O pecado é o meio pelo qual nos afastamos do nosso Criador, pois esse tem o poder de nos tirar da graça de Deus, de nos sujar e de ferir nossa dignidade de filhos. Foi por causa do pecado que o Pai enviou o Seu Filho Unigênito, isto é, Jesus Cristo, para salvar a humanidade, para resgatar os homens e para redimi-los diante de suas faltas. O grande apelo evangélico feito por Jesus foi a conversão e a penitência como condição para o acolhimento da graça e do perdão de Deus.
Segundo o Catecismo da Igreja Católica (1430-1433) este apelo de Jesus não se resume apenas ao cumprimento de obras exteriores, mas à conversão do coração, à penitência interior. Seu objetivo é a reorientação radical de toda a vida do homem, é uma conversão para Deus de todo o coração, é uma ruptura com o pecado, uma aversão ao mal, uma repugnância às más obras que cometemos. É ainda o desejo e a resolução de mudar de vida, confiando na misericórdia de Deus e na ajuda da Sua graça.
Diante disso, a penitência revela-se como sendo o caminho que o homem deve trilhar para alcançar essa conversão de coração. Segundo o mesmo Catecismo já citado (1434-1439), ela têm expressões variadas que se diluem em três formas — a saber: o jejum, a oração, e a esmola —, dando ao homem a oportunidade de conversão em relação a si mesmo, a Deus e aos outros. Esta conversão não deve dar-se apenas no âmbito das ideias, dos sentimentos, mas, e principalmente, na vida cotidiana, por meio de gestos de reconciliação, no cuidado com os mais necessitados, na luta pela justiça e pelo direito, no reconhecimento e confissão das próprias faltas, na correção fraterna, no exame de consciência entre outros.
A Igreja, como Mãe, oferece aos seus filhos tempos fortes de penitência e oportunidades profundas de conversão, presentes nos vários tempos litúrgicos, como a Quaresma e o Advento, nas sextas-feiras onde se faz memória da morte do Senhor, nas santas missas celebradas diariamente etc. É importante que nós, filhos desta Igreja, estejamos atentos para não desperdiçar oportunidade alguma de voltarmos para Deus, de nos deixar purificar pela Sua misericórdia e de assumir a salvação que Ele nos deu gratuitamente por meio do Seu Filho na cruz.
Abraçar a proposta da penitência, a via do sacrifício, da reparação dos pecados, é cair em si e voltar para a Casa do Pai, assim como vemos em Lucas 15,11-24, na famosa passagem do Filho Pródigo, que, inclusive, é a que ilustra o mosaico do nosso Santuário dedicado ao Pai das Misericórdias. Quando nos abrimos à graça da penitência, voltamos para o caminho, redirecionamos nossa vida, alteramos a rota da perdição para a da salvação, e assim chegamos cada dia mais perto do perdão, da misericórdia, da plenitude da vida com Deus, nosso Pai, para que, desta forma, a festa comece, assim como foi com o filho que abandonou o Pai, gastou tudo, caiu em si, arrependeu-se, encheu-se de coragem e voltou, revelando com esse ato todo o dinamismo presente na conversão e na penitência.
José Márcio Alves
Seminarista Comunidade Canção Nova
Venceremos pela graça de Deus
Homens e mulheres eucarísticos são profetas da paz e da reconciliação
O jejum fortalece a alma
Um dos modelos de oração (Mt 8)