a disposição e a coragem de deixar tudo para segui-Lo. 

É  preciso deter-se na beleza que uma vida missionária traz. É lindo a forma que Nosso Senhor vai conduzindo a vida dele e o modo como se gasta na missão. Há cada tempo, Ele pede algo novo, envia para uma nova missão. Como diz nosso fundador, monsenhor Jonas Abib, evangelizar se aprende evangelizando, portanto, perdão pelas minhas faltas, estou aprendendo ainda.

Edcleide Campos | @edcleidecn
 Jornalista e Missionária da Comunidade Canção Nova 

 

 

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