A ORDEM CARMELITA
No dia 13 de julho, a Igreja celebra a memória facultativa de Nossa Senhora do Carmo. A Ordem dos carmelitas, uma das mais antigas da Igreja, considera o profeta Elias, que viveu na Samaria no século VIII a.C., como o seu patriarca, o que tem um grande amor.
A espiritualidade carmelita teve muita influência na vida da Igreja, especialmente na devoção à Virgem Maria, na oração e na contemplação. Um traço inconfundível dos místicos carmelitas é a devoção a Virgem Maria. Desde a fundação da Ordem do Carmo, que remonta ao século XI, quando vários cristãos leigos se decidiram a viver como eremitas no Monte Carmelo, é grande a sua devoção a Nossa Senhora. Esses religiosos se reuniam, todos os dias, de acordo com a regra elaborada pelo bispo de Jerusalém, e rezavam a Santa Missa em uma capela dedicada a Virgem.
Nossa Senhora é honrada como a Bem-aventurada Virgem do Carmo. “O Carmo – disse o cardeal Piazza, carmelita – existe para Maria e Maria é tudo para o Carmelo, na sua origem e na sua história, na sua vida de lutas e de triunfos, na sua vida interior e espiritual.”
Os monges carmelitas foram expulsos do mosteiro do Carmo na Terra Santa pelos muçulmanos sarracenos no século XIII, e foram para o Ocidente onde fundaram vários mosteiros e puderam experimentar a proteção de Nossa Senhora.
Houve um acontecimento muito importante para os monges: Eles suplicavam humildemente a Nossa Senhora que os livrasse das tentações do diabo. São Simão Stock, um deles, enquanto rezava, teve a aparição de Nossa Senhora com uma multidão de anjos, segurando nas mãos o Escapulário da Ordem e lhe disse: “Eis o privilégio que dou a ti e a todos os filhos do Carmelo: todo o que for revestido deste hábito será salvo.”
“Colocar em primeiro lugar, entre as devoções marianas, o Escapulário”
Muitos Papas têm recomendado o uso do Escapulário. Numa bula de 11 de fevereiro de 1950, Pio XII convidava a “colocar em primeiro lugar, entre as devoções marianas, o Escapulário”. Ele é um sacramental considerado como uma veste mariana, que dá a proteção de Nossa Senhora do Carmo aos que o usam com devoção. Esta se espalhou imensamente pelo mundo cristão tendo em vista os muitos milagres e graças que as pessoas conseguiram com o uso e a devoção a Nossa Senhora do Carmo.
A espiritualidade carmelita é baseada no recolhimento interior, bastante voltada para uma vida contemplativa numa perseverante e pacífica busca do desprendimento de tudo que separa a alma da oração e do amor de Deus.
Nesta espiritualidade, busca-se sofrer tudo por Cristo com alegria, certos de que receberemos a recompensa infinita no Paraíso. Uma vida mortificada não é encarada como uma vida de tristeza, mas como a luta necessária para a a santidade.
Esta espiritualidade deu muitos santos e santas para a Igreja, como Santa Teresa de Ávila, Santa Teresinha, Santa Teresa dos Andes, Santa Elizabeth da Trindade, São João da Cruz etc.
No Carmelo, cultiva-se a intimidade com Deus na contemplação por meio da oração, que dá vida ao carmelita. O Papa Leão XIII disse: “Sem a oração nada é o Carmelo”. No Carmelo, cultiva-se também a fraternidade, uma fraternidade gerada na oração, o que se experimenta nas experiências diárias e que os leva a encontrar Deus especialmente nos irmãos.
As Constituições carmelitas dizem: “Como fraternidade contemplativa, buscamos o rosto de Deus e servimos a Igreja no coração do mundo ou, eventualmente, na solidão eremítica”. “Viver no obséquio de Cristo e a Ele servir com coração puro e em boa consciência”. “Permaneça cada um na sua cela ou nas vizinhanças da mesma, meditando, dia e noite, a Lei do Senhor e vigiando na oração, a menos que esteja ocupado em outra justa ocupação”.
A espiritualidade da nova geração de carmelitas na Europa, hoje, busca um equilíbrio entre contemplação e ação, o antigo eixo da espiritualidade carmelitana. O silêncio e a solidão são as notas características do Carmelo.. A Regra do Carmelo diz: “No silêncio e na esperança está vossa fortaleza”.
A meta do carmelita é “subida do Monte Carmelo”, descrita por São João da Cruz, onde no cimo se realiza o encontro transformante com Deus. E isto fez muito bem à Igreja.
A herança da espiritualidade carmelita sempre foi muito preciosa para a Igreja, sobretudo hoje neste mundo de muito barulho, alienação da vida espiritual e, por conta disso, muito sofrimento. Queira Deus que muitos jovens sejam chamados a esta vida de oração e contemplação, fazendo descer dos Carmelos a água pura que faz crescer a semente do Evangelho plantada pela Igreja em toda a terra.