A força do testemunho de Cristo na vida dos que creem
Certa vez, durante o discurso do Sermão da Montanha, Nosso Senhor Jesus Cristo disse aos que o ouviam: “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha nem se acende uma luz para colocá-la debaixo de um cesto, mas sim no candelabro, onde ela brilha para todos que estão em casa. Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus.” (Mt. 5,14-16).
O desejo de Deus para nós, a exemplo de Jesus, é que sejamos luz neste mundo de trevas, pois, como nos advertiu São João evangelista, “o mundo jaz no maligno” (1Jo 5,19). Ora, “a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más” (Jo 3,19).
Apesar da graça e da vida nova que Jesus veio nos dar, muitos ainda insistem em caminhar nas trevas e não abandonar a vida de pecados. No entanto, nós, que outrora vivíamos nas trevas, mas hoje vivemos na luz do Senhor, devemos nos comportar como verdadeiras luzes (cf. Ef. 5,8), pois o chamado de Jesus para nós é que cada fiel seja um exemplo luminoso de fé, virtude, integridade e santidade, num testemunho concreto de seguimento e fidelidade ao Senhor.
Assim como o sol nos ilumina com os raios de luz, o Senhor, que é o sol da justiça, deseja que, pelo nosso testemunho de vida, iluminemos a vida dos outros, refletindo o amor de Deus. A esse respeito, Santo Hilário de Poitiers, bispo e Doutor da Igreja, disse: “É próprio da natureza da luz iluminar qualquer parte à qual seja levada e que, introduzida nas casas, mate as trevas, dominando apenas a luz. Portanto, continua o santo, o mundo, sem o conhecimento de Deus, estava obscurecido pelas trevas da ignorância. Mas, por meio dos apóstolos lhe foi comunicada à luz da ciência, e assim brilha o conhecimento de Deus, e, por qualquer parte em que caminhem, de seus pequenos corpos é ministrada a luz.”¹
Luz e trevas são realidades opostas que estão bem presentes em nossa vida e retratam a luta espiritual que travamos entre o bem e o mal, entre as trevas e a luz, entre o Reino de Deus e o reino de satanás. Jesus é a luz do mundo (cf. Jo. 8,12) e o diabo, o príncipe das trevas. Por esta razão, nós cristãos precisamos estar atentos à nossa maneira de proceder, para procedermos não como insensatos, mas, como filhos da luz, isto é, como homens e mulheres iluminados pela luz de Cristo, pela luz do Evangelho e pela luz bendita do Espírito Santo de Deus.
Jesus é a luz do mundo, e o cristão, ao seguir os seus passos, precisa, igualmente, irradiar sua luz. “Jesus é a luz que dissipou as trevas, mas elas ainda permanecem no mundo e nas pessoas individualmente. É tarefa do cristão dispersá-las, fazendo resplandecer a luz de Cristo e anunciando o seu Evangelho. Trata-se de uma irradiação que pode derivar até das nossas palavras, mas deve brotar principalmente das nossas boas obras. Um discípulo e uma comunidade cristã são luz no mundo quando orientam os outros para Deus, ajudando cada um a experimentar a sua bondade e misericórdia.”²
Nisso consiste a força do testemunho de Cristo na vida dos que creem: fazer-se luz. Cristãos, vós sois a luz do mundo! Todavia, “não se trata da minha luz, é a luz de Jesus: nós somos instrumentos para que a luz de Jesus chegue a todos.³
1 – Catena Aurea – Exposição contínua sobre os Evangelhos – Santo Hilário de Poitiers (In Matthaeum, 4).
2 – Papa Francisco – Angelus – Praça São Pedro – Domingo, 9 de fevereiro de 2020.
3 – Papa Francisco – Angelus – Praça São Pedro – Domingo, 9 de fevereiro de 2020.