O martírio é uma graça especial que Deus concede
O martírio é uma graça especial que Deus concede a alguns cristãos que estão preparados para enfrentar a morte desta forma, mas o cristão não deve procurar o martírio, provocando os inimigos da fé.
Para que haja martírio reconhecido, de fato, pela Igreja, é necessário que o cristão morra livremente, isto é, aceite conscientemente morrer por causa da sua fé. A aceitação da morte pode ser explícita, como no caso em que o perseguidor escolhe não renegar a fé, ou pode ser implícita, quando a pessoa sabe que a sua posição pode levá-la à morte.
Foto: Site holyart – santos martires
O verdadeiro amor tem que remover com firmeza tudo que se opõe à verdade e se defende bravamente
O Concilio do Vaticano II afirma: “Desde o início, alguns cristãos foram chamados – e alguns sempre serão chamados – para dar o supremo testemunho de seu amor diante de todos os homens, mas de modo especial perante os perseguidores. O martírio, por conseguinte – pelo qual o discípulo se assemelha ao Mestre, que aceita livremente a morte pela salvação do mundo, e se conforma a Ele na efusão do sangue –, é estimado pela Igreja com exímio dom e suprema prova de caridade. Se a poucos é dado, todos, porém, devem estar prontos a confessar Cristo perante os homens, segui-lo no caminho da cruz entre perseguições, que nunca faltam à Igreja” (Lumen Gentium, nº 42).
Os movimentos sociais têm inventado falsos mártires no Brasil, sem que estes tenham sido reconhecidos como mártires pela Igreja. É um abuso. Para que a Igreja declare oficialmente que alguém é mártir da fé, são efetuadas pesquisas a respeito e devem ser comprovadas as graças ou milagres obtidos por intercessão desse cristão. O processo é iniciado na diocese da vítima ou na qual ela foi morta; depois, continua em Roma, na Congregação para as Causas dos Santos. O martírio pela fé já supõe a santidade do indivíduo, e o processo para a canonização é mais rápido e não tem muitas exigências.
Nos últimos anos, especialmente no Oriente Médio, os cristãos estão sendo cada vez mais ameaçados e mortos, muitos hoje na Nigéria. Assim como aconteceu aos primeiros cristãos, milhões de pessoas são torturadas e assassinadas por professar a fé.
São João Paulo II afirmou que estamos tendo mais mártires hoje do que no início do Cristianismo. Poderíamos aqui escrever muitas páginas para relatar a multidão de mártires que preferiram a morte do que negar a doutrina católica.
No Jubileu do Ano 2000, o Papa São João Paulo II celebrou os mártires do século XX, vítimas do comunismo, nazismo, das etnias africanas etc.; a investigação chegou a 12.782 mártires assim distribuídos: Europa (8760), Ásia (1.706), URSS (1.111), África (746), Américas (333), Oceania (126); sendo: leigos (2441), clero diocesano (5.343), religiosos (4.872), bispos (126). Eles deram a vida pela verdade de Cristo.
Cristo, dando à Igreja esta coragem e tenacidade, quis confirmar a verdade dos Seus ensinamentos. Essa santa intolerância não é subjetiva e ilusória; é autêntico sinal da verdade. Todo amor verdadeiro é intolerante, e tanto mais quanto mais frágil é o seu objeto.
O verdadeiro amor tem que remover com firmeza tudo que se opõe à verdade, e se defende bravamente. Um amor neutro ou indiferente é contraditório e relaxado. Santo Atanásio (†373), o primeiro santo doutor, disse: “Se o mundo estiver contra a verdade, Atanásio estará contra o mundo”.
O Padre da Igreja Tertuliano (†220), escrevendo a sua Apologética ao imperador romano Marco Aurélio, disse-lhe que “o sangue dos mártires é semente de novos cristãos”. Na verdade, onde a semente do Evangelho foi lançada na terra, em todo o mundo, teve de ser regada com o sangue dos mártires para brotar. Onde acontecem os martírios, o Evangelho se propaga com muita força, como vemos hoje, especialmente na África e na Ásia.