Assunção de Nossa Senhora
Muitos de nós, desde pequenos, ouvimos essa linda canção: “Com minha Mãe estarei na Santa glória um dia, junto a Virgem Maria, no céu triunfarei. No céu, no céu, com minha Mãe estarei”.
Os que têm fé em Deus e buscam viver uma vida santa podem confiar: a Virgem Maria nos aguarda no céu. Ela foi a primeira filha amada e predileta de Deus a ocupar o seu lugar no céu. Essa verdade é afirmada pelo Magistério da Igreja Católica Apostólica Romana através de um Dogma de fé: Assunção de Nossa Senhora.
A solenidade da Assunção da Virgem Maria é uma festa litúrgica celebrada no dia 15 de agosto desde o século V. Em Roma, a festa era celebrada desde meados do século VII, porém, foi no ano de 1950 que o Papa Pio XII proclamou o Dogma da Assunção de Maria. Assim, a Igreja professa esta verdade de fé: a bem-aventurada Virgem Maria foi elevada em corpo e alma ao céu.
Segundo o Catecismo da Igreja Católica, a Virgem Maria sempre esteve em profunda união da com seu Filho: “Esta união de Maria com seu Filho, na obra da salvação, manifesta-se desde a concepção virginal de Cristo até a hora da sua morte” (CIC 964). Após a morte de seu Filho, a bem-aventurada Virgem avançou, em sua peregrinação na terra, vai assistindo, com suas orações, a igreja nascente. E terminado o curso de sua vida terrestre, foi assunta ao céu em corpo e alma, e exaltada pelo Senhor como Rainha do universo. A Igreja confessa que “a Assunção da Virgem Maria é uma participação singular na Ressurreição de seu Filho e uma antecipação da ressurreição dos outros cristãos” (CIC 966).
Um privilégio de Maria
Visto que a morte e a corrupção do corpo humano são consequências do pecado, não era oportuno que a Virgem Maria, isenta do pecado, fosse implicada nesta lei humana. Com base nessa verdade de fé – da sua concepção imaculada –, a Igreja crê no mistério da sua “Dormição” ou “Assunção ao céu”. Isso é motivo de júbilo, alegria e esperança para a Igreja: Maria já está no céu! E se perseverarmos em Cristo até o último momento da nossa existência terrena, com ela estaremos um dia.
Pode-se, portanto, afirmar com a Igreja: o destino de Maria é também o nosso. Na ressurreição dos mortos, nosso corpo também será transfigurado como o dela. A respeito da ressurreição dos mortos, a Igreja declara: “Cremos firmemente, e assim esperamos, que, da mesma forma que Cristo ressuscitou verdadeiramente dos mortos e vive para sempre, assim também, depois da morte, os justos viverão para sempre com Cristo ressuscitado, e que Ele os ressuscitará no último dia” (CIC 988).
O apóstolo Paulo clarifica ainda mais a fé dos fiéis quando afirma: “Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vós, aquele que ressuscitou Cristo Jesus dentre os mortos dará vida também aos vossos corpos mortais, mediante o seu Espírito que habita em vós (Rm 8,11); “Como podem alguns dentre vós dizer que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa fé. Mas não! Cristo ressuscitou dos mortos, primícias dos que adormeceram (1 Cor 15,12-14.20). Isso significa que, após a morte, não haverá apenas a vida da alma imortal, mas que nossos corpos mortais readquirirão vida.
Testemunho dos santos padres
A respeito da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria, São João Damasceno distingue essa festa e, ao mesmo tempo, esse privilégio concedido à gloriosa Mãe de Deus: “Convinha que aquela que trouxe no seio o Criador encarnado habitasse entre os divinos tabernáculos. […] Convinha que aquela que viu o seu Filho na cruz, com o coração traspassado por uma espada de dor de que tinha sido imune no parto, contemplasse assentada à direita do Pai. Convinha que a Mãe de Deus possuísse o que era do Filho, e que fosse venerada por todas as criaturas como Mãe e Serva do mesmo Deus”.
Sobre esse Dogma, São Germano de Constantinopla afirma: “O vosso corpo virginal é totalmente santo, totalmente casto, totalmente domicílio de Deus de forma que até por este motivo foi isento de desfazer-se em pó; foi, sim, transformado, enquanto era humano, para viver a vida altíssima da incorruptibilidade; mas agora está vivo, gloriosíssimo, incólume e participante da vida perfeita“.
Enfim, convém refletir sobre as sábias palavras de São Francisco de Sales: “Não se pode duvidar que Jesus Cristo cumpriu do modo mais perfeito, o divino mandamento que obriga os filhos a honrar os pais. E a seguir faz esta pergunta: “Que filho haveria, que, se pudesse, não ressuscitava a sua mãe e não a levava para o céu?”
Os santos Padres afirmam que Jesus não quis que o corpo de Maria se corrompesse depois da morte, mas que sua carne virginal fosse preservada de toda “mancha ou ruga” (cf. Ef 5,27).
O Dogma da Assunção de Nossa Senhora é um verdadeiro tesouro, um caminho seguro de salvação. Com alegria, cantemos a Virgem Maria: “Com minha Mãe estarei na santa glória um dia. Junto a Virgem Maria, no céu triunfarei”.
Referências:
Bíblia CNBB
Catecismo da Igreja Católica
Constituição Apostólica do Papa Pio XII Munificentissimus Deus, 1950
Vaticano News
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