Ordem do Presbiterado

PRESBYTERORUM ORDINIS

Papa Paulo VI publicou, no dia 7 de dezembro de 1965, o decreto da Ordem do Presbiterado sobre o ministério e a vida dos sacerdotes.

O site do Santuário do Pai das Misericórdias disponibiliza este documento. Para ler na íntegra, clique aqui.

Ordenação sacerdotal no Santuário do Pai das Misericórdias/ cancaonova.com

Natureza do Presbiterado

O Senhor Jesus, “a quem o Pai santificou e enviou ao mundo” (Jo 10,36), tornou participante todo o seu Corpo místico da unção do Espírito com que Ele mesmo tinha sido ungido: n’Ele, com efeito, todos os fiéis se tornam sacerdócio santo e real, oferecem vítimas a Deus por meio de Jesus Cristo e anunciam as virtudes d’Aquele que os chamou das trevas para a sua luz admirável. Não há, portanto, nenhum membro que não tenha parte na missão de todo o corpo, mas cada um deve santificar Jesus no seu coração, e dar testemunho de Jesus com espírito de profecia.

O mesmo Senhor, porém, para que formassem um corpo, no qual ‘nem todos os membros têm a mesma função’ (Rom 12,4), constituiu, dentre os fiéis, alguns como ministros que, na sociedade dos crentes, possuíssem o sagrado poder da Ordem para oferecer o sacrifício, perdoar os pecados e exercer oficialmente o ofício sacerdotal em nome de Cristo a favor dos homens. E assim, enviando os apóstolos, assim como Ele tinha sido enviado pelo Pai, Cristo, através dos mesmos apóstolos, tornou participantes da sua consagração e missão os sucessores deles, os bispos, cujo cargo ministerial, em grau subordinado, foi confiado aos presbíteros, para que, constituídos na Ordem do presbiterado, fossem cooperadores da Ordem do episcopado para o desempenho perfeito da missão apostólica confiada por Cristo.

Os presbíteros, tirados dentre os homens e constituídos a favor dos homens nas coisas que se referem a Deus, para oferecerem dons e sacrifícios pelos pecados, convivem fraternalmente com os restantes homens. Assim também, o Senhor Jesus, Filho de Deus, enviado pelo Pai como homem para o meio dos homens, habitou entre nós e quis assemelhar-se em tudo aos seus irmãos, menos no pecado. Já os apóstolos o imitaram, e São Paulo, doutor das gentes, escolhido para anunciar o Evangelho de Deus (Rom 1,1), atesta que se fez tudo para todos, para salvar a todos.

Os presbíteros do Novo Testamento, em virtude da vocação e ordenação, de algum modo são segregados dentro do povo de Deus, não para serem separados dele ou do qualquer homem, mas para se consagrarem totalmente à obra para que Deus os chama. Não poderiam ser ministros de Cristo se não fossem testemunhas e dispensadores duma vida diferente da terrena, nem poderiam servir os homens se permanecessem alheios à sua vida e às suas situações. O seu próprio ministério exige, por um título especial, que não se conformem a este mundo; mas exige também que vivam neste mundo entre os homens e, como bons pastores, conheçam as suas ovelhas e procurem trazer aquelas que não pertencem a este redil, para que também elas ouçam a voz de Cristo e haja um só rebanho e um só pastor. Para o conseguirem, muito importam as virtudes que justamente se apreciam no convívio humano, como são a bondade, a sinceridade, a fortaleza de alma e a constância, o cuidado assíduo da justiça, a delicadeza, e outras que o apóstolo Paulo recomenda quando diz: ‘Tudo quanto é verdadeiro, tudo quanto é puro, tudo quanto é justo, tudo quanto é santo, tudo quanto é amável, tudo quanto é de bom nome, toda a virtude, todo o louvor da disciplina, tudo isso pensai”.

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Solicitude pelas vocações sacerdotais

O pastor e bispo das nossas almas constituiu a sua Igreja de tal modo que o povo escolhido e adquirido com o seu sangue tivesse sempre e até ao fim dos tempos os seus sacerdotes, a fim de que os cristãos não fossem jamais como ovelhas sem pastor. Conhecendo essa vontade de Cristo, os apóstolos, por inspiração do Espírito Santo, julgaram ser seu dever escolher ministros ‘capazes de ensinar também os outros’ (2 Tim 2, 2). Este dever faz parte da própria missão sacerdotal, em virtude da qual o presbítero é feito participante da solicitude de toda a Igreja, para que jamais faltem na terra operários para o Povo de Deus.

Todavia, visto que ‘ao piloto da barca e aos que nela devem ser levados é comum o trabalho’, seja, por isso, informado todo o povo cristão de que é seu dever colaborar de diversos modos, pela oração frequente e por outros meios à sua disposição, para que a Igreja tenha sempre os sacerdotes necessários ao cumprimento da sua missão divina. Portanto, procurem, antes de mais nada, os presbíteros com o ministério da palavra e com o testemunho duma vida que manifeste claramente o espírito de serviço e a verdadeira alegria pascal, pôr diante dos olhos dos fiéis a excelência e a necessidade do sacerdócio, e, não se poupando a cuidados e a incômodos, ajudar aqueles que, jovens ou adultos, prudentemente julgarem idôneos para tão grande ministério, a preparar-se convenientemente, e assim poder um dia, com plena liberdade externa e interna, ser chamado pelos bispos. Para atingir este fim, é da máxima utilidade a diligente e prudente direção espiritual.

Todavia, essa voz do Senhor que chama, não deve ser de maneira nenhuma esperada como se tivesse de chegar aos ouvidos do futuro presbítero dum modo extraordinário. Com efeito, deve ser antes entendida e discernida a partir dos sinais que diariamente dão a conhecer aos cristãos prudentes a vontade de Deus; estes sinais devem ser considerados atentamente pelos presbíteros.

Pai das Misericórdias e Deus de toda consolação, ouvi-nos!

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