O DOMINGO

Guardar domingos e festas, a Eucaristia dominical como preceito

Origem do preceito

O terceiro mandamento – guardar domingos e dias de festa – tem sua origem na criação, quando Deus, após criar o universo e dar forma e vida à Terra, entrou no Seu descanso. Tudo acontece dentro de um tempo, talvez usando como referência as fases da lua, que têm duração de sete dias. No sétimo dia, Deus descansou de Sua obra. Não pense o caro leitor que Deus ficou cansado e precisou descansar; sabemos que Deus é Espírito Perfeitíssimo e não se cansa, como diz Jesus: ‘Meu Pai trabalha sempre e eu também trabalho’.

Como o sábado já era prática comum, o autor escreve a partir dessa experiência, descansar no sétimo dia. O homem precisa descansar após seis dias seguidos de trabalho, para repor suas forças e ter esse dia voltado para o Criador, entrando na alegria d’Ele após ter seu trabalho realizado. Todo trabalho feito por Deus na criação, ao terminar, vê-se esta expressão: ‘E Deus viu que tudo era bom e abençoou’. Essa fala quer dizer que Deus fez todas as coisas boas, pois todas têm sua origem e finalidade boa. Diante disso, podemos pensar que todo trabalho que realizamos é santificado quando o fazemos com boa vontade e cuja finalidade também é boa. Isso traz ao homem uma sensação realizadora, por isso o trabalho se torna santificado, ou seja, fazê-lo bem atinge sua finalidade e traz alegria ao coração do homem. Como é bom vivenciar isso! Aí entendemos o Criador, que, após criar tudo e ver que tudo era bom, pois foi criado para o bem e o bem leva à glória, entra em Seu repouso, ou seja, entra em Sua glória, vivencia a alegria de ter feito bem todas as coisas.

Guardar domingos e festas, a Eucaristia dominical como preceito

Créditos: urbazon / GettyImagens

O dia do Senhor

Com a vinda do Verbo feito carne, o preceito de guardar o sábado recebeu de Jesus um sentido original, que o tornou mais leve: ‘O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado’. Quer dizer: Deus o instituiu para que o homem participasse de sua alegria, não com o rigor da lei, mas com a liberdade de quem tem consciência e entende o que significa esse dia, vivendo-o com alegria e gratidão. Deus caminha junto ao homem, pois deseja estar em comunhão com ele.

Então, nós cristãos santificamos o dia do Senhor, que teve origem na morte e ressurreição de Jesus — o domingo, derivado da palavra ‘Dominus’, que significa Senhor. Quando dizemos ‘dia do Senhor’, estamos nos referindo ao dia de sua Ressurreição, no qual os cristãos se reuniam para celebrar a Ceia do Senhor com leituras dos textos sagrados, cânticos de Salmos e a comunhão do pão e do vinho. Assim como o dia do Senhor, os dias de festas solenes também devem ser guardados, pois remetem a acontecimentos da vida religiosa que a Igreja, ao longo do tempo, definiu como dias santos, por isso devemos guardá-los.

Veja, irmãos, não mudamos o dia do Senhor, mas o Senhor estabeleceu o Seu dia, o dia de descanso, pois entrou em Sua glória. Nós aguardamos Sua vinda e, enquanto isso, vamos sendo aperfeiçoados no ensinamento do Senhor e crescendo na comunhão eucarística de Seu corpo e sangue. Portanto, guardar os domingos e dias santos consiste em vivermos em comunhão com o Senhor, participando da Santa Missa e comungando de Seu corpo e sangue.

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A celebração da Eucaristia 

Na celebração da Eucaristia, pedimos perdão de nossos pecados, glorificamos a Santíssima Trindade, ouvimos a Palavra de Deus, cantamos Salmos, professamos nossa fé, oferecemos o pão e o vinho, frutos da terra e do trabalho humano, que se tornarão o corpo e o sangue do Senhor, intercedemos pela Igreja e pelos falecidos, e oferecemos ao Pai o corpo e o sangue de Jesus, recebendo-os em comunhão, unindo nossa vida a Jesus.

Assim, santificamos o dia do Senhor deixando nossos afazeres para nos dedicarmos à Ação de Graças a Deus, participando da Santa Missa com todo o coração e entendendo que, assim como Deus fez bem todas as coisas e as abençoou, aprendemos com Ele a fazer bem nosso trabalho para torná-lo uma Ação de Graças a Deus e realização nossa.

Concluo este artigo dizendo: Nós católicos devemos mergulhar, cada dia mais, no conhecimento e vivência do mistério que celebramos. Portanto, abramos nosso coração ao Espírito Santo e não tenhamos medo de pedir a Jesus que nos dê um coração semelhante ao d’Ele, para que assim estejamos em contínua comunhão com o Pai.

Grande abraço e minha bênção a todos!

Padre João Gualberto Ribeiro da Silva
Reitor do Santuário do Pai das Misericórdias

 

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