A solenidade da Anunciação do Senhor é a celebração do grande mistério da Encarnação do Cristo. Ele, sendo Deus, se fez homem por meio do consentimento da jovem filha de Sião. E, assim, vem amar os homens mais de perto. O Verbo de Deus se faz carne no ventre de Maria.
O anjo Gabriel foi enviado por Deus à cidade de Nazaré, na Galileia, como nos relata o evangelho de São Lucas, a uma jovem chamada Maria. O nome Nazaré significa “flor da Galileia”. Sendo assim, o anjo entra onde estava a Flor escolhida por Ele para ser a Mãe do Seu filho. O bonito desse encontro é o nome pelo qual o anjo chama a Virgem, não é pelo seu nome ou seja: “Miriam” (Maria), mas a chama por um nome novo dado por Deus à Sua escolhida, o anjo a chama de a “Plena da graça de Deus, a cheia, a repleta de Deus”.
Deus, ao olhar para Maria, se encanta com a humildade d’Ela, como nos ensina o grande São Bernardo
Maria, com o seu consentimento, colabora com o mistério da salvação; torna-Se a grande colaboradora de Deus neste mistério de salvação. O seu ‘Sim’, diante do plano de Deus, nos trouxe a vida. Deus não impõe à Maria o Seu projeto nem A obriga a aceitar. Mas, na sua liberdade, Ele a respeita e conta com Sua resposta. E, diante do anúncio de Gabriel, Maria dá o seu Sim, o seu “Fiat”. Assim Ela se lança no projeto de Deus a seu respeito, dando a Ele a Plena liberdade de agir em seu ser. Como nos ensina Santo Agostinho, ao falar desse grande acontecimento, ele nos diz que: Maria, antes de gerar Cristo no seu ventre, já o tinha gerado no Seu coração, pois, o seu coração era cheio de Deus. Um coração vazio de si e cheio de Deus. São João da Cruz, em seu poema sobre a Virgem Mãe, nos ensina que: “Aquele que só tinha Pai, já Mãe agora também teria…”.
Celebrar o sim de Maria e a Encarnação do Verbo de Deus é celebrar o grande mistério da redenção, o grande mistério de amor de Deus pelo seu povo, pois, Ele não nos deixou só como errante sobre a terra; mas nos enviou o Seu filho para nos resgatar da escravidão do pecado. Ao dar o seu Sim ao plano de Deus, o Espírito Santo cobre Maria com sua sombra e, pela ação do Espírito, Ela gera Deus, Deus Filho. Como nos retrata tão bem os santos padres ao dizerem que “Aquele que os céus não podem conter, Ela o traz no ventre e o carrega nos braços”.
O grande acontecimento da Anunciação marca o início da salvação, como um único acontecimento salvífico. O sim simples da Filha de Sião trouxe a vida ao mundo
E, a partir do sim d’Ela, brotaram todos os outros sins. O Sim de Maria trouxe a cura ao mundo. Por Eva nos veio o pecado, a doença; mas por Maria, agora, nos vem à salvação, a saúde; por uma, a doença; por outra, a cura.
O sim de Maria nunca será esquecido, pois foi por ele que o Senhor veio ao mundo. Assim, Maria nos mostra que a nossa maior alegria precisa ser em fazer a vontade de Deus acima de tudo, e de nos colocarmos em suas mãos como um instrumento simples, sem valor, mas que conta acima de tudo com sua graça.
Maria nunca esqueceu quem era Ela diante de Deus, “Eis aqui a Serva do Senhor”; Aquela que gerou Deus reconhece-Se uma simples serva, ou seja, um nada, na tradução inglesa do relato da visita de Maria a Isabel diz: “Ele olhou para o meu nada”. Maria, ao se reconhecer nada, nos trouxe o “Tudo”. O Filho de Deus foi gerado no silêncio de Nazaré, dentro desse coração humilde que só tinha espaço para Deus.
Maria, ao dar a Deus seu Sim, iria encontrar alguns obstáculos, por conta da cultura e do contexto histórico da época. Ela não desiste! No relato do autor sagrado, diz que: “O anjo retirou -se de onde Ela estava”, ou seja, enquanto o anjo estava ali, Ela estava segura, estava tudo bem, mas agora, depois que o anjo a deixou, começaria sua parte nesta obra de Deus, já seria a contribuição d’Ela, tendo sempre a certeza de que o Senhor estava com Ela até o fim. Assim, Ela nos mostra, como diz Romano Guardini, dois grandes testemunhos: o de Sua extrema humildade e de Sua fé extraordinária. Humildade e fé em Maria se misturam. Sendo assim, a fé de Abrão é “pré-anúncio” da fé de Maria, como nos ensina os padres antigos.
Virgem Mãe de Deus, sede nossa esperança de cada dia.
Santo Efrén, diácono do século IV, chama Maria de o “Edén de Deus”, ou seja, o jardim de Deus cujo fruto nós comemos e não morremos, porém, nos cura e nos dá a vida. Olhando para Nossa Senhora, vemos n’Ela o grande modelo a ser imitado, modelo de humildade e de fé profunda. Diante de tantas coisas que aparecem em nosso vale de lágrimas, olhamos para a mãe de Deus como nossa doçura e esperança. Aquela que nos socorre e nos aponta o Cristo.
:: A importância do Sacramento da Crisma
Maria não quer outra coisa senão que Cristo seja tudo em nós! Assim como Ela possamos, também, nós como batizados que somos, colaborar com a nossa vida e com a nossa vocação ao plano de Deus. Todo cristão, assim como Maria, é chamado a gerar em si Cristo, trazer Cristo em suas atitudes e em sua vida cotidiana.
Virgem Mãe de Deus, sede nossa esperança de cada dia.
José Dimas – Candidato as ordens sacras na comunidade Canção Nova. Estudante de Filosofia