Liturgia

Coroinhas recebem investidura na Festa do Pai das Misericórdias

Durante a Festa do Pai das Misericórdias foi realizado a investidura dos novos coroinhas que irão servir neste Santuário.

Neste domingo 26 de maio, durante a missa das 9h30 dedicada sempre às crianças, no Santuário do Pai das Misericórdias foram investidos 32 novos coroinhas. 

 

O bispo diocesano, Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias, foi o presidente da Missa de investidura dos novos coroinhas do Santuário do Pai das Misericórdias. A celebração dentro da Festa do Pai das Misericórdias, foi um momento de acolhimento e comemoração para as crianças e jovens que vão iniciar esse serviço ao altar. 

Foto: Bruno Marques

Em sua homilia, referindo-se à ordem de Jesus de anunciar o Evangelho a todos os povos, Dom Wladimir trouxe dados numéricos que demonstram que o Cristianismo cresceu neste último ano quanto aos batizados e pessoas que aderem a Jesus Cristo, mas no quesito instituição, está diminuindo. “Temos menos bispos, menos padres, menos religiosos e religiosas.” O bispo diocesano nos deu uma ordem: “é preciso que todos os batizados assumam a sua missão, o seu discipulado, dentro da Igreja, dentro da comunidade. Porque como vamos dar conta de evangelizar, formar comunidades e anunciar a Jesus Cristo para tantos outros que ainda não conhecem a Deus?”

Dom Wladimir também ressaltou que a Solenidade que celebramos no dia de hoje, a Santíssima Trindade, são três pessoas que vivem em comunidade, a comunidade perfeita, nos ensina que nós devemos também viver em comunidade. “O católico e cristão não vive no individualismo, no egoísmo, cada um pra si. Nós caminhamos em comunhão com a Santíssima Trindade” ressaltou o bispo.

Discorrendo ainda sobre o evangelho de hoje, Dom Wladimir salientou que Jesus Cristo também nos fala do batismo. “Jesus não precisava ser batizado, mas entrou na fila para mostrar que nós precisamos ser batizados. É um outro mistério de Deus, passarmos pelo batismo, porque no dia do batismo, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, a Santíssima Trindade vem se juntar à nossa alma. O próprio Deus vem morar dentro de nós, somos templos de Deus e devemos sempre ouvir aquilo que Ele suscita em nosso coração“. 

Foto: Bruno Marques

O nosso bispo diocesano falou da importância de darmos espaço para que Deus fale dentro de cada um de nós e também de seguirmos àquilo que Ele nos orienta: “Se Deus te deu uma inspiração, falou ao seu coração, Ele que nos corrige, Ele que nos liberta, Ele que nos sustenta, Ele que nos dá um ânimo para enfrentarmos as dificuldades do dia a dia, esse Deus que já está em nós, que nos motiva pelo nosso batismo, devemos seguir aquilo que Ele nos falou”.

Dom Wladimir ainda afirmou: “Todo batizado não é um voluntário. Somos voluntários numa ONG, somos voluntários em uma catástrofe. Dentro da Igreja nós somos missionários, temos uma missão: testemunhar a Jesus Cristo, viver Jesus Cristo, anunciar a importância do batismo. Se você conhece alguém que não é batizado, fale da importância de receber este mistério de Deus, seja um missionário!”

E finalizou sua homilia se direcionando às crianças, adolescentes e jovens que receberam a investidura na Santa Missa de hoje destacando a perseverança: “Desejo que vocês perseverem na Igreja e quando não entenderem alguma coisa da Igreja, guardem no coração, porque mais tarde vocês entenderão este mistério de Deus que nós celebramos. Vocês não são voluntários, são missionários e uma missão tem que estar em primeiro lugar, depois os outros compromissos que você terão no dia a dia de vocês”. E deu uma direção a eles: “Perseverem nas boas amizades e costumes, porque as boas amizades nos conduzem ao Céu”.

 

Filhos, dom da Providência Divina do matrimônio   

Rita de Cássia e Adeildo, casados há 13 anos, são naturais de Alagoas, no sul de Minas Gerais. Pais do novo coroinha Jonas Damião, eles partilharam seu testemunho de pais e a experiência de ingressar no serviço do Santuário do Pai das Misericórdias na Canção Nova. Rita conta que sempre sonharam com uma família grande, e tinham o desejo de ter muitos filhos e relata:

Rita, Adaildo e Jonas de coroinha

Rita, Adaildo e Jonas de coroinha. Foto: arquivo pessoal

“Nós já falávamos dos filhos, dos biológicos e dos adotivos, mas quis a Providência Divina que nós não conseguíssemos engravidar. Eu tenho problemas de fertilidade, e não conseguia a maternidade pela via biológica. Mas Deus já havia plantado no nosso coração o desejo da adoção. Nós falávamos que teríamos filhos biológicos e os adotivos. Os filhos biológicos não vieram. Nós buscamos os recursos médicos por cinco anos. Passamos por vários médicos, buscamos tratamento, mas não veio. Então todos os meios naturais de gestação não não foram eficientes. Aí partimos para adoção que já era um desejo nosso. Fomos muito cuidados por Deus nesse processo, porque foi bastante rápido.

Demos entrada ao cadastro nacional de adoção, fizemos todo o processo. Depois de um ano e nove meses aguadardando, o nosso filho Jonas chegou! O Jonas chegou para nós com cinco meses e ele é o cumprimento da promessa de Deus na nossa vida!  Ele é um presente do céu mesmo. Ele veio nos nos ensinar, veio nos apontar o céu, veio nos quebrar, nos lapidar, nos unir como casal.”

A família como fundamento e berço da fé

“E o Jonas desde pequeno ele sempre teve um amor muito grande pelas coisas do céu, pelas coisas de Deus, pela Santa Missa. Nós somos uma família Católica e sempre fomos ativos. Procuramos desde pequeno educá-lo e dar uma formação cristã para ele.

Quando Jonas tinha um para dois anos, ele começou a imitar a missa em casa. Ele falou muito cedo, e já repetia as palavrinhas da missa. Ele já falava por Cristo, “conquisto” (com Cristo) e em Cristo, com aquele jeitinho de criança de falar. Ele pegava as pecinhas de brincar e simulava algumas partes da missa. Na época eu sempre assistia a TV Canção Nova e quando tinha o Santíssimo, ele corria na frente da TV e se ajoelhava – e nós não fazíamos isso. E nem ensinamos ele a fazer isso em casa, ele fazia dele e sempre gostou muito de celebrar.

Teve uma época que eu pensei, será que que isso está certo? Será que isso está normal? Mas enfim, foi passando, eu fui estudando, fui conhecendo e deixei.  A gente deixa ele bem livre no brincar de missa, no brincar que e ele está celebrando e preparar o altar. Demos os brinquedinhos que ele pedia, com quatro anos ele ganhou o kit missa. Depois ele nos pediu um genuflexório e depois ele ganhou umas vestes. Ele tem as estolas nas cores litúrgicas e sempre brincou muito de missa.”

A Canção Nova em nossos caminhos 

Rita conta: “Nós moramos aqui no Vale do Paraíba há bastante tempo. Em Taubaté eu morei por 14 anos, e estamos em Cachoeira Paulista há dois anos. Quando ainda morávamos em Taubaté, Jonas tinha por volta de cinco para seis anos, e ele disse que queria ser coroinha na paróquia.

Na época eu procurei pelo pároco onde parcipavámos. Lá nos orientaram, a procurar as formações para ser coroinha. Só que logo que a gente procurou nós nos mudamos para Cachoeira Paulista, porque meu esposo ficou desempregado, né? Ele ficou desempregado um tempo e conseguiu um trabalho na cidade de Cruzeiro, próximo aqui a Cachoeira Paulista. Como eu já conhecia a cidade, nós já conhecemos a Canção Nova há muito tempo. Eu vim na Canção Nova a primeira vez, eu tinha 12 anos. Vim com a minha avó, e desde então eu não deixei de vir mais, né?! A Canção Nova faz parte da minha formação cristã. A Canção Nova faz parte do que eu sou hoje, eu sou fruto da Canção Nova, minha família existe graças à Canção Nova.

Toda formação que eu tive nos acampamentos que participei, tudo que acompanho pelos meios de comunicação da TV Canção Nova, da internet, da rádio. Eu digo que, eu sou o Canção Nova sem ser Canção Nova, né?! Porque a Canção Nova faz parte da nossa vida. E providencialmente viemos morar aqui do ladinho da Canção Nova.”


O Santuário do Pai das Misericórdias em nossa família

“E por muito cuidado e carinho de Deus nós participamos da liturgia, das missas, dos Sacramentos no Santuário do Pai dos Misericórdias. Nós mudamos de Taubaté para cá e tivemos a graça, uma graça muito grande, de poder participar da Santa Missa todos os dias! É uma graça, eu digo, porque nós fizemos e batalhamos de tudo para ficar em Taubaté. Eu gostava muito de Taubaté, mas tudo isso fica pequeno diante da graça de poder estar aqui. Poder estar tão próximo de receber Jesus Eucarístico todos os dias, e num ambiente tão bom como é o Santuário do Pai das Misericórdias.

Nós estamos aqui há dois anos. Depois que mudamos pra cá eu falei, Jonas ser coroinha no santuário.  Ele continua celebrando as missas dele, celebra a “missinha” que ele diz, quase que diariamente. Eu não sabia que ele estava rezando, pedindo a São Tarcísio que ele queria ser coroinha.”


Um pedido a São Tarcísio

“Ele soube que São Tarcísio era o padroeiro dos coroinhas, né? Nós procuramos sempre ler a vida dos santos para ele. Ele tem bastante livros. Eu conto histórias. Procuro colocar histórias para ele ouvir também do Santos. Então ele pediu a São Tarcísio que queria ser coroinha.

Por providência, por cuidado e carinho de Deus, um dia nós estávamos na missa e uma pessoa veio nos dizer que o filho dela cresceu, que a roupa de coroinha não servia mais e que ela sentiu no coração de dar para o Jonas, se o Jonas gostaria de ser coroinha. Eu me lembro que os olhinhos dele brilharam e ele se emocionou. E foi assim que nós chegamos nos coroinhas do Santuário.” 

Sobre esse dia, Jonas agora com 8 anos, relata como foi: 

“Desde quando era criancinha, com uns dois a três anos, eu já brincava de celebrar a missa em casa. Uma vez eu estava lá no Santuário Nacional de Aparecida. Passando lá eu vi esse livro ‘Missa explicada para Crianças’. Eu já li ele inteiro. Ele fala dos paramentos litúrgicos, dos materiais que não podem faltar na missa, fala da última ceia e dos ritos da Santa Missa. Foi daí que despertou o desejo de ser coroinha.” 
 
Daí nós mudamos para Cachoeira Paulista, e começamos a participar todos os dias da missa no Santuário do Pai das Misericórdias. Eu estava rezando muito para São Tarcísio, para poder ser coroinha. Aí, um dia, no final da missa, uma mulher amiga nossa, me falou -você aceita esse presente? E era uma roupa de coroinha. Depois nós falamos com o Rafaet, que está sendo responsável pelos coroinhas e acólitos do Santuário do Pai das Misericórdias, e ele respondeu que eu poderia ser coroinha. Eu estou muito feliz em poder fazer as formações de coroinha, estou gostando muito.” 

É dos pais a missão, assumido no dia do matrimônio, de receber e educar na fé os filhos que Deus enviar

“Para mim, Rita, e para o meu esposo Adeildo, é fundamental envolver os filhos nos trabalhos da Igreja, nos serviços da Igreja.

Porque nós temos da nossa casa, que de tudo que nós pudermos oferecer para o Jonas, o mais importante é a formação religiosa.

Todo o resto pode ser tirado dele, todo o resto ele pode correr atrás mais tarde, ele pode conquistar depois. A boa formação religiosa não. Cabe a nós, pais, a responsabilidade. É a nossa missão, que assumimos no dia do nosso matrimônio, receber e educar na fé os filhos que Deus nos desse. Então Deus não nos deu o Jonas em vão. Ele nos confiou a alma dele.

E é muito grande essa responsabilidade, mas ao mesmo tempo é muito bom. Poder conduzir uma alma, conduzir um outro para Deus. E isso exige primeiro a nossa própria formação. Porque como eu vou ensinar para o meu filho, como eu vou querer que o meu filho se aproxime do serviço da Igreja se eu não estou aberta, se eu não estou disposta. Se nós não estamos, se nós como casal, como família não vivemos essa busca? Então para nós é isso. É fundamental conduzir os filhos nos caminhos de Deus, no serviço da Igreja.

Mas antes de mais nada, nós como pais, temos que ter esse compromisso primeiro. Essa intimidade com Deus, essa proximidade do coração de Deus.

No altar da Santa Missa, nos sacramentos, a gente pode beber dessa fonte para passar para os filhos. Ninguém dá o que não tem, então nós como pais temos que beber, temos que nos formar e temos que estar sempre estudando. E nós vamos ensinando, aprendendo e ensinando. É um contínuo aprender e ensinar. Nós gostaríamos de ter muitos filhos para conduzir para o altar. Mas por enquanto Deus nos deu a graça de ter somente o Jonas. E nós dedicamos essa formação e educação para ele.” 


Ser coroinha por Amor a Jesus e não por obrigação

“Este conduzir os filhos no serviço da Igreja, passa antes por uma experiência com Jesus. Muitas vezes eles vão por obrigação, muitos vão porque o amiguinho foi, vão porque acham bonito. Mas se as crianças não tem, desde a infância, essa experiência com Jesus, com o amor de Jesus, muito provavelmente na adolescência, na juventude, eles vão se desviar. Eles vão se afastar, porque eles não experimentaram.

Nós temos aqui em casa, um compromisso entre nós e Deus, de levar o Jonas até essa experiência com o amor de Deus. Eu acredito que somente a experiência vai mantê-lo nos caminhos do Senhor. Ainda que venham as tentações, ainda que venha o vendaval do mundo, né? Querendo tirar do caminho a semente, porque a gente está plantando, ela só dará frutos se nós conduzirmos o Jonas a esta experiência pessoal com o amor de Deus. Não fazer por fazer, não fazer porque todo mundo está fazendo. Fazer porque deseja, na capacidade de compreensão dele que é diferente do adulto, mas dentro do ser criança, que ele deseje, que ele tenha essa experiência com Jesus.

Quando ele expressou esse desejo de ser coroinha, no meu coração eu já pedi para Deus que não fosse um serviço qualquer, mas um servir o Cristo com amor ao altar. Um amor ao sagrado, um amor a nossa liturgia, que é tão rica. É o que a gente busca e deseja. A gente cai, erra, mas a gente não desiste. Nossa busca é essa. De amar aqui na terra quem a gente pretende amar por toda eternidade.” 

 

Rafaet Borges é seminarista da Comunidade Canção Nova e atual responsável dos coroinhas do Santuário do Pai das Misericórdias. Sobre o trabalho pastoral com os coroinhas, Rafaet partilhou:

“Nessa investidura nós temos 32 novos coroinhas, entre meninos e meninas, que vão estar iniciando a sua caminhada junto da Igreja, junto do Santuário do Pai das Misericórdias. Com esses 32 novos coroinhas, vamos ter 60 crianças no total. Estamos fazendo esse trabalho de pastoreio com essas crianças que estão iniciando a sua caminhada. Essas crianças ajudam principalmente na missa das 9h30 de domingo no Santuário. Todo domingo temos essa missa dedicada as crianças, e os coroinhas vão ajudando no serviço do altar, naquilo que é próprio dessa fase de coroinha.

O papel do coroinha no serviço do altar é de auxílio. Auxiliar o padre, o presidente da celebração, para que o sacerdote possa bem desenvolver as suas tarefas. O coroinha vai auxiliando desde o momento da entrada, levando a cruz, as velas.  Quando é uma celebração mais solene, os coroinhas também usam o turíbulo. Eles vão ajudar desde o momento da entrada, a preparação da missa, até o momento final e servem nesse suporte ao padre.

Da experiência com o altar nascem novas vocações sacerdotais

Rafaet ressalta a importância de incluir os jovens e as criança no serviço do altar. Ele explica que esse serviço desenvolve o amor a Santa Igreja, a liturgia e as coisas de Deus no coração das crianças. Ele partilha: “Desde pequenininho a criança já vai sentindo um gosto pela liturgia. Principalmente os meninos, porque muitas vocações sacerdotais nascem da experiência do altar. O próprio mistério do altar vai formando, vai forjando a identidade do coroinha. É um tempo muito propício para os meninos e também para as meninas que servem. Para as meninas, conduz o seu caminho para que elas possam ser mulheres de Deus, após terminar a fase de coroinha.

Mas principalmente para os meninos é um tempo de muito discernimento, uma questão vocacional. Muitos se sentem chamados nesse período ao sacerdócio. Posso falar por mim, enquanto seminarista, meu chamado ao sacerdócio se deu em um grupo de coroinhas. Estou muito feliz com essa investidura. Percebo que nesse grupo tão simples, nessa simplicidade, Nosso Senhor vai chamando e vai fazendo a Graça do Seu Reino acontecer em nosso meio.

Foto: Comunicação Santuário do Pai das Misericórdias

 

Comunicação Santuário do Pai das Misericórdias
Magda Ishikawa Florêncio e Dayane Silva Pereira

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