“Respondeu Jesus: “Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste, Filipe! Aquele que me viu viu também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai… Não credes que estou no Pai, e que
o Pai está em mim? As palavras que vos digo não as digo de mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é que realiza as suas próprias obras” (João, 14,9-10).
Devemos nos lembrar: se somos cristãos, caminharemos pelos passos de Cristo, porque se assim não fosse, não precisaríamos levar esse nome. Somos filhos de um Pai misericordioso, cheio de amor que nos acolhe como somos e
estamos; em vista de algo muito maior.
Demoramos muito para aceitar que, em nossa vida, há um horizonte de esperança. Há uma pessoa que podemos,
amplamente, depositar “todas as nossas fichas”, e o nome dele é Jesus Cristo. Quem O conhece, sabe que o filho “está no Pai” e o “Pai” está no “Filho”. Esse mistério deve ser vivido e encontrado por nós no nosso dia-a-dia.
A esperança que muitos vivem não têm o “e” maiúsculo. Parece que apenas esperamos nesta terra momentos de eternidade para saciar o nosso “eu-interior”, mas devemos aprender que a nossa esperança não acaba, não morre, porque ela renasce com a ressurreição de Jesus Cristo e Ele fez isso por nós, pois “a morte foi tragada pela vitória (Is. 25,8).
São Policarpo de Esmirna, bispo e mártir do século II, nos escreveu: Perseveremos sem cessar em nossa esperança e penhor de nossa justiça, que é Jesus Cristo: “Ele não cometeu pecado algum, mentira nenhuma foi encontrada em sua boca […]” Carregou nossos pecados em seu próprio corpo, sobre a cruz (1Pd 2,22.24); mas, por nossa
causa, para que vivamos nele, tudo suportou. Sejamos, por conseguinte, imitadores de sua paciência e, se sofremos por seu nome, nós lhe daremos glória. Foi este o exemplo que nos deu em si mesmo, e nós cremos. (AQUINO, 2019, p.35).
A esperança que nós cristãos possuímos é diariamente testada e provada, mas, isso é parte integral de nossas vidas ou não recordamos das próprias palavras de São Paulo? “Nos gloriamos até das tribulações. Pois sabemos que a tribulação produz a paciência, a paciência prova a fidelidade e a fidelidade, comprovada, produz a esperança. E a esperança não engana” (Rom. 5,3-5).
Não podemos perder a capacidade de esperar. Não deixe o mundo, pessoas, situações, pandemia, roubarem de você a alegria da esperança em dias melhores, ou ainda; roubarem a sua esperança em Jesus Cristo. Aguenta firme! “Não somos, absolutamente, de perder o ânimo para nossa ruína; somos de manter a fé, para nossa salvação!” (Heb
10,39).
Nossa vida deve estar fundamentada nos passos de Cristo, então, a nossa vida está centralizada no Senhor e, assim ela se refaz nesse grande Mistério Pascal por meio da adesão ao que Ele nos propõe. São João Paulo II, afirma em sua Encíclica “Dives in Misericordia” (Deus, rico em misericórdia): Na sua ressurreição Cristo revelou o Deus de amor misericordioso, precisamente porque aceitou a Cruz como caminho para a ressurreição. É por isso que, quando lembramos a cruz de Cristo, a sua paixão e morte a nossa fé e a nossa esperança concentram-se n’Ele. Ressuscitado naquele mesmo Cristo, aliás, que «na tarde desse dia, que era o primeiro de semana… se pôs no meio deles» no Cenáculo «onde se achavam juntos os discípulos… soprou sobre eles e lhes disse: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados e àqueles a quem os
retiverdes ser-lhes-ão retidos» [Jo 20,19-23]. (JOÃO PAULO II, nº 8, 1980).
Por isso, com toda a certeza, enraizada na verdade revelada por Jesus Cristo, continuemos a afirmar que nossas cruzes são como um prelúdio de uma música, ou seja apontam para um outro movimento, uma canção nova que emana da Esperança em Deus!
São Paulo mostra que é vazia toda esperança colocada apenas nas realizações terrenas: “Se é para esta vida que pusemos a nossa esperança em Cristo, nós somos – de todos os homens – os mais dignos de compaixão” (1 Cor 15,19). A esperança do Céu e da sua glória fazia o apóstolo dizer: “Os olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou, o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1 Cor 2,9).
Em síntese, lembre-se de que a iniciativa de Deus, por nós, é muito maior do que imaginamos. Ele deposita esperança em nosso coração e este gesto nos gera paz, alegria e saciedade… Busque a Deus, busque os Sacramentos, busque a Esperança que você necessita nEle! Porque como disse o Papa Francisco: “aprendemos que Deus Se
inclina sobre nós (cf. Os 11, 4), para que também nós possamos imitá-Lo inclinando-nos sobre os irmãos”; (Jubileu Extraordinário da Misericórdia, 2016, n. 16) inclinando-nos especialmente sobre aqueles que mais sofrem. À semelhança de Maria, estar atentos àqueles que não têm o vinho da alegria, como sucedeu nas Bodas de Caná”.
Seminarista Guilherme Razuk
Comunidade Canção Nova / missão do Paraguai
AQUINO, Felipe. Riquezas da Igreja. Lorena: Cléofas, 2019.
FRANCISCO. Carta apostólica: Misericordia et misera. Disponível em:
https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_letters/documents/papa-francesco-lettera ap_20161120_misericordia-et-misera.html. Acesso em 15 jun. 2021.
FRANCISCO. Homilia por ocasião da celebração mariana – Virgem da Porta.
Disponível em:
https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2018/january/documents/papafrancesco_20180120_peru-trujillo-celebrazmariana.html. Acesso em: 15 jun. 2021.
JOÃO PAULO II. Carta Encíclica: Dives In Misericordia. Disponível em:
https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_30111980_dives-in- misericordia.html. Acesso em: 15 jun. 2021.