De tempos em tempos certas expressões acabam ganhando camadas e mais camadas de vernizes. Algumas delas, como é o caso da palavra “doutrina”, passou por esse processo ao ponto de tornar-se uma das palavras mais emblemáticas e desgastadas dos nossos tempos.
Para algumas pessoas, ela denota segurança, demonstra que algum caminho já fora percorrido, testado, estudado. Para outras, o termo “doutrina” causa ojeriza, repulsa, representa algo coercitivo, que oprime, que domina. Noutros casos, ainda, acabou virando ladainha na boca dos que estão dentro do octógono das discussões política. Quem, por acaso, nunca ouviu a expressão “doutrinação ideológica”? Na realidade, ela tem sido esgaçada por seu mau uso.
Seguir uma doutrina, afinal, é bom ou ruim?
Acredito que a resposta mais adequada seria: “nem bom nem ruim”. Porém, antes de dar as razões para essa resposta, precisamos entender o que significa de fato a expressão “doutrina”. Ela deriva do latim “doctrina”, que significa “ensino”, “instrução”, “formação”. Sugere, ainda, “conhecimentos adquiridos”, “ciência”, “cultura”. Portanto, podem existir centenas de milhares de doutrinas. A título de exemplo, existe a doutrina militar, a doutrina jurídica, a doutrina liberal, a doutrina marxista e infinitas outras.
Até mesmo dentro dos assuntos relacionados à Igreja Católica, temos diversas categorias de doutrinas, por exemplo, a Doutrina Social da Igreja, a doutrina sobre o pecado original, a doutrina ascética, a doutrina sobre Deus, sobre o Batismo, sobre a imposição das mãos, a doutrina das indulgências e outras centenas mais. Todas essas doutrinas, a propósito, fazem parte de uma doutrina maior que recebe o nome de Doutrina da Igreja Católica.
Portanto, seguir uma doutrina pode ser bom ou pode ser ruim. Tudo vai depender da sua origem. Um cristão católico, por exemplo, não teria nenhum motivo para seguir a doutrina espírita, a não ser que não conhecesse ou não estivesse arraigado na sua doutrina. Seria uma situação incompatível. É justamente por isso, aliás, que precisamos conhecer muito bem a Doutrina da nossa Igreja. Se não a conhecermos bem, corremos o sério risco de cairmos numa grande confusão doutrinal.
Quer conhecer a Doutrina da Igreja Católica?
Uma das melhores maneiras de conhecermos a fundo a verdadeira Doutrina da nossa Igreja é estudando o Catecismo da Igreja Católica. Ele deve ser a nossa referência segura. Nele estão contidos de maneira clara e autêntica os pontos essenciais da nossa Doutrina. São João XXIII em sua Carta Encíclica “Mater et Magistra” afirma que a Igreja Católica e apostólica, por meio da sua doutrina, torna-se mestra de todos nós. Sua luz nos ilumina e nos abrasa; sua voz, ao ensinar cheia de sabedoria celestial, pertence a todos os tempos.
:: O que é Doutrina Social da Igreja?
Não pense que as palavras ou as frases do nosso Catecismo sejam um aglomerado de letras mortas, fruto tão somente do exercício da racionalização. Pelo contrário, tudo o que está contido na Doutrina da Igreja Católica é fruto de uma experiência, ou melhor, de uma maravilhosa e profunda experiência com as pessoas trinitárias. Não foi a toa que São João Paulo II afirmou que o Catecismo da Igreja Católica é um instrumento salutar para o anúncio da Palavra de Deus. Nele, é apresentada com singular precisão a genuína doutrina católica.
Para finalizar, gostaria de responder, por meio do próprio Catecismo, ao seguinte questionamento: “qual a melhor e mais preciosa doutrina?”. Eis a resposta: “Não há doutrina melhor, mais preciosa e esplêndida do que o texto do Evangelho. Vede e retende o que nosso Senhor e Mestre, Cristo, ensinou pelas Suas palavras e realizou pelos Seus atos” (CIC 127). Sua Doutrina, a de Cristo, é a doutrina da Verdade, à qual todos os cristãos devem estar submetidos. Digo mais, devem ser especialistas.
Deus abençoe você e até a próxima!
Seminarista Gleidson de Souza Carvalho
Missionário da Comunidade Canção Nova