“Sou mesmo um miserável pecador!”
Dentro de cada um de nós existe uma tendência ao pecado que podemos nomear de concupiscência. É uma inclinação ao mal, ao erro, à desobediência que herdamos dos nossos primeiros pais, Adão e Eva. Por eles o pecado entrou no mundo e ficamos manchados, marcados por uma intensa luta interior, assim como nos fala São Paulo, em sua carta aos Romanos 7,19: “Não faço o bem que quereria, mas o mal que não quero”. O apóstolo Paulo tinha razão, não é mesmo?! Quantas vezes, no secreto do nosso coração, prometemos a nós mesmos e a Deus que já não mais cometeremos tal erro ou que não mais cairemos naquele pecado rotineiro? E, logo em seguida, ao nos depararmos com a nossa fraqueza e a nossa inconstância, exclamamos – ora raivosos ora entristecidos: “Sou mesmo um miserável pecador!”. Mas, diante da doença, se faz necessário buscar um remédio; e, para as nossas misérias, a única cura se encontra na Infinita Misericórdia do Pai.
As nossas misérias podem ser muitas, mas de maneira alguma elas superam a Divina Misericórdia. Não, jamais poderemos superar a Misericórdia, a não ser que não queiramos ser perdoados. Recordo-me que, no meu primeiro ano de Comunidade em Lavrinhas, ao me deparar com a minha história de vida e consequentemente tocar na minhas feridas e misérias, eu vivi um grande dilema interior, travando uma luta com Deus por não entender como Ele havia me escolhido e me amado, sendo eu tão miserável. Essa luta durou longos dias, até que, em um momento de oração eu me dei conta de que eu não venceria, pois Deus continuaria insistindo em derramar a Sua Misericórdia sobre mim. Eu precisei me render: “O Senhor me conhece bem, sabe das minhas misérias e pecados, se ainda assim quer me amar, quem sou eu para não aceitar? Eu aceito a Tua Misericórdia, Jesus!”. É preciso dar o que é nosso (as misérias) para receber o que é d’Ele (a Misericórdia).
Só é digno de misericórdia quem é miserável. É forte a palavra, mas é isso mesmo. Por sermos pecadores, necessitamos da Misericórdia. Se por um lado nos deparamos frequentemente com nossas misérias, por outro temos a feliz oportunidade de experimentar diariamente a Misericórdia do Pai. Não sejamos fechados ao Amor Misericordioso de Jesus, não percamos tempo tentando entender, pois já nos disse o Eclesiástico: “Quem empreenderá a explicação de Sua misericórdia?”. Afinal, a Misericórdia não se explica, se vive! É o próprio Senhor que fala para mim e para você: “Entrega-me as tuas misérias e eu te entregarei a Minha Misericórdia!”.
Joanderson de Medeiros
Seminarista da Comunidade Canção Nova
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