Festa ao Pai das Misericórdias

Revele a semelhança de Deus nas atitudes do seu dia a dia

Ontem, o padre João Gualberto, reitor do Santuário do Pai das Misericórdias, trouxe uma das palavras fundantes do nosso Santuário, que está em II Crônicas 7,15-16: “Meus olhos estarão abertos e meus ouvidos atentos às preces feitas neste lugar, pois, para o futuro, escolho e consagro este templo para que meu nome nele resida para sempre; meus olhos e meu coração estarão nele para sempre”.

Que essa Palavra seja a cura para o seu coração!

Somos carentes de amor. Quantos de nós já mendigamos amor em tantos lugares; já mendigamos o amor das pessoas. Mas não precisamos mais fazer isso porque o Pai nos ama! Deixe essa Palavra penetrar o seu coração e a sua alma.

Padre Márcio Prado. Créditos: Daniel Xavier/cancaonova.com

É claro que você vai querer o amor do seu cônjuge, da sua esposa, do seu filho, mas, antes de tudo, tome posse: o Pai me ama! O Pai nos ama em Nosso Senhor Jesus Cristo.

Onde nós vemos claramente o rosto do Pai? Em Nosso Senhor Jesus Cristo. É também o versículo bíblico que vamos meditar entre hoje e amanhã, quando Filipe disse a Jesus: “Mostra-nos o Pai”. E o que Jesus respondeu? “Quem me vê, vê o Pai” (cf. João 14,9).

A centralidade do anúncio da Palavra de Deus é o Cristo, porque quem vê o Cristo, vê o Pai. Quem faz a experiência com Cristo, faz a experiência com o Pai e o Espírito Santo.

Somos imagem e semelhança de Deus

“Imagem e semelhança” é o tema da nossa partilha. Somos imagem e semelhança de Deus. No Livro do Gênesis, capítulo 1, versículo 26, está escrito: “Façamos o ser humano à nossa imagem e segundo a nossa semelhança. Está vendo, você não é pouca coisa. Esquecemo-nos, mas somos imagem e semelhança de Deus, do Pai e do Espírito Santo.

O relato da criação, em Gênesis, começa assim: “No princípio, criou Deus os céus e a terra. A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas. Disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas. Deus fez os animais selvagens segundo a sua espécie, os animais domésticos igualmente, e da mesma forma todos os animais, que se arrastam sobre a terra. E Deus viu que isso era bom” (cf. Gênesis 1,1-4.25)

A criação é boa, graças a Deus! Por causa da natureza, por causa das árvores, por exemplo, temos um ar puro, temos uma sombra; temos também os frutos, dos quais podemos nos deliciar. Mas, depois, Deus criou o homem. Por que Deus criou o ser humano? “Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher. Deus os abençoou: ‘Frutificai – disse ele – e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra’” (cf. Gênesis 1,27-28)

Deus não criou o homem para dominar, para usufruir ou acabar com a criação, mas era para cuidar. Na criação, não conseguimos perceber Deus?

Na natureza, conseguimos contemplar a Deus, conseguimos perceber a imagem d’Ele. Os animais também revelam um pouco de Deus! Na criação, conseguimos perceber a Deus, mas onde Ele se revelou? No ser humano, através do Cristo que se encarnou; e Ele revelou a imagem de Deus.

O ser humano é capaz de imitar a Deus

A natureza revela sim um pouco de Deus, mas não consegue O imitar. O animal nos distrai, nos anima, mas não consegue imitar a Deus. Por mais que a árvore dê frutos, nos alimente, sacie a nossa fome, ela não é capaz de nos amar. O ser humano é diferente; ele é capaz de imitar a Deus porque é capaz de amar. Aí, está a diferença!

E nós somos chamados a imitar a Deus, como? Amando o nosso semelhante porque nós somos imagem e semelhança de Deus. E essa imagem e semelhança de Deus foi revelada em Jesus. Tudo que Jesus fez revelou o Pai. Ele se encarnou e veio estar no meio de nós.

Por que Cristo veio até nós? Porque, embora a humanidade tivesse uma capacidade de entendimento, parecia que Ele ainda estava muito distante. A encarnação, o Cristo, que veio habitar entre nós; Deus veio nos mostrar: “Não estou longe, estou entre vós”.

E como Cristo veio? Veio e esteve num palácio? Já veio coroado de honra e de glória? Já veio eleito pelo povo? Não! Veio simples, pobre, nasceu numa família simples. Olhe só, Ele veio até nós de maneira simples, e se você vive de maneira simples. Amém! Pois, você já está imitando a família de Nazaré.

Cristo teve uma profissão? Sim! Carpinteiro; uma profissão simples. Jesus era considerado filho do carpinteiro, filho do operário. Na simplicidade, no escondimento da casa de Nazaré, na casa de José e de Maria, Jesus aprendeu a profissão e a vida familiar. Ali, Ele já revelava o Pai para José, seu pai adotivo e para sua mãe, Maria.

Como revelar o Pai?

Depois, veio a vida pública de Jesus. E Ele não revelou a face do Pai na vida pública? Sim, revelou! Quando Ele foi escolher os discípulos, escolheu um a um, e escolheu os melhores? Talvez, os piores, os mais incapacitados! Mas Jesus não teve paciência com cada um deles? Olhe só, Ele revelando o rosto do Pai na paciência com os Seus discípulos.

Olhando para o Cristo, para o Seu ministério, peça esta graça: “Senhor, ajude-me a revelar a Sua face no meu dia a dia, através da paciência com os meus”.

Revelar a imagem e semelhança de Deus é no dia a dia mesmo, é na paciência, no sofrimento paciente com aquela doença, com a enfermidade. Somos chamados a nos responsabilizar pela imagem e semelhança de quem somos — imagem e semelhança de Deus. Ele quis contar com você para revelar aos seus o amor d’Ele também na simplicidade.

O Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 1604, quando fala da imagem e semelhança de Deus, diz: Deus, que criou o homem por amor, também o chamou ao amor, vocação fundamental e inata de todo o ser humano. Porque o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (100), que é amor (1 Jo 4, 8.16). Tendo-os Deus criado homem e mulher, o amor mútuo dos dois torna-se imagem do amor absoluto e indefectível com que Deus ama o homem. É bom, muito bom, aos olhos do Criador (101). E este amor, que Deus abençoa, está destinado a ser fecundo e a realizar-se na obra comum do cuidado da criação: «Deus abençoou-os e disse-lhes: “Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a”» (Gn 1,28).

Deus te criou por amor; você não é fruto do acaso ou de um descuido, tome posse disso! Você foi criado por amor e é chamado a amar. Quando você ama, você está revelando a imagem e a semelhança de Deus.

Então, vem a interrogação: Será que tenho amado? Somos chamados a revelar Deus para as pessoas nas atitudes simples do dia a dia. Seja paciente com os seus. Talvez, aquela pessoa por quem você reza não vai mudar porque veio à Canção Nova ou porque escutou uma pregação, mas você será uma pregação para ele, porque em você será possível ver Deus. Revele o amor e a misericórdia de Deus!

Não é no extraordinário, mas é no dia a dia. Porque Deus teve paciência com você, então, também ame. Ao amar, você estará revelando o Pai; ao ser misericordioso, você estará O revelando. Não estou falando para você “passar a mão” no pecado, mas fale com amor.

O seu semblante precisa revelar a Deus. Fomos criados por amor e somos chamados a amar. Jesus Cristo revelou o amor do Pai com a sua pregação, com as curas que realizou, com as suas exortações. O Senhor revelou o rosto do Pai também na cruz, no sofrimento e na dor.

Talvez, diante da sua enfermidade, da sua doença, muitos já te disseram: “O que é isso, você está mal e ainda está temendo a Deus? Diga que continuará temendo a Deus,porque o seu Redentor está vivo.

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Quando aqueles três jovens, no tempo de Daniel, foram colocados na fornalha, disseram a Nabucodonosor: “Olha, fique sabendo que o nosso Deus tem o poder para nos livrar dessa fornalha, mas mesmo que Ele não nos livre, continuaremos a temê-Lo e amá-Lo”. Foi, com certeza, um grande testemunho para o rei, e continua sendo um grande testemunho também para nós!

A sua enfermidade, a sua doença, o seu sofrimento, permanecendo em Deus, você está O revelando, assim como o Cristo revelou na cruz.

Quando Jesus foi crucificado, quando Ele expirou, o soldado disse: “Verdadeiramente, este era o Filho de Deus”. No sofrimento, na dor, na morte, finalmente aquele soldado acreditou. Jesus revelou a imagem e a semelhança de Deus, do Pai.

Sejamos misericordiosos como o Pai

O que a sua vida tem revelado? Precisamos revelar a Deus porque o mundo está carente d’Ele. É claro que todos nós queremos saúde, uma segurança econômica, felicidade, mas o que nós precisamos realmente é de Deus.

Queremos muitas coisas, mas, antes de tudo, queiramos a Deus. Que através desse Santuário, você faça uma experiência com Deus, é com isso que precisamos nos responsabilizar!

Como se comportam os filhos de Deus? Comporte-se como filho de Deus, seja misericordioso, como o Pai é misericordioso. É fácil gravar: “Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso” (Lucas 6,36).

Transcrição e adaptação: Karina Silva

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